sábado, 20 de abril de 2013

Um ser humano admirável

Não é apenas a paixão ilimitada pelo cinema que faz Herbert Holetz ser admirável. Apesar do vasto conhecimento nesse mundo da ilusão, não gosta de holofotes e insiste em dizer que sabe pouco. Prefere o anonimato e esforça-se por passar despercebido. Mas este homem esguio de cabelos brancos, que desfila pela Rua XV de Novembro sempre impecavelmente vestido com calças de prega e camisa social, não consegue esconder a popularidade no vai e vem em busca de novos filmes ou cartazes para o acervo. Recebe manifestações de carinho e afeto por onde passa. Sempre solícito, não nega o empréstimo de materiais raros da coleção, para quem o pedir – para o desespero da historiadora responsável pelo Arquivo Histórico de Blumenau, Sueli Petry, que defende um controle mais rígido da coleção.

O motivo das conversas com ele sempre é o mesmo. Respira cinema por todos os poros e tem na arte o oxigênio da própria vida. Nos nossos encontros, Holetz repete uma frase com frequência: “quero ter um milhão de amigos”. Desde que o conheci, numa sessão de cinema do Programa Cine Arte, da Fundação Cultural de Blumenau, em 2004, tive a certeza de estar diante de uma rara pessoa, cujo amor pelo que faz, a torna difícil de ser compreendida aos olhos da multidão. Deixa uma lição de amor e entusiasmo de quem nunca desistiu da paixão que o faz se sentir vivo.

O poder público pode investir mais do que faz para manter uma programação rica e diferenciada fora dos grandes complexos de cinema, em Blumenau. Não dá lucro, não leva multidões, mas é necessário manter uma programação alternativa, com filmes que fogem do apelo comercial. Holetz prova que coordenar um cinema hoje, fora do circuito das grandes redes, é coisa para quem é realmente fascinado pela atividade e não se rende diante das dificuldades.

Holetz entende que o cinema não é apenas entretenimento. Na sala reservada à coleção particular, que mantém na casa onde mora, no Bairro Ribeirão Fresco, uma frase resume o pensamento que cultiva: “Cinema... o instrumento de expressão e de cultura mais perfeito de todos os tempos”. Quem conhece sua trajetória, sabe que o cinema para Holetz é uma forma de libertação. Quando tinha cinco anos, foi vítima de malária. A mãe, que já tinha perdido o primogênito, Alfredo, num acidente doméstico, superprotegeu Holetz. Isso fez com que tivesse uma infância diferente dos colegas, passando a maior parte dela em casa, aos cuidados excessivos da matriarca.

Talvez seja difícil para aqueles que não o conhecem compreender os motivos que fizeram Holetz dedicar a própria vida ao cinema. No Cinema Paradiso, o projecionista Alfredo compara o trabalho a uma escravidão. “Você fica sozinho, vê 100 vezes o mesmo filme. Só faz isso. Conversa com Garbo e Tyrone Power como louco. Trabalha como um jegue”. Holetz perdeu a conta dos feriados que passou no Cine Busch nos mais de 40 anos de trabalho. Mas, como Alfredo, a recompensa da dedicação era a alegria de ver a plateia se divertir com a exibição. Fazê-la esquecer por alguns minutos das desgraças e tragédias da vida.

A exemplo de um filme, a trajetória do cinéfilo teve momentos de ascensão e calmaria. A homenagem que recebe do Festival de Cinema de Blumenau contribui para o reconhecimento da luta que trava em defesa da preservação do patrimônio cultural. “Seo Holetz do Cinema” como passou a ser chamado, não se deixa abalar pelas amarguras da vida ou pela falta de apoio. Viu o próprio sonho desabar quando o Cine Busch fechou e lutou para evitar isso com todas as forças que pôde. Mas a maneira como resistiu às intempéries e perseguiu o sentido que deu para vida faz dele um obstinado, como Alfredo.




Fonte:http://www.clicrbs.com.br/jsc/sc/impressa/4,1124,3735349,19455

Autora: Magali Moser

Uma Breve História do Cinema Parte I


Ano 1896 em frente ao Grand Café, situado no Boulevard des Capucines na cidade Luz – Paris. Ali se ouvia o seguinte chamado:

- Entrem senhoras e senhores! Venham ver a maravilhosa invenção dos Irmãos Lumière.

- Um franco, apenas! Entrem, entrem! Vejam o espetáculo único em todo o mundo – insistia um homem com uma bengala apontando para um letreiro onde se lia Cinématographe Lumière, instalado em cima do Grand Café.

Para iniciar o espetáculo, apagam-se as luzes da sala, e do misterioso aparelho que lembra uma Lanterna Mágica, uma luz começa a exibir imagens sobre um pano branco. E para espanto da audiência as imagens ali projetadas se movem como na vida real. Eles estão assistindo La Sortie de l'usine Lumière à Lyon (A Saída da Fábrica Lumière em Lyon). Logo depois um trem - L'Arrivée d'un train en gare de la Ciotat (Chegada de um Comboio à Estação da Ciotat) aproxima-se como se fosse atingir a plateia, que entra em pânico.Mulheres gritam; homens se atiram para o lado para não serem atigidos pelo trem – ali naquele berço nascia esta maravilha chamada cinema – “A Sétima Arte”.

Louis e Auguste eram filhos e colaboradores do industrial Antoine Lumière, fotógrafo e fabricante de películas fotográficas, proprietário da Fábrica Lumière (Usine Lumière), instalada na cidade francesa de Lyon. Tudo começou quando os irmãos tiveram a ideia de projetar as fotografias de forma animada para uma plateia. Auguste previu antes de Louis tinham em mãos uma oportunidade fantástica com a projeção das imagens. A grande dificuldade era como fazer as imagens correm no aparelho. A solução foi encontrada por Louis em uma noite insone, inspirado pelo dispositivo de encadeamento da maquina de costura. Como Auguste ocupava-se da gerência da fábrica, fundada pelo pai, deixou as pesquisas a cargo do irmão bem como a construção do primeiro aparelho. Louis imaginou a passagem do filme de uma bobina alimentadora para outra receptadora, conduzida por unhas que penetravam sucessivamente nos orifícios que ladeavam o filme. Nascia assim o primeiro projetor cinematográfico.

Os Filmes dos Lumiére - www.youtube.com/watch?v=4nj0vEO4Q6s

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Festival Internacional de Cinema de Balneário Camboriú - Cinerama.BC


O Cinerama.BC, Festival Internacional de Cinema de Balneário Camboriú, anunciou oficialmente os homenageados desta terceira edição. Entre os quatro nomes lembrados, um blumenauense. O cinéfilo, defensor do patrimônio cinematográfico regional e memória viva da sétima arte Herbert Holetz divide a homenagem com a produtora Sara Silveira, o professor e especialista em semiótica Lucio Braga e a atriz Bianca Byington. O festival ocorre a partir do dia 30. 

Saiba mais em www.cineramabc.com.br.