quarta-feira, 19 de junho de 2013

Dia do Cinema Brasileiro 19/06

No Dia do Cinema Brasileiro, não há como deixar de citar o cinéfilo regional Herbert Holetz. O blumenauense descobriu sua paixão ainda criança, quando a mãe o levava junto dos irmãos às sessões de "O Gordo e o Magro", "Tarzan" e aos desenhos animados de Walt Disney. Lá, deleitava-se com o momento conforme as cortinas vermelhas abriam-se: era o mundo mágico da fotografia diante dos olhos.

Já na adolescência conheceu Reynaldo Olegário, gerente do Cine Garcia, que lhe ensinou os segredos da sétima arte. Quando a família de Holetz saiu do bairro Garcia para morar na região central de Blumenau, ele viu a oportunidade de ir ao cinema com mais frequência. Planejou um modo de conseguir assistir aos filmes sem precisar pagar: na época havia a "sessão de elite" no Cine Busch, que enumerava as cadeiras no último horário de exibição. Assim, o pequeno Herbert auxiliava o público para situá-los em seus lugares dentro da sala e, em troca, assistia ao longa-metragem.

Essa paixão refletiu-se na vida profissional; e de lanterninha passou à gerência do Cine Busch. Depois de trabalhar 40 anos no cinema, o estabelecimento acabou fechando e o cinéfilo se viu obrigado a deixar o lugar. Não conseguindo abandonar seu fascínio, contribuiu de várias maneiras com a Fundação Cultural de Blumenau, com a doação de filmes em películas, cartazes, filmadoras e projetores. Para organizá-los, ele trabalhou voluntariamente no arquivo histórico durante sete anos, até que passou a ser contratado para iniciar o Cine Arte na Fundação.

Embora Holetz não esteja mais exercendo atividades conosco, não deixamos essa paixão de lado. O Cine Arte completa em 2013 dez anos de existência, mantendo a programação idealizada por Herbert Holetz. Atualmente, o Cine Arte acontece todas as segundas-feiras às 19h30 no Cine Teatro Edith Gaertner. A exibição é separada por temas que variam do faroeste ao cinema brasileiro.

Não há data melhor para lembrar o querido senhor Holetz do que no Dia do Cinema, cuja vida é permeada pelas histórias da grande tela e, por meio delas, nos ensina a apreciar e respeitar a sétima arte. Nossos agradecimentos públicos a este homem que coloca generosidade e gentileza em cada pequeno gesto, que contribui para encher o mundo com mais emoção, que deixou sua marca na história de Blumenau compartilhando seu patrimônio mais precioso: a cultura.

Sylvio Zimmermann Neto
Presidente da Fundação Cultural de Blumenau

Materia publicada em :http://www.facebook.com/notes/fundação-cultural-de-blumenau/memória-digital-o-cinéfilo-generoso-uma-homenagem-a-herbert-holetz-no-dia-do-cin/473453496081548

domingo, 2 de junho de 2013

Clássicos do faroeste

 Coluna Prosa e Verso para o dia 1 de junho

Autoria: Gervásio Tessaleno Luz

Neste mês, o melhor do bangue-bangue norte-americano (não esquecer que os italianos se utilizaram do gênero, fazendo o faroeste al sugo, ou seja, espaguete) vai ser exibido no Cinearte da Fundação Cultural de Blumenau. São quatro os filmes:

Matar ou Morrer (1952), dia 3 – Na hora de seu casamento, xerife recebe notícia de que um bandido que mandou para a cadeia (e que jurou matá-lo) saiu da prisão e deve chegar no trem do meio-dia. Faroeste antológico, feito em tempo real: sua duração corresponde ao tempo efetivo em que a ação se desenrola. Por isso, o filme mostra vários relógios, intensificando o suspense à medida que os ponteiros avançam para o meio-dia. Oscar de ator para Gary Cooper. No elenco, Grace Kelly e Lee Van Cleef. No Brasil, fez-se uma paródia - Matar ou correr, com Oscarito e Grande Otelo, de matar de rir. Em preto-e-branco. Os demais são coloridos.

Os imperdoáveis (1992), dia 10 – Matador viúvo e aposentado volta à ativa quando é contratado para descobrir o paradeiro do homem que retalhou rosto de prostituta. Este faroeste intimista, grande vencedor do Oscar de 93 (levou as estatuetas de melhor filme, direção, ator coadjuvante, Gene Hackman, e montagem, recolocou o veterano Clint Eastwood (que atuou e dirigiu) no topo da parada. Sua visão do Velho Oeste é amarga, e a fotografia escura transmite desolação, o que é acentuado por cenas em meio a tempestades. No elenco, os excelentes Morgan Freeman e Richard Harris.

Butch Cassidy (1969), dia 17 – Um ex-açougueiro (daí o apelido Butch) e um hábil pistoleiro vivem de assaltar trens e bancos impunemente, até se tornarem caçados em todo o território americano. Reunião muito bem-sucedida de vários talentos: a dupla central (Paul Newman e Robert Redford) e o diretor George Roy Hill (o trio repetiria a dose com Golpe de mestre, 1973). Não há como esquecer Butch Cassidy experimentando uma bicicleta, a novidade tecnológica da época.

