quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

DISTRITO 9 em Blu-ray

DISTRITO 9 (District 9), foi uma das grandes surpresas cinematográficas de 2009, esta produção de  Peter Jackson teve um baixo orçamento para um filme do gênero – custou apenas  30 milhões de dólares, um valor irrisório para Hollywood, e arrecadou esta quantia apenas no seu fim de semana de estreia. Beneficiado por críticas e propaganda boca a boca mais do que positivas, o longa tornou-se um sucesso artístico e comercial, obtendo três indicações ao Oscar 2010.

A parceria entre o produtor Peter Jackson e do diretor Neill Blomkamp resultou num dos filmes de ficção científica mais original dos últimos anos.

O filme com excelentes efeitos especiais e realismo impactante, trata do primeiro contato da humanidade com extraterrestres, que chegam a Terra aparentemente sem meios de retornar para seu mundo e acabam tendo de coexistir com a humanidade, exilados em uma favela nos limites de Johanesburgo, na África do Sul. Depois de tomar conhecimento do misterioso segredo da tecnologia bélica extraterrestre, um solitário humano (Sharlto Copley) passa a ser caçado pelas imundas vielas da favela alienígena e descobre o que significa ser um completo estranho em seu próprio planeta.

Através deste argumento Neill Blomkamp acaba referência direta a aspectos históricos e políticos da segregação racial que por décadas imperou na África do Sul, o que ganha força adicional pelo fato de o filme se passar em Johanesburgo e ser dirigido por um sul-africano. O diretor adota um estilo de falso documentário, e assim descobrimos, através de depoimentos “reais”, que a nave mãe dos ETs surgiu sobre Johanesburgo nos anos 1980, com seus tripulantes em péssimas condições de saúde. Como imigrantes ilegais, as criaturas foram confinadas na favela miserável chamada Distrito 9, onde vivem em condições precárias e são explorados por criminosos nigerianos.

DISTRITO 9 é um filme inteligente, provocante,  tecnicamente impecável com segmentos que não ficam nada a dever aos melhores filmes de ação de Hollywood. Se você o perdeu quando foi exibido nos cinemas, não deixe passar a oportunidade de vê-lo agora em casa, especialmente na alta definição do Blu-ray, uma vez que o filme foi rodado com a nova câmera de ultra definição (4K) “Red One”, possuindo uma imagem excelente, que coloca você bem no meio do ensolarado e estranho ambiente do Distrito 9.
Sobre o  Blu-ray

DISTRITO 9 é distribuído pela Sony. E segundo informações foi originalmente autorado para o mercado europeu, assim além de trazer ótimos extras todos legendados em português do Brasil, o Blu-ray é de um primor técnico impar. O espectador já consegue vislumbrar o capricho do BD capricho já no carregamento dos menus animados, onde você tem de optar pelo ícone “humano” ou “alienígena”. De acordo com a escolha, temos visuais diferentes nos menus. Como o filme foi rodado em alta definição de última geração, o que se reflete na espetacular imagem proporcionada na transferência anamórfica 1080p/AVC MPEG-4 na proporção original de tela 1.85:1.  As cores são vibrantes e firmes, nesta bela transferência HD que pode ser considerada de referência.
 A qualidade do áudio é de primeira e temos mixagens Dolby Digital 5.1 nos idiomas espanhol, russo e ucraniano, e DTS-HD 5.1 Master Áudio em inglês e português.

 Os Extras

Se o Blu-ray de DISTRITO 9, na parte técnica, é excelente, também no que toca a extras merece elogios. E tudo está em alta definição (HD) e exceto pelos trailers, com legendas em português – inclusive o comentário em áudio.

· BD Live;
· Comentários do Diretor e Coautor Neill Blomkamp ;
· Johanesburgo Vista de Cima: Imagens de Satélite e Mapas de Distrito 9.;
· Cenas Excluídas (23:28min.) ;;
· A Agenda Alienígena: Diário do Cineasta (34:19min.) ;
· Metamorfose – A Transformação de Wikus (9:52min.) ;
· Inovação: A Atuação dos Atores e Improvisações em Distrito 9 (12:05min.) ;
· Concepção e Design: Criação do Mundo de Distrito 9 – (13:18min) ;
· Geração Alienígena: Efeitos Visuais em Distrito 9 (10:18min.) ;
· Trailers – Trailers de outros lançamentos da Sony em Blu-ray.

