domingo, 30 de dezembro de 2012

O Abrigo (2011)


Curtis LaForche (Michael Shannon), é o tipo cara família,do bem. Ele mora numa pequena cidade de Ohio com a mulher Samantha( a ótima Jessica Chastain) e Hannah, sua filha de seis anos, que é surda. Curtis ganha um salário modesto como chefe de equipe em uma empresa de extração de areia, mas que garante um seguro de saúde fundamental para o tratamento da filha, deficiente auditiva . Samantha trabalha parte do dia em casa como costureira para completar a renda e vende os produtos que confecciona no mercado de artesanato nos fins de semana. O dinheiro da família é curto e é uma luta para conciliar as necessidades especiais de Hanna com suas necessidades em saúde e em educação. Apesar disso, Curtis e Samantha se amam muito e a família é muito feliz. Curtis começa a ter terríveis pesadelos sobre uma tempestade incontrolável e apocalíptica, mas não conta a ninguém e transforma a sua ansiedade em uma obsessão que ele usa para construir um abrigo no quintal. Seu comportamento, aparentemente inexplicado, preocupa e confunde Samantha e provoca intolerância entre seus colegas de trabalho, amigos e vizinhos. Apesar disso tudo, Curtis tem muito mais medo do que pode estar por trás dos pesadelos. Então, ele decide contar a Samantha, pois ambos se amam profundamente e podem lutar juntos contra o que virá a seguir.

“O Abrigo” é um tenso drama psicológico, em que o suspense se concentra na mente do personagem perturbado e interpretado com precisão por Shannon que constrói um personagem com humanidade e realismo.

Escrito e dirigido pelo jovem promissor Jeff Nichols (atentem a "Mud", que está por vir) "O Abrigo" é um desses filmes de baixo orçamento que marcam época pela maneira como conta sua história, não importa se simples ou complexa. No cinema, nada concretiza melhor tramas do que uma firme mão condutora por trás das câmeras, e por mais que Jessica Chastain e Michael Shannon entreguem atuações sólidas e convincentes, é a direção de Nichols que dá o tom pós-apocalíptico e onírico que faz deste um filme especial. A sensação de vivermos os pesadelos do protagonista está na maneira labiríntica que a trilha sonora conduz as cenas e na linearidade simples que os atos se desenvolvem.

Não deixe de ver!

Nada de Novo no Front (1930)


Lançado em blu-ray na comemoração dos 100 anos de aniversario da Universal Studios, este é um dos filmes que qualquer colecionador deve ter, pois a Universal fez um magnífico trabalho de restauração, que inclusive pode ser visto em um dos muitos extras contidos no blu-ray.

Paul Baumer, filho de uma humilde família alemã durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) é convencido de seu dever patriótico por adultos e professores e com mais seis amigos abandona os bancos escolares e apresentam-se como voluntários para o serviço militar em plena Primeira Guerra Mundial. Em pouco tempo, Paul e seus amigos se veem cercados por um ambiente de horror, vê meninos como ele perecerem e percebe que trocou a sua juventude por uma única e cruel certeza - ao da guerra, esteja-se do lado que se estiver, numa guerra não a vencedores mas só perdedores.

Baseado no conto homônimo de Erich Maria Remarque, "Sem Novidade No Front" é um grande filme pacifista, que mostra a loucura e futilidade da guerra. As cenas de guerra nas trincheiras são retratadas de forma brilhante e dolorosa. Mesmo muitos anos após o seu lançamento, continua sendo um tema atual e dominante nos países que sofreram e sofrem com a guerra. Vencedor do Oscar de Melhor Filme e Melhor Diretor (Lewis Milestone), e foi indicado aos de Fotografia e Roteiro. Considerado o maior filme anti-guerra de todos os tempos em 1990 o filme foi selecionado para preservação pela Biblioteca do Congresso.

"Sem Novidades no Front" é um excelente filme, partindo de um magnífico roteiro, assinado por  George Abbott e Del Andrews, Lewis Milestone realiza um trabalho inesquecível.

Quando do lançamento do filme alemão, os nazistas (ainda não no poder) interromperam as exibições, gritando slogans marciais e liberando ratos nos cinemas.

A edição é composta por um disco em Blu-ray e um livreto fantástico com varias informações sobre a produção.

Não deixe de ver!

Minha Esperança é Você (1962)


Lançado sob o selo da  Versátil e filme da Metro-Goldwyn-Mayer é um clássico humanista dirigido por John Cassavetes, e que trata de um tema ainda polemico nos dias de hoje, crianças com necessidades especiais.

Em uma escola para crianças excepcionais, uma professora novata e inexperiente (Judy Garland) entra em conflito com o diretor da instituição (Burt Lancaster), por causa de seu modo de educar um menino autista recém-abandonado pela família. Comovente denúncia do preconceito de grande parte da sociedade para com os portadores de deficiência mental.

Com 50 anos nas costas, este filme dirigido por John Cassavetes permanece corajoso, forte, fascinante, impressionante. As interpretações são magníficas, e há uma série de sequencias antológica, assustadora e bela.

Até hoje, não é muito comum se falar no cinema sobre pessoas com deficiência mental, ou com necessidades especiais, a nomenclatura mais politicamente correta nos tempos do politicamente correto. Em 1962, então, era sem dúvida um ato de grande coragem fazer um filme sobre esse tema, que somente foi as telas graças a coragem do produtor Stanley Kramer.
Quem também aparece no filme e Bill Mumy que se tronaria famoso como Will Robinson na TV serie “Perdidos no Espaço”.

O DVD esta com excelente imagem, como é normal da distribuidora Versatil, com o formato correto de Widescreen. Traz como extras a “Vida e Obra de John Cassavetes” e alguns trailers.
Veja!

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

3 mil filmes para ver no YouTube

O YouTube disponibilizou um canal com aproximadamente três mil filmes on-line. O projeto, que havia sido descontinuado, voltou ao ar no mês de agosto. A lista traz desde clássicos absolutos, que fizeram a história do cinema na primeira metade do século passado, até filmes recentes que ficaram famosos em festivais independentes. O canal também traz filmes “trash” do cinema indiano, jamaicano e nigeriano. Todos os filmes estão em inglês, mas legendas em 30 idiomas podem ser ativadas no próprio Youtube. Alguns destaques do canal: “O Nascimento de Uma Nação”, filme mudo estadunidense de 1915 co-escrito, coproduzido e dirigido por D. W. Griffith, baseado no romance “The Clansman”, de Thomas Dixon.  “O Gabinete do Doutor Caligari”, a primeira grande obra do expressionismo alemão, dirigido por  Robert Wiene em 1920. “Nosferatu”, de F. W. Murnau, outro clássico do expressionismo alemão, realizado em 1922. “O Encouraçado Potemkin”, de Sergei Eisenstein, filme soviético de 1925 que retrata a revolução russa de 1905. “A General”, a obra-prima de Buster Keaton, realizado em 1927. “M”, o primeiro filme do cineasta alemão Fritz Lang e um dos filmes mais influentes da história do cinema.  “Daqui a Cem Anos”, de Alexander Korda, produzido em 1936 e considerado a primeira superprodução de ficção científica da história; e “O Estranho”, drama noir escrito, dirigido e estrelado por Orson Welles em 1946. O canal também traz clássicos recentes como “Slacker”, de 1991, filme de estreia de Richard Linklater; o premiadíssimo “Pão e Tulipas”', realizado em 2000, pelo diretor italiano Silvio Soldini; e “The Conspirator”, filme independente de Robert Redford, produzido em 2010, que narra o julgamento de Mary Surratt, mãe de um dos homens que ajudou a planejar o assassinato de Abraham Lincoln. Outro destaque do canal é o documentário “Home”, do fotógrafo francês Yann Arthus-Bertrand, que retrata a terra por meio da visão de um pássaro, sobrevoando mais de 50 países e mostrando as fragilidades do planeta.