Duelo ao sol (1946), dia 24 – No Velho Oeste, amor de bela mulher (Jennifer Jones) é disputado por dois irmãos (Gregory Peck e Joseph Cotten). Faroeste com cores quentes e toques melodramáticos, produzido por David O. Selznick para o estrelato da sua mulher, Jones. Ela está ótima como a sensual Pearl Chavez, uma mestiça que acirra a rivalidade de dois irmãos de índoles diferentes.. Há boa dose de erotismo, fato raro no gênero western, e um duelo final empolgante.

Revendo O Destino Bate à Sua Porta (1946) - Blu-ray

Quando foi publicado em 1934, o livro de James Cain chocou tanto o público americano que foi condenado por imoralidade e proibido de circular em Boston.O filme teve duas adaptações para o cinema, a primeira em 1946 com Lana Turner, mais lida do que nunca, e em 1981, uma refilmagem com Jack Nicholson e Jessica Lange, os dois filmes tiveram interpretações magistrais, mas a de 1946 ainda na aponião deste humilde cinéfilo é melhor. Na verdade, neste romance noir a violência e o erotismo estão organizados de uma tal maneira que dificilmente perderão força. Um texto seco, uma trama cerrada e caracterização impecável dos personagens são as grandes virtudes deste clássico.

O filme inicia com um andarilho Frank Chambers (John Garfield) caminhando a beira da estrada pedindo carona, seu desejo é atendido quando um velinho boa gente (Cecil Kellaway) lhe oferece ajuda. Ao chegarem ao restaurante de estrada do Sr. Smith vemos uma placa do lado de fora que diz "Procura-se Homem" - frase já deixa uma dualidade no ar que pode ter mais de um significado. Frank Chambers sabe e percebe isso no momento em que conhece Cora, a jovem noiva do proprietário do restaurante, que casou com o mesmo por pura ambição.

A cena onde Frank conhece Cora é simplesmente fantástica “onde um batom vem rolando e a câmera faz o caminho contrario até enquadrar as pernas de Cora. Neste momento vemos Frank literalmente perder o fôlego e a câmera volta a enquadrar Cora de corpo inteiro.

Esse requintado clássico do film-noir combina o brilho dos estúdios com a fixação de Cain por atrações assassinas. John Garfield e Lana Turner mostram performances marcantes como Frank e Cora, amantes que arruínam a primeira tentativa de assassinar o marido de Cora, traem-se mutuamente no julgamento e, ainda assim, acabam se dando bem. Mas, esse conto volátil não acaba por aqui. Como o título do filme indica, o destino com certeza baterá novamente.

Lana passa o filme inteiro com um figurino branco e glamourizado pela iluminação.


Sobre o BD
Com uma imagem fantástica belissimamente restaurada, o filme contem ainda uma serie de extras:
- Introdução de Richard Jewel;
- Lana Turner... A Memória de uma Filha;
- A História de John Garfield
- E mais...

Trailer : http://www.youtube.com/watch?v=Mi4UaQWN_H8&feature=related

Segue abaixo linka da Livraria Catarinense onde comprei o mesmo:




sábado, 1 de junho de 2013

AMOR (2012)

Amor, para mim foi um dos melhores filmes que assisti no  ano, com uma mensagem maravilhosa e realista ao mesmo tempo. Maravilhosa, pois trata do amor de duas pessoas, suas lembranças, seus sacrifícios e por fim o companheirismo ao final da vida. Realista pois retrada as dificuldades que advém com a velhice, as doenças, a impotência perante o final.

O filme retrata a historia de Georges (Jean-Louis Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva), só este dois ícones do cinema Frances já valem o filme. Eles vivem um casal de aposentados, que costumava dar aulas de música. Eles têm uma filha musicista que vive com a família em um país estrangeiro. Certo dia, Anne sofre um derrame e fica com um lado do corpo paralisado, e assim  inicia a via crúcis do casal ou o início da grande prova de amor entre eles. 

Mas a maior surpresa é descobrir que o diretor do mesmo é Michael Haneke  que é conhecido pela crueza de seus filmes – não apenas pelo estilo direto das histórias, mas também pelo incômodo que por vezes causa no espectador. Para mim imaginar  Haneke fazer um filme de amor foi de total espanto, afinal de contas um romance tradicional está bem longe do perfil do cinema do diretor. Entretanto, ao assistir o longa-metragem fica bem nítido o quanto Amor, o filme, se enquadra dentro da filmografia de Haneke.

Haneke nos leva a acompanhar de forma paulatina a degeneração do corpo e da mente de Anne (Riva) o que torna Amor um filme bastante duro, já que ressalta ao público a dor alheia a impossibilidade de melhora e as dificuldades que advem com a velhice . Se por um lado pode parecer um tanto quanto cruel, este cenário é essencial para que Haneke possa expor sua teoria acerca do amor. Neste sentido, pode-se dizer que Amor seja, na verdade, um filme conceito, onde o ideal envolvido está acima de todo o restante. É também o que justifica o ambiente intimista que cerca o casal, já que não há necessidade real de nada além deles próprios e da casa em que vivem. A solidão autoimposta faz parte da prova de amor.

VEJA!