Livraria Catarinense

Protegendo o Inimigo em Blu-ray

O diretor Daniel Espinosa, filho de um chileno com uma sueca, faz sua estreia em Hollywood com Protegendo o Inimigo e se sai bem.

Protegendo o Inimigo (Safe House) é um filme com personagens manjados e reviravoltas esperadas, mas é uma boa sessão de ação. O filme nos remete a outro filme com a mesma premissa Dia de Treinamento. Aqui temos novamente Denzel Washington (Tobin Frost) vivendo o cara descolado, de fala mansa e arroubos de violência, que ensina algumas lições de hombridade para o jovem novato, vivido por Ryan Reynolds (Matt Weston). Matt é o "zelador" de uma casa secreta da CIA na África do Sul, para onde são levados prisioneiros perigosos. Matt espera há meses ser promovido para sair logo daquele buraco. Mal imagina ele que, quando chega para ser interrogado na casa o lendário Tobin Frost, ex-integrante da CIA que agora é caçado como traidor, sua rotina nunca mais será a mesma e ao longo do filme, ele aprenderá como-é-duro-ser-um-agente-da-CIA-de-verdade, segundo Tobin.

A primeira meia hora da produção é excelente. Apresenta bem os personagens e muita ação. A trama se propõe a algumas reviravoltas previsíveis, o que acaba prejudicando o desempenho final. Ainda assim, merece elogio pela construção da relação entre Matt e Tobin. Reynolds e Washington possuem uma boa química e são ajudados por um roteiro que privilegia a dinâmica entre a dupla.


O ritmo de Protegendo o Inimigo é acelerado o suficiente pra suprir essas situações-clichê que ocorrem ao longo do filme. A fotografia saturada de Oliver Wood, e a granulação, que parece aumentar o calor da África do Sul, combinam com o caos. Oliver Wood, que trouxe toda sua experiência da trilogia A Identidade Bourne trouxe alguns elementos do cinema de Paul Greengrass para as sequências de ação. Outro ponto que impressiona são as  cenas de lutas corpo a corpo, principalmente no que diz respeito a brutalidade e a naturalidade.

Ryan Reynolds também merece um reconhecimento. Assim como Ethan Hawke em Dia de Treinamento, ele corre atrás e mantém o pique pra não ser engolido por Denzel Washington e consegue, nem que seja por um instante, apagar a imagem de galã asséptico e convencer como herói de ação.

Curiosamente, a produção foi pensada para ser filmada nas favelas do Rio de Janeiro, mas os realizadores acabaram desistindo por questões de logística e segurança.

Em seu primeiro projeto nos Estados Unidos, Daniel Espinosa já se apresenta como um cineasta a ser observado. Além de mostrar talento na direção, ele teve o mérito de se cercar de pessoas muito competentes no desenvolvimento de um ótimo filme.

O Blu-ray lançado pela Universal traz as faixas de áudio em 5.1 DTS-HD MA – Inglês, DTS Surround 5.1 - Português  e DTS Surround 5.1 – Espanhol e opções de legendas em Português, Espanhol, Inglês SDH.
A belíssima fotografia do filme esta em  Widescreen Anamórfico 2.40:1 com resolução de 1080p.

Esta edição vem com extras caprichados, veja a lista abaixo;
* A Produção de Safe House 
* Ação Mano a Mano 
* Filmando o Ataque de Safe House 
* Construindo a Perseguição no Telhado 
* Por Trás da Ação 
* Dentro da CIA 
* Porto Seguro: Cidade do Cabo 
* Mais - Controle-U - Picture in Picture / Explorador de Cena em Trechos Selecionados do Filme 




terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Os Agentes do Destino em Blu-ray

Livremente baseado no conto The Adjustment Team (1954), de Philip K. Dick (1928-1982), do qual também são as historias de Blade Runner, O Vingador do Futuro e Minority Report: A Nova Lei, este aborda o tema ou conflito entre livre arbítrio e predestinação, tema tão discutido e debatido por filósofos, teólogos e em conversas de botequim que afinal é o grande dilema da vida. A pergunta é “Você pode fazer as suas escolhas ou tudo já esta escrito e você pode apenas virar as paginas do seu livro?". Não tive a oportunidade de ler o conto original, mas segundo informações o filme usa apenas uma sombra da premissa da obra original.