 Para acessar: http://bit.ly/nacjoa

terça-feira, 10 de julho de 2012

Deus da Carnificina (2011)

http://www.youtube.com/watch?v=GX_JjDBe_QY

Com um elenco de estrelas (Jodie Foster, John C. Reilly, Kate Winslet e Christoph Waltz), tendo como fundo um apartamento em Nova York, o mestre Roman Polanski cria o cenário perfeito para um divertido e vibrante confronto ideológico.

Deus da Carnificina não é para qualquer espectador, pois é puro teatro filmado, mas na mão de Polanski vira uma perola do cinema. O que vamos acompanhar é o embate de dois casais, sobre um problema ocorrido com o filho de um deles. A câmera de Polanski ,os diálogos afiados , os gestos, os olhares e os comportamentos aos pouco vão desnudando os personagens a nossa frente numa narrativa em ritmo crescente, indo de um dialogo de acordo ao êxtase da discussão.

Neste processo cada personagem vai  retirando a sua mascara, intimidades são reveladas e muita roupa suja é lavada. Polanski parte do ocorrido entre os garotos e vai discorrendo sobre casamento, amizade, companheirismo, decepções e frustrações.

O Deus da Carnificina cinema de primeira linha, uma fina crítica a pseudo-civilizada sociedade contemporânea que vive de aparências, não gosta de ser contrariada e nunca conseguiu livrar-se da ânsia descontrolada em devorar o outro. Quando as máscaras sociais caem, percebemos que ainda continuamos bárbaros.

Não deixe de Ver!

segunda-feira, 9 de julho de 2012

O Exótico Hotel Marigold (2011)


Em um prólogo breve, mas contundente, o diretor John Madden, de Shakespeare Apaixonado, nos apresenta seus personagens e os motivos que levam um grupo de sete idosos aposentados decide fazer uma viagem à Índia, mais especificamente ao hotel do titulo.  
Nesta busca por uma estadia, o grupo é apresentado e se deixa seduzir pelo convidativo e tentador folheto de um hotel que acaba de passar por uma reforma e oferece ótimos preços. O primeiro encontro do grupo é no aeroporto, quando a nova empreitada já se revela mais exótica do que relaxante. Mas é claro que, ao chegar lá, o local não é nada do que se havia imaginado. Embora o ambiente seja pouco luxuoso, permite experiências que vão mudar as vidas de todos para sempre.
Em suas buscas pela redenção vamos acompanhar os personagens vividos por: Muriel (Maggie Smith), uma idosa racista, que vai para o país de Gandhi para ser submetida a uma cirurgia ortopédica; Graham (Tom Wilkinson), um advogado que deixou seu grande amor quando viveu na Índia e não quer morrer sem saber do paradeiro do seu antigo amor; Evelyn (Judi Dench), que enviuvou recentemente e que não aceita de forma alguma ir morar com o filho, já que a situação econômica que ela herdou do falecido não era das mais auspiciosas; Douglas (Bill Nighy) e Jean (Penelope Wilton), um casal cujo casamento vai mal há vários anos, sem que eles se dessem conta; Norman (Ronald Pickup) e Madge (Celia Imrie), que estavam em busca do grande amor, que redimiria suas vidas afetivas.
Para dar um contraponto temos o proprietário do hotel vivido gerenciado por Sonny (Dev Patel, de (Quem Quer Ser um Milionário?), um enrolador por natureza, que se daria muito bem como comerciante no Brasil. A herança que Sonny recebeu do seu pai estava caindo aos pedaços e seu sonho era recuperar o hotel e torná-lo capaz de fazer jus aos sonhos de seu falecido pai.

John Madden agora aposta as fichas numa temática da melhor idade, e principalmente num elenco estelar, capaz de carregar qualquer filme nas costas. As várias formas de reagir à velhice, os sonhos, os medos, os segredos estão contempladas nos personagens, com humor na dose certa. E a mensagem soberba que não se chega a esta idade sem perdas.

Em segundo plano, mas não menos especial temos a Índia e todas as suas grandezas e mazelas, o seu trânsito absurdo, as suas cores vibrantes, a miséria de sua população e o seu lado mais moderno, é um personagem vivo do filme.
Não deixe de ver!


http://www.youtube.com/watch?v=XWG6bGJ4QPw

sábado, 26 de maio de 2012

O Homem do Lado (2009)


Esta comédia dramática argentina tem cenário na única obra idealizada pelo arquiteto suíço Le Corbusier na America, ou seja no endereço 320 do Boulevard 53, na cidade de La Plata.

E nesta residência que mora o designer Leonardo ( Rafael Spregelburd), com sua família, como envolto em uma redoma de segurança. Como podemos constatar seu personagem vive de aparência, com seu visual intelectual, ele desenha e coleciona moveis e objetos de vanguarda. Mas fica claro que no pequeno mundo de Leonardo o problema é a comunicação.

Então para quebra a passividade deste mundo entra em cena Victor (Daniel Aráoz, seu vizinho que resolve fazer uma janela com vista para a sala de Leonardo, que surta e acusa o vizinho de invasão de privacidade.

Victor é um típico troglodita cafona,o que é um choque para Leonardo e só inflama a cizânia.Deste choque cultural o filme tira seu humor de constrangimento, e nos leva a simpatizar com um e antagonizar o outro.

Para Leonardo os problemas são os outros e Victor é a canalização de todos os problemas, e desta rivalidade entre vizinhos que o filme tira o humor do constrangimento.

Victor com seu jeito direto, é sempre filmado frontalmente, já Leonardo se esconde do espectador, em lugares pouco iluminados, no espelho fragmentado do quarto da filha, ou seja, ele tem problema de encarar as dificuldades e os problemas de forma direta.

Mais um belo exemplo do ótimo cinema argentino.

