domingo, 13 de outubro de 2013

O espadachim Flynn

Embora tenha estrelado faroestes de porte, Errol Flynn (1909-1959) notabilizou-se como ator em filmes de capa e espada. O genial cineasta húngaro Michael Curtiz (1888-1962), um dos grandes técnicos do cinema de ação e aventura é o responsável direto pelo surgimento do mito Errol Flynn. Mais que um artesão competente, Curtiz foi o cineasta responsável pelo estupendo Casablanca. Nos quatro filmes deste mês, todos dirigidos por ele, o irlandês Errol Flynn tem a companhia de Olívia de Havilland (de... E o vento levou) nos três primeiros.

Capitão Blood (1935), dia 7 – O médico inglês Peter Blood indispõe-se com o rei Jaime II, e é injustamente condenado por traição à coroa britânica. Vendido como escravo, vai trabalhar na Jamaica, onde lidera uma rebelião e se torna pirata no mar do Caribe. Luta contra os invasores espanhóis. Flynn repete o papel de corsário em outro clássico do gênero, O gavião do mar, que será exibido dia 28.

A Carga da Brigada Ligeira (1936), dia 14 – Durante a guerra da Crimeia, um oficial do Exército britânico, o conde de Cardigan, que tinha velhas contas a acertar com o potentado turco, resolve adotar uma estratégia arriscada e deflagra um ataque contra as posições russas, em 1854. O filme tem muita ação e uma produção muito bem cuidada. Passou à história do cinema por ter sido um dos primeiros em que o ótimo ator escocês David Niven (A volta ao mundo em 80 dias) aparece em um papel significativo.

A Estrada de Santa Fé (1940), dia 21 – As aventuras que cercaram a construção da grande ferrovia de Santa Fé. Algumas cenas de ação e os atores (incluindo o futuro presidente Ronald Reagan) são o que há de melhor nesse filme. Faroeste a ser direcionado não só para os amantes do gênero, mas aos fãs da aventura de qualidade, sobretudo quando ela tem a participação de um trio de sucesso – o diretor Curtiz e o casal Errol Flynn e Olívia de Havilland – que realizaram clássicos como As aventuras de Robin Hood.


O Gavião do Mar (1940), dia 28 – Versão do clássico capa e espada baseado em livros de Rafael Sabatini (já filmado em 1924) e em que a Warner Bros repetiu a fórmula de Capitão Blood. O Capitão Geoffrey Thorp, no comando da galera inglesa Albatross, combate os espanhóis a serviço da Rainha Elizabeth e vive romance com Dona Maria (Brenda Marshall), filha do embaixador espanhol Don José Alvarez de Cordoba (vivido por Claude Rains, o inescrupuloso chefe de polícia em Casablanca). Eletrizantes cenas de batalha naval. Todos os filmes foram rodados em preto-e-branco.

Pioneiros do cinema catarinense II


Alfredo Baumgarten nasceu em Blumenau a 06 de junho de 1883. Filho de Hermann Baumgarten, vindo da Alemanha, foi o fundador do primeiro jornal da cidade, o “Blumenauer Zeitung” (que iniciou a ser publicado em 1881), na língua alemã. Hermann Baumgarten tinha como grande amigo o Visconde de Taunay, que foi escolhido para ser padrinho de Alfredo.

Como primogênito da Família Baumgarten, Alfredo foi preparado para seguir a profissão do pai, tipógrafo e jornalista. Assim em 1901, Alfredo parte para a Alemanha, a fim de estudar no Liceu de Artes Gráficas de Leipzig, onde permaneceu até 1906. Lá teve seu contato com a fotografia, na qual acabou se especializando, dando início à carreira profissional. Voltou para Blumenau em 1908 e como o fotógrafo da cidade, não havia acontecimento sem a sua presença. Em 1908, Alfredo perde o pai, Hermann Baumgarten. Com a morte do pai, Alfredo viu-se obrigado a assumir o cargo de editor-chefe do “Blumenauer Zeitung” até seu fechamento em 1938, quando o jornal foi fechado em função da 2ª Guerra Mundial, que provocou hostilidades e perseguição aos alemães que viviam no Brasil.

Alfredo foi membro ativo da Ação Integralista Brasileira, partido pelo qual foi eleito vereador em 1934. Baumgartem teve alguns desacordos com pessoas da comunidade, sendo preso em duas ocasiões. Uma em 1920, por não revelar o autor de inflamado artigo em defesa dos padres franciscanos publicados em seu jornal. A segunda prisão ocorreu em função de sua participação na tentativa da tomada de poder pelos integralistas em 1938.

Abaixo um pedido de desculpas em função de uma publicação no Blumenauer Zeitung:

“Chamada Alfredo Baumgarten, em declaração a população
Descrição O Blumenauer Zeitung, de 25 de outubro, publica a seguinte declaração: “Eu, Alfredo Baumgarten, diretor do Jornal “Blumenauer Zeitung”, declaro de minha livre e espontânea vontade, que são absolutamente destituídas de fundamento as acusações feitas em o meu jornal contra o Dr. Luiz de Freitas Melro, delegado da 3ª Região Policial, especialmente ao que se refere aos seus atos de autoridade. Declaro mais que essas acusações não foram de minha autoria, tendo eu nelas consentido em virtude de me achar iludido por elementos outros que, ilaqueando a minha boa fé, pretendiam fazer-me de vil instrumento para vinganças mesquinhas, bem como para consecução de fins subalternos e de baixa política, No que se refere também à expulsão dos anarquistas Koch e Sterneck, me acho plenamente convencido de que são absolutamente aleivosas as imputações feitas ao Sr. Dr. Luiz de Freitas Melro, como autoridade policial, certo como estou de que seus atos foram praticados com o máximo escrúpulo e ditados pelos mais sãos princípios de moralidade. Nestas condições não hesito em trazer de público a minha retratação e o meu protesto contra aqueles que, pretextando falsa amizade, colocaram-me na contingência de confessar em público a minha leviandade na direção de um órgão da imprensa desta cidade. Blumenau, 20 de outubro de 1920, Alfredo Baumgarten, (Firma reconhecida no tabelião interino, Otto Abry)”.

Na descrição do historiador Zeca Pires – “ Foi com seu olhar sensível e seu espírito perfeccionista que Alfredo Baumgarten registrou, através de uma câmera, fosse ela de cinema ou fotográfica, a cidade de Blumenau e seus arredores, sua população e seus personagens, deixando efetivamente, nesta área, sua grande obra “

Assim como Julianelli, Baumgarten registrava o dia-a-dia da cidade , registrou arredores de Blumenau, sua população, seus personagens, deixando uma grande obra, seja através da fotografia ou cinema. Parte do seu acervo que remontam 40 anos, foi perdida devido à má conservação e das grandes enchentes que abalaram Blumenau ao longo dos anos. Existem poucos registros cinematográficos do autor. Zeca Pires relata que algumas fontes pesquisadas sobre Baumgarten dão como início da sua atividade o ano de 1932, porém, foram encontrados quatro filmes revelando registros anteriores que são: Inauguração de ́uma ponte em cimento armado em Indayal (1926), Enchente em Blumenau, novembro de 1927, O Rei da Saxônia em Blumenau, junho de 1928 e Imponentes Comemorações do Centenário da Colonização Alemã em São Pedro de Alcântara no dia 15 de novembro de 1929. 

Alfredo aposentou-se em 1943 e faleceu de morte natural aos 84 anos de idade no dia 17 de novembro de 1967.