Philip K. Dick escrevia sob a influencia de drogas e via com enorme pessimismo o futuro. Para Hollywood, o autor é excelente fonte de ideias para seus roteiros cinematográficos, mas o desenvolvimento delas é sempre alterado de um modo positivo para agradar o grande público.

O filme começa com a campanha do congressista David Norris (Matt Damon) um carismático político prestes a ganhar o seu lugar no Senado Americano. Conhece então, Elise Sellas, uma linda dançarina de ballet, que acredita ser a mulher dos seus sonhos. Porém na manhã seguinte ao encontro ao entrar em seu escritório, ele descobre seus colegas paralisados por um grupo de engravatados de chapéu. Começa então uma corrida entre o político e esses "agentes do destino", que são categóricos ao afirmar: ele jamais poderá entrar em contato com a mulher novamente, já que jamais deveria tê-la encontrado.

Nas mãos do estreante na direção George Nolfi, que foi roteirista de O Ultimato Bourne essa proposta fica ainda mais óbvia. Nunca no cinema ficou tão evidente que uma ideia criada por K. Dick pareceu estar tão preocupada em agradar. Os Agentes do Destino é muito mais um romance adocicado do que ficção científica filosófica como Blade Runner ou Minority Report.

Apesar disso, há algumas boas cenas, como a perseguição usando os portais de atalho, que brinca com a percepção de espaço e a claustrofobia dos espaços exíguos de Manhattan - passando de maneira chocante de um corredor apertado para o enorme vão do estádio dos Yankees. Como disse apesar da ação e correria, o foco do filme é mesmo na tentativa de relação entre David e Elise e a subsequente discussão sobre predestinação e amor.

Em geral as mulheres não curtem filmes de ficção cientifica, mas neste caso esta é uma sci-fi para ver em casal, abrangente e inofensiva.

Quem marca presença no filme é o ator londrino Terence Stamp (Thompson), que foi um ícone sexual da década de 1960, namorou estrelas famosas tais como Julie Christie e Brigitte Bardot, além da modelo Jean Shrimpton. Foi escolhido pela revista Empire como uma das 100 estrelas mais sexys da história do cinema e teve grandes interpretações em filmes como O Colecionador, Superman (General Zod), Teorema e As aventuras de Priscilla, a Rainha do Deserto.

Bem vamos falar sobre o Blu-ray:

O áudio original em inglês está em DTS-HD MA 5.1 e os demais em DTS Surround 5.1 (Português,Espanhol,Tcheco,Polonês e Húngaro) temos legendas nos idiomas -  Inglês, Português, Croata, Tcheco, Húngaro, Polonês, Romeno, Esloveno, Tailandês, Turco.

 O filme apresenta uma bela imagem em Widescreen 1.85:1.

O Blu-ray tem uma boa dose de extras para diversão dos cinéfilos conforme abaixo:

The Labyrinth of Doors: with this interactive map of New York City, explore the intricate network of portals to leap from location to location, and go behind the scenes with cast and crew ( O Labirinto de Portas);

Deleted and Extended Scenes (Cenas deletadas e extendidas);

Leaping Through New York (Saltando por Nova York);

Destined To Be (Destinado a Ser);

Becoming Elise (Tornando-se Elise);

Feature Commentary with Writer/Director George Nolfi (Comentário do Roteirista e Diretor George Nolfi).

Livraria Catarinense:

sábado, 7 de dezembro de 2013

Este Mundo é um Hospício em DVD da Versátil

Eleito pelo American Film Institute como uma das 100 melhores comédias de todos os tempos “Este Mundo é um Hospício” (Arsenic and Old Lace) é ainda uma das melhores comédias de humor negro. Baseada no romance homônimo de Kesselring e realizado pelo grande mestre, Frank Capra.

A trama se passa no Brooklyn, Nova York, 1941. Em uma pequena casa próxima a um cemitério vivem duas gentis e doces senhoras, Martha (Jean Adair) e Abby Brewster (Josephine Hull), que desenvolveram um péssimo hábito: matar velhos solitários. Elas acreditam que isto seja um ato de caridade com suas vítimas. O sobrinho delas, Mortimer (Cary Grant), um crítico dramático e ferrenho opositor da instituição do casamento que, de uma hora
para outra, se vê casado com uma bela loura Elaine Harper (Priscilla Lane), não tem a menor ideia dos "atos humanitários" de suas tias. Para sumir com os corpos dos velhinhos, Martha e Abby resolveram o problema iludindo um sobrinho pirado, Teddy (John Alexander), que pensa que é Teddy Roosevelt, pois dizem para ele que vai para o Panamá cavar outra "comporta" para o canal. Esta "comporta" fica no porão e lá os corpos são enterrados. Após Mortimer descobrir as artimanhas de suas delicadas e bondosas tias, vemos desfilar na tela situações cada vez mais engraçadas.

Este Mundo é um Hospício” é a comédia mais amalucada das comédias do grande Frank Capra. Uma absoluta screwball comedy, para usar o termo que definia o tipo de filme que dava mais importância ao riso, à gargalhada, que à racionalidade, à lógica, à verossimilhança.

O filme foi filmado em apenas quatro semanas, em um único cenário – uma casa ampla no Brooklyn. A obra já era uma consagrada peça da Broadway, em Nova York. Capra realizou mais um grande trabalho de sua vitoriosa carreira, contando ainda com a bela fotografia de Sol Polito e a magnífica trilha sonora do genial Max Steiner.

O elenco, como um todo, está soberbo. Mas Cary Grant é o maior nome a ser destacado, muito embora, ele esteja exagerado em algumas cenas, fazendo caras e bocas. O próprio Cary considerava a sua atuação nesse filme uma das piores de sua carreira, e muitas vezes chamou este de o menos favorito de seus filmes.

Capra o homem dos filmes idealistas, declarou em sua autobiografia “Nada de grande documento social para salvar o mundo, nada de discussão sobre o destino trágico de John Doe. Nada a não ser o velho e bom teatro – uma comédia louca, desopilante, em torno de uma série de assassinatos. Deixei as rédeas com meus atores, e eles se entregaram de coração à alegria – era uma disputa para ver quem eclipsava o outro em verve e fantasia.”.

Outra grande piada do filme, é a dupla vivida por Jonathan Brewster (Raymond Massey) e o Dr.. Einstein (Peter Lorre), um assassino serial e seu cirurgião plástico sempre de plantão, que irrompem na sala das serenas, doces, suaves irmãs Brewster, tias do doidão. O Dr.. Einstein muda o rosto de Jonathan a cada mês, para que ele possa escapar da polícia – mas como o Dr. Einstein bebe um pouco acima da conta, assim os remendos que fez no rosto do pobre Jonathan o deixam igualzinho ao Frankenstein dos filmes de terror da Universal dos anos 30. E então todo mundo que vê Jonathan o acha parecido com Boris Karloff – o que é uma piada absolutamente deliciosa, mesmo que seja repetida algumas vezes.

Fiz esta critica em cima do DVD lançado pela Versátil Home Video, que apresenta o filme com uma belíssima imagem em preto e branco no formato 1.33:1 Fullscreen e com áudio 2.0 em inglês e legendas em nosso idioma. Como extras temos o trailer de cinema e um resumo de Capra intitulado “Vida e obra de Capra”.

Livraria Catarinense


Maior parte dos filmes mudos dos EUA se perdeu, revela estudo

 Quase três quartos dos filmes de longa metragem mudos dos Estados Unidos foram perdidos, e o legado que pôs Hollywood na linha de frente da indústria do cinema de 1912 a 1929 está em perigo, informou a Biblioteca do Congresso nesta quarta-feira.

O primeiro estudo abrangente dos filmes de longa metragem norte-americanos da era do cinema mudo divulgado pela Biblioteca do Congresso apresenta um quadro angustiante. Setenta por cento dos filmes mudos foram perdidos.

Clássicos como "O Grande Gatsby", de 1926, a versão de 1917 de "Cleópatra" e "London After Midnight", com o ator Lon Chaney, de 1927, estão entre os filmes considerados perdidos em sua forma completa.

"A Biblioteca do Congresso pode agora informar com autoridade que a perda de filmes norte-americanos da era do silêncio constitui uma perda alarmante e irrecuperável para a história cultural de nossa nação", disse James H. Billington, da Biblioteca.

Cerca de 11 mil filmes com origem nos EUA foram lançados entre 1912 e 1929. Somente 14 por cento, ou uns 1.575 títulos, existem em seu formato original de 35 mm.

Cinco por cento dos que sobreviveram estão incompletos e 11 por cento dos completos estão no formato de baixa qualidade de 28 mm ou 16 mm, ou e
m versões estrangeiras, de acordo com o estudo.

Reuters

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Efeito Dominó (2008)

O australiano Roger Donaldson é um bom diretor e em minha opinião seu melhor filme foi Rebelião em Alto-mar um remake dos filmes O Grande Motim de 1935 e O Grande Motim de 1962, para o qual escalou Mel Gibson e Anthony Hopkins. Este filme lhe valeu a indicação à Palma de Ouro em Cannes.

Como o filme era estrelado por Jason Statham, fiquei ainda mais receoso de assistir uma grande bobagem com muita pancadaria e pouco cérebro. Mas amigos por fim acabei tendo uma boa surpresa.

Em Efeito Dominó, Donaldson nos conta uma história baseada num acontecimento verídico que ocorreu em setembro de 1971 – o assalto a um banco na Rua Baker, em Londres. Sendo que este caso até hoje não foi solucionado pela eficiente policia londrina. É impossível dizer o quanto desta história é real e quanto é inventado afinal, misturaram-se fatos, ficção,e os poucos artigos existentes da época com muita fofoca acumulada ao longo de quase quatro décadas. O que se sabe é que o caso teve na época a atenção maciça da imprensa, tempo mais tarde, o governo arbitrariamente proibiu tocar no assunto.

Na história de Efeito Dominó (The Bank Job) acompanhamos Terry (Jason Statham), um homem com
passado suspeito, que repentinamente se vê diante de uma oportunidade única em sua vida: é convidado pela linda Martine (Saffron Burrows) para liderar um assalto sem erros, pistas ou rastros. O alvo são cofres pessoais em um grande banco, repleto de milhões em dinheiro e joias. Mas o que Terry e sua equipe não sabem é que esses cofres também guardam grandes segredos, que poderá envolvê-los em uma perigosa rede de corrupção e escândalos, com o alto escalão do governo, a máfia e até a família real.

O que me agradou foi à historia ser contada com uma rara simplicidade e desenvoltura, com um elenco eficiente e uma trama bem amarada, que faz desse filme um ótimo thriller.

Grande parte do sucesso do filme se deve aos roteiristas Dick Clement e Ian La Frenais que enriqueceram os fatos ocorridos recheando a história com uma infinidade de subtramas que se interligam em volta da família real britânica, políticos corruptos, o Serviço Secreto Britânico, Gângsteres e um reacionário claramente inspirado em Malcom X, numa mistura de traficante e idealista. A história é bem ambientada, com uma boa trilha sonora.

Efeito Dominó é um ótimo exemplar de filme de assalto a banco, transposto com inteligência e envolvimento. A trama resultante é verossímil e agrada aos fãs do gênero, já que segue as suas regras, mantendo o suspense do início ao fim, e desenvolve suficientemente bem os personagens.

Assisti ao filme em DVD lançado pela Imagem Filmes, que não mutilou a imagem coisa normal em alguns dos filmes distribuídos por ela, deste modo temos a imagem em Widescreen Anamórfico 16:9 e áudio com as opções Português (Dolby Digital 2.0), Inglês (Dolby Digital 2.0) e Inglês (Dolby Digital 5.1). Como extras temos entrevista com a equipe, Slide Show e Trailer.