Veja!

domingo, 6 de maio de 2012

Sophia Loren e Grandes Astros Americanos


Achei este video no youtube e resolvi postar para homenagear esta belissima atriz italiana.

Algumas informações:

Sophia Loren, nome artístico de Sofia Villani Scicolone, (Roma, 20 de setembro de 1934) é uma atriz italiana.
Quando ainda era muito pequena, sua família transferiu-se ao município napolitano de Pozzuoli, onde viveu até a adolescência em uma situação econômica muito difícil.
Descoberta em 1952 no set do filme Africa sotto i mari pelo produtor de cinema Carlo Ponti, que posteriormente viria a se tornar seu marido, mesmo sendo 22 anos mais velho. Com seu marido teve dois filhos, Carlo Jr. e Edoardo. Foi também cunhada de Romano Mussolini, filho de Benito Mussolini.
Trabalhou com grandes diretores como Vittorio De Sica, Federico Fellini, Ettore Scola, Robert Altman, Lina Wertmüller, entre outros.
Sophia Loren ganhou fama mundial em 1962, quando recebeu o Oscar de Melhor Atriz pelo filme Duas mulheres, que também lhe rendeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes.



http://www.youtube.com/watch_popup?v=B8w0yMPJzSc&vq=medium

terça-feira, 1 de maio de 2012

Vejo Você no Próximo Verão (2010)

Vencedor do Oscar por seu trabalho em “Capote”, Philip Seymour Hoffman é um dos raros atores a conquistar unanimidade para seu talento tanto em produções independentes ( Felicidade) como assumindo o vilão de superproduções ( Missão Impossivel 3), Aqui ele faz sua estreia na direção.

Em “Vejo Você no Próximo Verão”, Hoffman se baseia na peça off-Broadway de Bob Glaudini, sobre Jack, um motorista de limusine (Hoffman) que gosta de reggae e não sabe nadar nem cozinhar - duas coisas que ele aprende ao longo do filme para vencer sua timidez e conquistar a igualmente complexada Connie (Amy Ryan).Ao acompanhar o aprendizado de Jack, somos levados ao mundo de pessoas simples, sem glamour, que como nos sofrem, tem amam e enfrentam crises.
Este é um filme de detalhes, que ganha um âmbito universal e humano nas entrelinhas dos diálogos, nas pausas, nos closes e nas encenações

Hoffman esta familiarizado com o papel que ele interpretou na Broadway, vivendo um personagem simplório e esquisitão que é fã de rap e usa cabelo rastafári que precisa vencer seus medos e anseios para sair de sua solidão.
Um ponto forte do filme é a trilha sonora.

Veja!

terça-feira, 24 de abril de 2012

Um tributo de amor à sétima arte

Esta meteria foi escrita pela grande amiga Magali Moser.


Os motivos que fazem Herbert Holetz emprestar o próprio nome a uma das mostras do 1° Festival de Cinema de Blumenau

 “Avida não é como se vê no cinema. A vida é mais difícil”. A frase é do projecionista Alfredo, no clássico filme Cinema Paradiso, mas bem que poderia ser de Herbert Holetz. As semelhanças entre o personagem da obra de Giuseppe Tornatore e o cinéfilo mais famoso de Blumenau vão além das desilusões e alegrias da trajetória de entrega irrestrita ao cinema. Com encantadora personalidade e enorme coração, Alfredo e Herbert fizeram das próprias vidas um tributo de amor à sétima arte. Acumulam frustrações diante do vazio deixado por um objeto amado. Colecionam memórias nostálgicas. Mas não se deixam vencer pelas adversidades. Como o personagem da película italiana, Holetz também sofre da “doença do cinema”. Desde que conheceu o Cine Busch, quando a mãe o levou para a primeira sessão, no início da década de 1940, o cinema entrou na vida de Holetz e não saiu mais.

Fácil seria se, a exemplo do método de censura imposto por padre Adélio, que cortava todas as cenas de beijo nos filmes exibidos no Cinema Paradiso, Herbert Holetz pudesse suprimir da memória as cenas e episódios que lhe causaram um acúmulo de mágoas e tristezas decorrentes das desilusões com a entrega ilimitada à sétima arte. Mas Holetz sabe que a vida não se compara a um filme e conhece a dor e o prazer da escolha que o acompanha desde a adolescência, quando optou pelo cinema como forma de sobrevivência.

Começou aos 17 anos, como lanterninha, no Cine Busch. A necessidade de ajudar na renda familiar obrigou-o a se afastar da sala de aula. Passou por várias ocupações, como a de auxiliar, porteiro, bilheteiro até chegar ao cargo de gerente. Foi um dos responsáveis pela criação do Cine Clube de Blumenau, ao lado de personalidades de forte influência nas áreas artística e cultural, como Gervásio Tessaleno Luz, Bráulio Maria Schloegel, Daniel Curtipassi, Elke Hering e Lindolf Bell.

Durante quase 20 anos, escreveu sobre cinema para vários jornais da região, entre eles A Nação e o Santa. Coordenou programas de cinema nas Fundações Culturais de Joinville e Blumenau, onde mantém até hoje o Programa Cine Arte. Reúne acervo que inclui vasta coleção de fotos, livros, reportagens, cartazes e fitas VHS compilados ao longo da vida. O Cine Busch guarda as suas melhores lembranças. Mas não apenas porque nas poltronas numeradas do antigo espaço teve o primeiro contato com o cinema.

O cinema morreu junto com o Cine Busch

O prédio em estilo art déco era símbolo da Alameda Rio Branco, no Centro. Tornou-se patrimônio histórico da cidade, quase como a presença ímpar de Herbert Holetz, que trabalhou por mais de 40 anos no local. O Busch foi o primeiro cinema fixo do Estado de Santa Catarina e representa todo o pioneirismo de Blumenau nesta área. Mas o primeiro contato da cidade com a sétima arte data antes da inauguração do espaço, em 11 de agosto de 1900, quando foi realizada no Teatro Frohsinn a exibição do filme: Palco Debaixo D’Água. José Julianelli, Alfredo Baumgarten e Willy Sievert fizeram história na cidade com as imagens em movimento na região do Vale do Itajaí no início do Século 20. Das projeções ambulantes, deste período, até a consolidação das salas de exibição com funcionamento regular e ininterrupto, a sétima arte passou por várias mudanças. Holetz testemunhou boa parte delas.

A trilha sonora de Cinema Paradiso, de Ennio Morricone, também serviria perfeitamente como pano de fundo da vida do cinéfilo. A nostálgica música se confunde com o clima de saudade deixado pelos cinemas fixos na vida dele. Por ter trabalhado por tanto tempo nas salas de exibição, Holetz vivenciou experiências que marcaram as transformações das casas de projeção cinematográfica na região, desde a popularização da televisão, logo depois do videocassete, mais recentemente do DVD, Blu-Ray e a migração dos cinemas para os shoppings.

Chega a ser curioso, mas ao mesmo tempo em que ele gosta tanto de cinema, não frequenta mais as salas de exibição. Prefere assistir aos filmes no conforto de casa, por entender que o cinema se descaracterizou, perdeu sua essência em função da modernização e do desrespeito do público que esquece o celular ligado durante a sessão ou faz um verdadeiro piquenique na sala. Por várias vezes, tentei convencê-lo a ir ao cinema comigo em Blumenau, mas fui vencida pela teimosia dele. Para Holetz, o cinema morreu junto com o fechamento do Cine Busch. Por isso, entrega-se às lágrimas com facilidade ao falar da vivência no antigo cinema.

Holetz costumava receber o público na entrada do Cine Busch. Mantinha o hábito de conversar com o público antes e depois das sessões. A paixão dele por esse mundo de ilusão em movimento levou toda a família a trabalhar no Cine Busch. Dona Lori, com quem é casado desde 1961, trabalhou 24 anos na bonbonnière, ao lado dos três filhos – Jorge, Letícia e Regina. Só deixou o local quando o Cine Busch fechou, em 1993. Por isso, dois anos depois, quando surgiu o convite para Holetz assumir o cinema em Joinville, não hesitou. Mesmo muito triste com o fechamento da casa em Blumenau, apoiou a mudança como forma de incentivo. Apesar da família inteira ter se envolvido com as atividades do Cine Busch, dona Lori não lembra de uma única vez em que os cinco assistiram juntos a um filme na sala escura.

Além do Cine Busch, o Cine Mogk, na Itoupava Norte, Cine Carlitos, o Atlas, na Vila Nova, o Cine Garcia (popular pulgueiro), o Cine Blumenau, na Rua XV de Novembro, se tornaram sinônimos dos chamados tempos de glória do cinema por aqui. Aquele mundo de sonhos, efeitos e sons despertava fascínio sobre a população. A época de “ouro”, cheia de glamour, dos cinemas de bairro, lembra quanto o simples ato de ir ao cinema exigia um rito especial. Nessa época, os blumenauenses desfilavam os melhores trajes nas casas de exibição. Homens engravatados e mulheres com os melhores vestidos, algumas até com estolas de pele, à espera do sinal tocar, com o aviso de que o filme iria começar. O cheiro de gel fixador do cabelo dos garotos se misturava à fragrância suave do perfume das moças e ao aroma do drops, comum no ambiente. O clima era de encontro, de paquera, de troca de gibis com amigos... de convivência.

Todas as salas de exibição tradicionais da cidade perderam lugar para o comércio ou atividades mais rentáveis. A exemplo do Cinema Paradiso, derrubado aos olhos da cidade que viu seu auge, o Cine Busch perdeu espaço e hoje serve como centro de convivência do Grande Hotel Blumenau. O fechamento do Busch foi seguido do processo de transferência gradual de todas as salas de cinema para dentro de shoppings da cidade.

O fim do Cine Busch não representou apenas a extinção de uma casa de exibição, mas o término de uma época. Para Holetz, o declínio dos cinemas de rua e o advento das salas multiplex – com som digital, poltronas confortáveis, bilheteria eletrônica – é uma fase difícil de ser superada. É perceptível como essas transformações resultaram numa mudança no hábito de ir ao cinema. Muito do ritual se perdeu.

A comodidade e a segurança dos shoppings passaram a ser mais atraentes. Mas como lembra Carlos Drummond de Andrade: “quem não sentiu a perda de um cinema frequentado durante anos tem memória nublada ou coração de pedra”. Quando aceitou o desafio de voltar ao espaço do Grande Hotel, onde funcionava o Cine Busch, comigo, em 2005, Holetz reviveu cada pormenor do local que foi extensão da própria casa durante muito tempo. Os pequenos detalhes encontrados no então cinema foram relembrados com intensidade, e mostram que quando algo é realmente importante na vida de alguém, não desaparece tão facilmente. A memória de Holetz era de se impressionar. Lembrou dos intervalos que fazia para o café com dona Lori, na confeitaria Socher. O encontro teve o cheiro do bolo de nozes que costumava pedir. Na subida dos primeiros degraus, ensaiava dar comida aos passarinhos, como fazia quando trabalhava na casa. Holetz sabe que a vida é feita dessas pequenas memórias.

Dona Lori reconheceu a paixão do companheiro desde o início. A relação, que começou como amizade e se fortaleceu com a troca de livros na juventude, consolidou-se com o casamento e gerou três filhos e quatro netos. Naquela época, costumavam namorar as quartas-feiras e aos sábados. Quando assumiram o namoro, Holetz foi apenas à primeira quarta-feira na casa da moça que, na época, trabalhava na então casa Peiter, de secos e molhados, na Rua XV. Na segunda semana, já disse que não poderia mais ir, que teria de trabalhar no cinema. Começava aí a compreensão inesgotável de Lori para com o companheiro.

Jornalista, autora do livro A Vida Pelo Cinema:

Herbert Holetz entre a Realidade e a Ficção, publicado em 2006

MAGALI MOSER


 Materia publicada no JSC - Caderno de Lazer+Cultura em 23/04/2012 | N° 12552


domingo, 1 de abril de 2012

A Separação (2011)

 Vencedor do Urso de Ouro de melhor Filme e de Urso de Prata de Melhor Ator e Melhor Atriz, este é um filme que envolve desde a primeira cena, quando acompanhamos Nader (Peyman Moaad) e Simin ( Leila Hatami) discutindo diante do juiz, os motivos porque querem a separação.

O diretor iraniano Asghar Farhadi nos coloca frente a uma questão: Quem esta com a razão quando todos têm razões legitimas? A separação que dá nome ao filme já começa praticamente consumada. Ela quer morar fora do Irã e levar sua filha, enquanto o marido insiste em ficar em Teerã para cuidar de seu pai idoso, que tem Alzheimer. O juiz nega o divórcio, pois não há, no seu entender, um fato suficientemente grave para justificar a separação. Este é apenas o estopim de varias tramas paralelas. Vale dizer apenas que a trama de A Separação retorna constantemente para a mesa de um juiz, criando uma situação de sufoco que surge da repetição kafkiana de situações de tribunal.

Farhadi usa o drama familiar para retratar a realidade iraniana, tais como os conflitos religiosos, as brigas de classes, sem mocinhos nem bandidos, apenas pessoas que fazem as coisas erradas e se veem obrigadas a lidar com as consequências.

Não deixe de Ver!

Guerreiro (2011)

Num primeiro momento as mulheres podem se afastar deste filme em função do titulo que remete a violencia, mas na verdade este é um drama nos moldes de “O Vencedor” com Christian Bale e Mark Wahlberg, mas invés de se passar no mundo do boxe somos levados as lutas do UFC.

Este é um daqueles filmes que vai alem de uma simples abordagem do esporte em si, e a busca pura da distribuição de porradas que tanto agrada as plateias, tanto que o filme veio direto para as locadoras ficando fora do circuito dos cinemas.
Se em “O Vencedor” tínhamos uma mãe dominadora, aqui temos uma inspirada interpretação de Nick Nolte no papel de ex-lutador e ex-alcoolatra que “encontrou Jesus”, mas para isto deixou um rastros de estragos físicos, morais e psicológicos em sua família.

Tommy Conlon ( Tom Hardy) é um ex-Marinheiro, que está com o passado lhe perturbando e que busca a todo custo encontrar a paz que há muito tempo perdera. Ao saber da existência de um grande torneio de MMA, o rapaz entende que é hora voltar para casa e oferecer a seu pai, alguém que para ele não tinha importância, a função de seu treinador e apenas isso. Paddy, pai te Tommy, é um ex treinador que luta constantemente contra o álcool e que exatamente por este mal, perdeu o respeito daqueles que o amavam. Brendan(Joel Edgeton), o outro membro da família, é um professor de física que vive o drama de tentar sustentar a sua família com dignidade. Ex lutador, ele encontra neste torneio a chance de conseguir o dinheiro necessário para manter a casa, que está em risco.
Mas os homens não precisam se preocupar, o filme é repleto de pancadarias e as cenas de luta muito bem coreografadas.

Dirigido por Gavin O’Connor  que já havia explorado o drama familiar em “Força Policial”, acerta o ponto deixando as ações falarem mais que as palavras. Apesar de algumas situações implausíveis, é catártico o confronto final.

A Mulher de Preto (2012)

A Hammer Films – Produtora inglesa de filmes de terror teve seu auge nos anos 50, 60 até meados dos anos 70 – fazendo produções caprichadas de terror. Ela voltou a ativa, sob nova direção em 2008 e foi responsável pela produção de “Deixe-me Entrar” e “A Inquilina”.
“A Mulher de Preto” é o que mais se aproxima da estética e dos temas consagrados da Hammer. Talvez venha daí a impressão de que seja um filme à moda antiga, preocupado não só com a direção de arte sinistra e com sustos de vultos, mas principalmente com a atmosfera gótica, marca registrada da produtora.

Daniel Radcliffe (Arthur Kipps) o eterno Harry Potter, agora em papel mais maduro, faz o papel de um jovem advogado e pai viúvo, cujo emprego está por um fio desde que a morte de sua esposa o desestabilizou emocionalmente. Ele precisa viajar para um fim de mundo no interior da Inglaterra para cuidar dos papéis de um cliente recém-falecido, dono de uma mansão. A mulher de preto do título é o espírito maligno que Kipps encontra no vasto terreno, ora abandonado.

Para mim foi uma surpresa ver um filme de terror que não apela para a sanguinolencia típica das produções atuais de terror sem inteligência. O diretor James Watkins faz um trabalho legal, com uma fotografia magnifica e que tem na melancolia dos personagens seu traço mais marcante.

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sábado, 31 de março de 2012

Sentidos do Amor (2011)

 Apesar do titulo absurdo dado ao filme no Brasil, não deixe de ver esta perola. O filme é o encontro perfeito entre o poético e o trágico. Este também é um filme que fala de uma epidemia, mas com uma abordagem poética.

O diretor David Mackenzie , nos conta a historia de um vírus que vai dominando a humanidade aos poucos e de forma apocalíptica vai acabando com nossos sentidos. Pare e pense, se aos poucos você não tivesse mais o sentido de cheirar os aromas, depois perdesse o paladar e não tivesse mais o poder de saborear uma boa comida. O filme consegue expor de forma fantástica a reação das pessoas frente a esta tragédia. E a cada novo sentido que se vai a humanidade precisa se adaptar a nova realidade, e buscar novas formas de sobreviver e de se relacionar. Mackenzie encontra saídas dramáticas, regadas de poesia e faz uma obra profunda e sensorial.

Este é um filme de rara beleza, mas que infelizmente passou em branco no circuito nacional.
Não deixe de ver!

Tudo Pelo Poder (2011)

 George Clooney, além de galã é um ótimo ator e já provou ser um diretor competente. Em “Tudo Pelo Poder” ele ataca em 3 posições ator, roteirista e diretor e prova mais uma vez sua competência, vivendo o papel de um governador, Mike Morris, candidato às eleições primarias do Partido Democrata. É visível que Clooney se sente a vontade para discorrer sobre a política norte americana. Através de Stephen Meyers ( Ryan Gosling, que também vem mostrando grande versatilidade) vamos acompanhar as sujeiras, alianças, interesses que permeiam uma campanha desta grandeza.

“Tudo Pelo Poder” tem um elenco de apoio composto de grandes nomes, como Philip Seymour Hoffman, Paul Giamatti e Marisa Tomei.

O filme apesar de não ser uma obra prima, é uma boa aula de política e de realidade.
Veja!

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Um Sonho de Amor (2011)

Emma (Tilda Swinton) é uma imigrante russa, de passado nebuloso, que se casou com um milionário italiano, e que num luxuoso universo familiar assumiu o papel de mãe de família. Mas este universo é divido em três micros universos – da família, ambientada em Milão, nos ambientes escuros e carregados da casa onde vive; do amor, vivido nas belas e encantadoras imagens de San Remo; do trabalho, em clima de tensão na cinza Londres.

Este requintado drama italiano, as vezes nos leva a um filme de Visconti quando vivenciamos a elegância dos detalhes da elite italiana, retratada com primor nos jantares oferecidos na casa dos Recchi. Por outras a quebra e dissolução das aparências burguesas nos leva a Pasolini.
 Mas debaixo de todo o verniz da burguesia italiano imposto a esta mãe de família, a uma mulher diferente, oprimida e sufocada, que aflora quando se envolve com o chef, amigo do filho.
Este é um filme sobre escolhas, sobre o fim de um mundo e o inicio de outro. Sobre sentimentos incontroláveis e os seus desdobramentos. A descoberta de prazeres e grandes momentos, mesmo que o saldo não seja a resolução idílica que todos esperamos.

Swinton da um show de performance, onde sua personagem vive de forma tão intensa as transformações que ela muda fisicamente para buscar a liberdade. Tilda Swinton participou de todo o processo de produção de “Um Sonho de Amor”, e isto pode ser visto em cada cena e principalmente nos figurinos, indicados ao Oscar.
Este não é somente um filme que discorre sobre a dissolução de uma família, mas a finitude de um modelo de família.

Veja!

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Meia-Noite Em Paris (2011)

Já faz algum tempo que Woody Allen, trocou seu país natal pela Europa e lá rodou ótimos filmes como – “Vicky Cristina Barcelona” na Espanha ou “Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos” na Inglaterra, agora ele viaja para Paris.

