domingo, 22 de agosto de 2010

Faces da Verdade (2008)

O diretor, roteirista e produtor Rod Lurie gosta de política. Dirigiu sete dos 18 episódios de Commander-in-Chief, série feita para a TV entre 2005 e 2006, em que a vice-presidente dos Estados Unidos, interpretada por Geena Davis, assume a presidência com a morte do titular.

Dirigiu também, em 2000, "A Conspiração/The Contender" , outro excelente filme político. Agora, assiti a este excelente “Faces da Verdade”, que discute política, valores morais e familiares, ética da justiça, liberdade de imprensa e dos graves perigos de um Poder Executivo forte demais - temas sérios, importantes, pesados, densos – em uma belíssima história, com um ritmo que parece de um thriller.

O filme pode ser visto até como uma critica ao governo Bush, tanto que quando foi lançado, nos dois últimos anos do mandato do mesmo, pairavam sobre o governo várias acusações sobre provas forjadas para, por exemplo, realizar a invasão no Iraque. Um documento governamental afirmou que o país de Saddam Hussein escondia “armas de destruição em massa”, nunca descobertas.

Faces da Verdade” que passou em branco em nossos cinemas e foi direto para o DVD merece ser descoberto. Num dos momentos de clímax do filme o advogado vivido pelo veterano Alan Alda pergunta “Qual a natureza de um governo que não tem medo de não ter de prestar contas?”. A indagação resume muito bem as intenções deste thriller político que se diz baseado em fatos reais (Iraque?) para questionar o abuso de poder do governo norte-americano, usando sempre como desculpa a defesa da “segurança nacional”.

A história é montada em cima de uma situação semelhante, após o presidente ser alvo de um atentado e culparem a Venezuela (não por acaso, um dos inimigos declarados dos Estados Unidos), o que provoca um ataque a este país sul-americano. A jornalista Rachel Armstrong (Kate Beckinsale, de “Terror na Antártida”) provará o contrário, apropriando-se de um relatório da agente da CIA (a sempre ótima Vera Farmiga de "Amor Sem Escalas") que teria isentado o país sul-americano.

Armstrong é uma repórter politica e “faminta” por histórias de grande repercussão. Em sua ansia acaba revelando a identidade da agente que trabalha encoberta. Os louros colhidos pelo furo jornalístico, que, em outros tempos, tomariam a proporção de um Watergate, são menores do que a dor de cabeça provocada pela implacável perseguição do governo para descobrir como ocorreu o vazamento da informação, comandada pelo juiz especial interpretado por Matt Dillon (o qual não gosto como ator) que esta muito bem no papel de um “pau-mandado” perverso e cínico.

O filme desconstrói a figura romântica do jornalista, como outrora visto em filmes como “ Todos os Homens do Presidente” e mostra uma nova realidade causada pelo 11 de setembro em que “a imprensa deixou de ser o cavaleiro branco para ser o dragão que todos odeiam”, como é citado a certa altura do filme.

O chamado quarto poder desaparece em meio às articulações de um governo de feições totalitárias para obrigar Rachel a revelar a sua fonte. Ela perde quase tudo, da família à liberdade, ao ser presa em função de seus princípios éticos.

Faces da Verdade” é estruturado em longas cenas com muitos diálogos. Apesar de abundantes, não cansam por conta do excelente trabalho de um elenco notável e do bom ritmo de suspense empregado pelo diretor Rod Lurie, que não deixa a peteca cair, transformando o filme num dos melhores trabalhos políticos da década.

Um filme inesquecivel. Virei fã de Rod Lurie e vou esperar pelo seu próximo trabalho com o titulo inglês "Straw Dogs" que esta em fase de pós-produção.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário