Ao xerife interpretado por Tommy Lee Jones cabe não apenas maximizar a lenda de Chigurh como manter no chão o mundano Llewelyn. Jones serve como o narrador, o que é fundamental na construção das lendas de faroeste, e Onde os Fracos não Têm Vez respeita essa lógica.Nas cenas na delegacia e no café, o xerife e seu subalterno trocam histórias tão sangrentas e bizarras quanto essa que estamos acompanhando na tela - o que é uma forma de mitificá-la ainda mais.
Onde os Fracos não Têm Vez nos remete ao primeiro filme da dupla, "O Gosto de Sangue", pois tem o mesmo tipo de humor negro e retoma o uso da violência e da narrativa enxuta mas sempre poderosa. Traz uma visão pessimista do ser humano. A figura do assassino psicótico feito por Javier Bardem é tão estranha, e, por vezes, parece improvável existir um ser tão incrivelmente frio, mas será difícil esquece-lo.
Este foi o grande premiado de 2007, tanto que levou as principais premiações do cinema, inclusive os Oscar de direção, filme, ator coadjuvante (Bardem) e roteiro adaptado (também dos Coen, baseado em livro de Cormac McCarthy), tendo sido indicado ainda para as categorias de som, montagem, edição de som e fotografia. O longa não concorreu por trilha musical por uma razão muito simples: no filme não há musica, a não ser nos letreiros finais. O que para muitos pode causar um desconforto e parecer estranho, pois deixa o filme com uma sensação de aridez.