Assim como fez com “Manhattan”, Allen aqui não busca um significado para sua historia, mas faz uma homenagem a Cidade Luz, como nenhum outro cineasta fez. Uma homenagem a cidade  que nos idos de 1920, foi o reduto dos grandes artistas do mundo, dos escritores americanos F. Scott Fitzgerald e Ernest Hemingway aos pintores Pablo Picasso e Salvador Dali, passando pelo cineasta Luis Buñuel entre outros.
Allen faz uma fabula onde somos levados pelo protagonista, Gil (Owen Wilson), que tem uma visão romântica da época e gostaria de ter vivido na mesma, a uma viagem fantástica no tempo-espaço, para vivenciar os modos e costumes da maravilhosa Paris de outrora.

Voce não tem como não sair tocado desta saborasa viagem, onde Paris é filmada em seus ângulos mais encantadores e a trilha traz o melhor do jazz, como nos velhos filmes de Woody Allen.
P.S: O filme fica muito mais divertido a medida que se conheça a historia dos artistas que desfilam pela tela, do rude Hemingway ao doido Dalí.

Não deixe de ver!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Precisamos falar Sobre Kevin (2011)

Na primeira cena de “Precisamos falar Sobre Kevin” somos mergulhados em uma tela que se enche de vermelho, vermelho este que será uma constante em todo o filme seja ostensivamente num pára-brisa coberto da cor ou num pequeno cinzeiro em outra cena. Esta cena inicial que representa a felicidade expressa na festa espanhola da “Tomatina”, onde a diversão e jogar tomates  ou mergulhar os participantes em molho do fruto logo nos fará ver que tudo não passa de uma analogia ao drama o qual seremos apresentados. “Precisamos falar Sobre Kevin” é algo que ao longo do filme nunca é posto em discussão. O que iremos acompanhar é o drama de uma mãe (Tilda Swinton, num desempenho surpreendente) e a perturbadora meditação da mesma sobre os fatos que levaram seu filho a cometer uma chacina.

O romance de Lionel Shriver foi adaptado de forma onde fatos são apresentados cronologicamente fragmentados, onde as imagens, as situações e os silêncios nos levam a sensações de intenso desconforto num filme claustrofóbico e deprimente.

O filme nos leva a refleti sobre vários questionamentos: Será que a mãe que tanto se culpa, em função da dificuldade que sentia de amar seu filho desde bebe, tem realmente culpa do ocorrido? Pode uma mãe amar incondicionalmente seu filho desde o seu nascimento? E seu você não o amar? E se ele não amar você? Kevin é um bebe difícil que desde pequeno parece preferir o pai, um verdadeiro banana, teria nascido com uma índole malévola? E se este bebê crescer e vier a se tornar algo ameaçador e aterrorizante?

Um filme com desempenhos majestosos de Tilda Swinton e Ezra Miller (Kevin adolescente) onde as questões abordadas demonstram a mais dura realidade, especialmente em um mundo onde o termo “inocência infantil” está perdendo todo o significado.

Não deixe de Ver!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Festival de Cinema (Bom Dia SC - 24/01/2012)

Blumenau se prepara para receber Festival de Cinema (Bom Dia SC - 24/01/2012)

Materia exibida na data de hoje onde é feita uma homenagem ao meu pai  - Herbert Holetz.

O Festival de Cinema de Blumenau receberá inscrições para a Mostra HERBERT HOLETZ, Mostra JORNALISTA FERNANDO ARTECHE HAMILTON, Mostra de VIDEOCLIPES CATARINENSES e para 2ª Mostra de Cinema Infantojuvenil de Blumenau* até o dia 24 de fevereiro. Poderão participar da Mostra Competitiva HERBERT HOLETZ (Júri Oficial) filmes de ficção, documentários e animação brasileiros de curta e longa-metragem, concluídos a partir de janeiro de 2007. Serão aceitas na Mostra JORNALISTA FERNANDO ARTECHE (Júri Universitário), produções universitárias e filmes independentes, concluídos a partir de janeiro de 2007. Na Mostra de VIDEOCLIPES CATARINENSES (Júri Jovem), poderão participar produções concluídas a partir de janeiro de 2007.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Amor À Toda Prova (2011)

Apesar de não ter gostado de “O Golpista do Ano”, não posso negar que a dupla de cineastas Glenn Ficarra e John  Requa sabem arrancar boas performances do seu elenco. O mesmo ocorre aqui principalmente com Ryan Gosling que mostra que tem talento também para a comedia ainda mais contracenando com Steve Carell.

Ryan Gosling em uma declaração disse – “ Eu andava meio estressado depois de fazer tantos filmes pesados, fui ao médico e  ele me deu uma receita que dizia: faça uma comedia. Eu fiz e me sinto muito melhor”.
O filme conta basicamente a historia de um homem recém-divorciado que se aventura na vida de solteiro, após ser devidamente treinado por um conquistador ultra tarimbado. O filme é uma colcha de retalhos de relações amorosas que como pode se concluir irão se resolver ao final do filme, mas o roteiro de Dan Fogelman , consegue dar o timing certo para cada relacionamento, com um humor refinado e com alguns bons momentos principalmente envolvendo coadjuvantes principalmente os de Marisa Tomei que vive o papel de uma professora.

O que estraga o filme é o moralismo que permeia o filme e as vezes escorrega em cenas um tanto açucaradas. Mas é uma comedia acima da media.

50% (2011)


O filme "50%" tem como mérito provar que temas muito batidos e já explorados podem ser novamente contados sem cair na pieguice e no vazio de todos os temas clichês. O roteirista Will Reiser tinha 24 anos quando teve um diagnóstico positivo de um tipo raro de câncer que lhe dava um percentual de 50% de chance de cura, daí o titulo do filme. Reiser e Rogen, que interpreta Kyle no filme, são grandes amigos e, superadas as dificuldades, Rogen convenceu Reiser a transferir sua batalha para o papel, como meio de exorcizar as dificuldades passadas.
Outro ponto positivo do filme é que o mesmo tem a capacidade de nos levar do riso ao choro; sem que isso signifique que é extremamente dramático, ao ponto de provocar enjoou-os, ou que explore até não poder mais as conseqüências de uma doença tão fatal como o câncer. A dupla conseguiu explorar o absurdo da situação e encontrar humos neste momento de tragédia, como meio de amenizar a dura jornada passada pelo personagem central vivido por Joseph Gordon-Levitt.

Joseph Gordon-Levitt nos da uma interpretação brilhante e emocionante, que faz um estilo contido, metódico que tenta encarar a situação com a maior serenidade possível. Já Seth Rogen vivendo Kyle, é aquele amigão do peito, que vê na doença do amigo uma oportunidade de “pegar garotas” que se comovem com a situação. No decorrer do filme nos são apresentados vários personagens e o que vemos é que ninguém esta preparado para lidar com esta situação limite.

O filme é conduzido com delicadeza pelo desconhecido Jonathan Levine, e a grande sacada do filme é a dica sutil e valiosa deixada por ele: Tire o melhor do pior.

Veja!

sábado, 21 de janeiro de 2012

As Aventuras de Tintim (2011)

Nos idos dos anos 80 fui apresentado aos quadrinhos criados por Hergé pelas mãos do meu grande amigo Georges Rul um dos seguidores do Blog. Assim como com Asterix e Obelix, foi paixão na primeira aventura e então passei a ler e colecionar todos os livros publicados.

A primeira coisa que chama a atenção é a primorosa direção de Arte, pois os cenários do filme são tão minuciosos que tudo parece que foi estudado milimetricamente e o resultado é um espetáculo de técnica e perspicácia.
Juntos Spielberg e Peter Jackson (produção) acertam a mão ao levar para a telona as aventuras do repórter Tintim. Movimentos de câmera incríveis e muita ação nesta fiel aventura adaptada dos quadrinhos. Tão fiel que já rendeu indicação ao Golden Satellites de melhor roteiro adaptado. Ditando o ritmo frenético, temos um grande parceiro de Spielberg, John Williams (trilha sonora). É notória a homenagem e referência a Indiana Jones, faltando apenas o carisma de Harrison Ford nas escapadas de Tintim. O que temos é uma aventura bem comum, mas que funciona muito bem. Spielberg demonstra, mais uma vez, uma maestria incrível para contar histórias simples.

“As Aventuras de Tintim” tem como base os quadrinhos “O Segredo do Licorne” e relata as aventuras de Tintim (Jamie Bell) o jovem repórter que está sempre atrás de uma boa reportagem. Após comprar uma réplica de um antigo galeão, acaba se deparando com fatos mistérios que o levam a uma nova aventura. O galeão desperta o interesse de outras pessoas e Tintim terá que descobrir o que está por trás de toda essa confusão. Assassinato, roubo, traição, um tesouro escondido e muita perseguição. Daniel Craig incorpora o vilão vingativo Red Rackham, enquanto Andy Serkis faz o esquecido e alcoólatra Capitão Haddock. TinTim terá que ajudar o Capitão e desvendar todo mistério por trás dessa louca busca por um tesouro escondido.
É prazeroso ver Spielberg de volta as grandes aventuras dos anos 80 apoiado por um time muito bom. É um filme pop e muito divertido, com seqüências de ação impecáveis. Que venha a continuação.

Um Conto Chinês (2011)

Após nos ser anunciado que o filme é baseado em uma historia real, o diretor portenho Sebastián Borensztein, nos apresenta uma insólita cena de prólogo que foi inspirada em uma noticia lida por ele em 2007.E baseado nesta tragédia absurda ( que prefiro não revelar, para não tirar o impacto), Borensztein criou o resto da trama para justificar o começo.

Passamos então a conhecer Roberto (Ricardo Darin, um dos grandes atores da atualidade) um personagem solitário, muito mal humorado e veterano da Guerra das Malvinas. Por conta de um duro revés, vive há quase vinte anos recluso em sua casa, sem contato com o mundo. Roberto é pra lá de sistemático, dorme sempre na hora certa, tem poucos amigos e coleciona manias, entre elas recortar notícias absurdas de variadas publicações. Este seu mundo é profundamente abalado quando o destino lhe reserva uma surpresa. Num momento de bondade ele oferece ajuda para Jun (Ignacio Huang) jogado - literalmente - em seu caminho, dando início a uma verdadeira via crucis e uma atípica amizade entre um argentino que não fala chinês e um chinês que não fala castelhano, a qual ira mudar profundamente a vida de ambos.
As tentativas de Roberto de se livrar do “estorvo chinês” rendem cenas muito engraçadas, mas é na convivência forcada entre eles que esta o lirismo do filme. O roteiro explora de maneira excepcional o fato de um não saber falar a língua do outro e reforça essa conexão diferente, que vai ficando cada vez mais forte entre eles e também com o espectador na medida em que a trama vai se descortinando, carregada de dor e floreada de humor, te envolvendo-nos de forma natural.
Maravilhosamente roteirizado e dirigido por Sebastián Borensztein, em seu terceiro longa,o filme encontra na sutileza o segredo de fazer humor com emoção.
Com um roteiro construído com sutilezas amassadas pela rudez do protagonista, a poesia presente em seu final é a prova cabal de que se está diante de uma história bem contada e imperdível.
Não deixe de Ver!  











sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O novo e o eterno

HERBERT HOLETZ É O HOMENAGEADO DO FESTIVAL DE CURTAS LUZ, CÂMERA, BARÃO.


Há várias maneiras de se aprender linguística, dentro ou fora da sala de aula. Os estudantes do 2º ano do Ensino Médio da Escola Barão do Rio Branco, de Blumenau, exercitaram a linguagem fora dos cadernos neste ano letivo. Escreveram roteiros de cinema e dirigiram curtas-metragens. O resultado será exibido hoje no Teatro Carlos Gomes para pais e alunos, na quarta edição do festival de cinema Luz, Câmera, Barão.

O homenageado da noite será Herbert Holetz, 73 anos, uma autoridade em Blumenau quando o assunto é cinema. O senhor que assistiu Charles Chaplin quando menino na grande tela dividiu experiências com a geração dos cinemas multiplex em um bate-papo ontem, na escola. A homenagem a Holetz é uma forma de reconhecimento ao trabalho dedicado há anos ao cinema na cidade e também uma maneira de apresentar aos alunos a magia do tempo que a adolescência contemporânea ignora.

Este é o quarto ano consecutivo em que a escola promove o festival com as produções dos alunos. Além da exibição dos nove curtas produzidos por 72 estudantes do Ensino Médio, o festival premia 24 categorias com o chamado Troféu Pipoca – de melhor filme a figurino, bem no estilo Oscar.

– Alguns talentos se revelam de uma forma que nem a gente imagina – comenta a coordenadora do Ensino Médio da Escola, Simonette Eing Tarnowski.

Segundo Simonette, o resultado positivo deixado pelo trabalho vai além do contato com o cinema, mas mexe principalmente com a autoestima dos alunos.

– O que fica é esse ensinamento de “se eu quero, eu faço”, a sensação de construir um trabalho – avalia.

VIDA DE CINEMA

A relação de Herbert Holetz com o cinema começou nos anos 1940, no Cine Busch, em Blumenau. De menino apaixonado pelas imagens, Holetz passou a trabalhar no cinema como lanterninha em 1953. Passou por várias funções até chegar à gerência. Escreveu artigos para jornais da região e foi um dos criadores do Cineclube. Hoje mantém um arquivo com mais de 2 mil fotos e cartazes e 400 livros e se dedica ao Cinearte, que exibe longas às segundas-feiras na Fundação Cultural.

Materia publicada no JSC em 05/11/2009  - Foto: Gilmar de Souza

Filmes Contagiantes

Depois de assistir Contágio, resolvi relembrar outros bons filmes sobre o tema. Segue abaixo:


Pânico nas Ruas (1950)
Em 48 horas, Nova Orleans poderá está mergulhada numa epidemia sem precedentes na história da cidade, caso o Dr. Clint Reed, do Serviço Federal de Saúde, não consiga localizar os portadores do vírus da peste bubônica, responsáveis por assassinar um imigrante ilegal no porto da cidade. Marcados para morrer pela lendária peste negra, Blackie e seus capangas não imaginam que estão sendo perseguidos para sua própria proteção, planejando fugir da cidade o mais breve possível. Nenhum deles aparenta os sintomas da doença, mas para o Dr. Reed correr contra o tempo é evitar que a cidade enlouqueça antes de sucumbir a uma praga da idade média.


O Enigma de Andrômeda (1971)
Um satélite espacial sai de órbita e cai em uma cidadezinha. Gerada pela colisão, uma bactéria fatal e misteriosa começa a dizimar a população. Uma equipe de cientistas trabalha em um laboratório subterrâneo para encontrar a cura e descobre que apenas uma criança e um bêbado sobreviveram. A ansiedade aumenta ao mesmo tempo em que os pesquisadores correm para encontrar uma solução, antes que a humanidade seja exterminada. Dirigido pelo mestre Robert Wise.


Os Doze Macacos (1995) 


No ano de 2035, a humanidade tenta sobreviver a um vírus desconhecido que já dizimou 99% da população mundial. Nesse contexto, um grupo desesperado de cientistas envia o voluntário Cole (Willis) para o ano de 1996 para que ele descubra as origens da epidemia, que teria sido espalhada pelo misterioso exército dos 12 macacos.


Exterminio (2002)
No filme, a população inteira da Inglaterra é dizimada por uma epidemia de um vírus fatal, que acaba por transformar as pessoas em agressivos zumbis. Quando iniciaram o projeto, Garland e o diretor Danny Boyle consideraram a raiva um tema significante, principalmente nos dias de hoje.


Filhos da Esperança (2006)
Terra, 2027. Uma epidemia faz com que os humanos se tornem inférteis. Faz quase 19 anos que o último bebê nasceu, e a cada ano que passa sem a presença inexplicável de crianças no mundo a humanidade vai acumulando o sentimento de desistir da vida.


 Eu Sou a Lenda (2007)
O último homem na face da Terra não está sozinho. Will Smith interpreta este solitário sobrevivente em Eu Sou a Lenda, um épico de ação que mistura doses generosas de tensão com uma incrível visão de uma desolada Manhattan.
De alguma maneira imune a um terrível e incurável vírus, o virologista militar Robert Neville (Smith) é agora o último humano sobrevivente em New York - e talvez do mundo. Mas ele não está exatamente sozinho. Vítimas de uma praga mutante espreitam nas sombras... Observando cada movimento de Neville... Esperando para que ele cometa um erro fatal. Talvez a última - e a melhor! - esperança da humanidade, Neville tem agora um único objetivo pela frente: encontrar um antídoto usando o seu próprio sangue imune. Mas ele sabe que está em desvantagem numérica. Este filme teve duas versões anteriores – Mortos que Matam (1964) com Vincent Price e A Última Esperança da Terra (1971) com
Charlton Heston



Ensaio Sobre a Cegueira (2008)
Adaptação do livro de José Saramago, o filme mostra uma misteriosa epidemia de cegueira. A trama começa com um homem que perde a visão de um instante para o outro enquanto dirige e que mergulha em uma espécie de névoa leitosa assustadora. Uma a uma, cada pessoa com quem ele encontra fica cega também. À medida que a doença se espalha, o pânico e a paranóia contagiam a cidade.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Contágio (2011)

O novo filme de Steven Soderbergh mostra de uma maneira diferente a idéia de um apocalipse. Contágio não retrata apenas como o apocalipse se aproxima e se estabelece, mas o efeito devastador que o perigo que não pode ser visto a olho nu causa no cidadão comum, bem como a reação do governo e afins diante do fim iminente.

A pandemia de Contágio, inicia misteriosamente na Ásia, mata infectados em alguns dias e, semanas depois, está plenamente instalada em quatro continentes. Soderbergh cerca-se de atores consagrados como Matt Damon, John Hawkes,Laurence Fishburne, Kate Winslet, Elliot Gould, Marion Cotillard, e Jude Law para mostrar como a sociedade reagiria a um vírus mortal que pode ser transmitido pelo simples toque.

A principal força de Contágio não está, no roteiro pois a trama é até simples,mas sim na força de seus personagens. Soderbergh filma com enquadramentos "duros", de movimentos econômicos, e com a câmera à meia distância dos atores - um jeito aparentemente desapaixonado de encarar um tema tão dramático, mas esse estilo ajuda a dar ao filme um tom mais clínico. O distanciamento é uma boa forma, também, de valorizar os close-ups quando eles acontecem.

Cinema da melhor qualidade.

Não deixe de ver!

domingo, 15 de janeiro de 2012

O Garoto da Bicicleta (2011)


Os cineastas belgas Jean-Pierre Dardene e Luc Dardene que realizaram filmes como “A Criança (2005)”, “O Filho (2002)” e “O Silencio de Norma (2008)” voltam três anos depois ao tema que já lhes rendeu diversos prêmios: o olhar naturalista sobre os relacionamentos humanos.

Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 2011 é uma maravilhosa encenação sobre a prisão e a liberdade, o isolamento e a socialização, o pertencer e o marginalizar-se.

Num filme enxuto, de poucas palavras onde as imagens falam por si “Garoto da Bicicleta” expõe os dilemas de seus personagens de forma sensível e humanista. Sem nos incentivar ao julgamento ou à condenação – o abandono e o medo que dele surgem são o principal. Até mesmo o pai que renega o filho tem suas razões. Todos nós temos nossos motivos, justificativa que, todavia, não torna nossos atos menos mesquinhos. É aí que está a grande sacada, o que esta em jogo em “O Garoto da Bicicleta” é a causa-efeito dos nossos atos, estejamos conscientes dos efeitos ou não. Outro ponto é o peso da ausência e como ele pode afetar a vida.

O filme retrata a dura infância de Cyril (Thomas Doret que faz aqui uma estréia com grande performace) que inicia nossa historia ligando desesperadamente para seu pai, que não atende. Com o tempo, sabemos que Cyril foi deixado provisoriamente em um orfanato por seu pai (Jérémie Renier) que desapareceu do mapa. A única esperança do garoto com o mundo real está na sua bicicleta, que a cabeleireira da pequena cidade (Cécile de France, de Além da Vida) recupera. Cyrril é um garoto que não aprendeu a expressar os seus sentimentos e é instintivo como um animal irracional, ele vê em sua bicicleta a liberdade que tanto almeja.

Um filme que inspira sentimentos e mexe com o coração.



Veja!