Livraria Catarinense


domingo, 1 de dezembro de 2013

Apos 30 anos Vidas sem Rumo ganha bela versão em Blu-ray

Em um subúrbio da pequena cidade de Tulsa, Oklahoma, Ponyboy Curtis (C. Thomas Howell) é o caçula de uma turma, formada ainda por Darrel Curtis (Patrick Swayze) e Sodapop Curtis (Rob Lowe). Os três órfãos tentam sobreviver onde tudo se restringe a "mexicanos pobres" e "ricaços". A trinca descende de mexicanos, amarga empregos em postos de gasolina e sofre com a perseguição da polícia. Também fazem parte da gangue Dallas Winston (Matt Dillon) e Johnny Cade (Ralph Macchio), ainda um projeto de marginal. Eles tentam vencer e amadurecer enfrentando os ricos, mas nem tudo acontece como eles planejam. Os acontecimentos são vistos pela ótica Ponyboy, que gosta de poesia e "...E o Vento Levou".

Em Vidas Sem Rumo Coppola conseguiu um feito de reunir C. Thomas Howell, Matt Dillon, Ralph Macchio, Patrick Swayze, Rob Lowe, Tom Cruise e Emilio Estevez, e só quem viveu nos anos 80 pode entender a amplitude deste façanha. Não que na época, eles já fossem ídolos, estavam apenas começando. Mas, ao adaptar o livro The Outsider, Coppola não apenas lhes deu uma chance de suas vidas, como demonstrou uma visão incrível de quais seriam os nomes da próxima geração de Hollywood,principalmente, Tom Cruise, que fazia apenas uma ponta na trama, mas se tornou um dos maiores astros de Hollywood.
Por não ter sido um filme com apelo comercial lembro que vi o filme na sessão de Arte do Cine Busch, que meu falecido pai lutava para manter e assim dar oportunidade a comunidade Blumenauense de ver filmes do circuito alternativo.Eu devia ter entre 23 ou 24 anos quando Vidas sem Rumo (mais conhecido no seu título original, The Outsiders), o mesmo foi lançado no Brasil em julho de 1984. Naquela época, os filmes chegavam no Brasil com certo atraso e em Blumenau nem se fala. Vidas sem Rumo é de 1983 e completou trinta anos em março, quando estreou nos cinemas americanos. Lembro que assisti a este belo drama dirigido por Francis Coppola e muito mexeu comigo. Ao revê-lo, recentemente em Blu-ray, percebi que algumas coisas ficaram marcadas para sempre, como o cabelo tingido de loiro do personagem Ponyboy ou ótimo casting que o realizador escolheu. Quase todos os atores viraram astros ou, em algum momento de suas carreiras, tiveram seu lugar ao sol.
Vidas Sem Rumo, apesar de tratar de temas fortes, como discriminação, pobreza e racismo, o roteiro do filme é bastante poético, ingênuo até. Isso devido à escolha da visão do narrador, o protagonista Ponyboy, que é mesmo um garoto bastante ingênuo e sensível. Adora poesia e "E O Vento Levou", não apenas o filme, mas, principalmente o livro, que carrega em boa parte da trama consigo, tendo momentos em que o lê para o amigo Johnny. Então, apenas acompanhamos essa trajetória sem muito rumo ou sentido mesmo. Apenas uma história de descoberta em uma fase-chave da vida. 

Bem amigo leitor e o Blu-ray de Vidas sem Rumo, é o que posso dizer um item de colecionador. Diferente da versão que vi no cinema a Universal fez uma belíssima restauração e você pode curtir as cores da belíssima fotografia nesta na versão em Blu-ray. Outro ponto forte é o som e a imagem, que foram remasterizados, têm qualidade infinitamente superior à projeção das salas dos anos 80. Segundo: Coppola, em 2005, decidiu acrescentar 23 minutos ao filme original, dando à trama um ganho emocional e familiar que havia sido extraído do corte final. Esta é versão que saiu em Blu-ray denominada Edição do Colecionador, que, além da nitidez impressionante por causa da alta definição, traz de volta a luz da belíssima fotografia.

Os extras também são muito bacanas, embora não tenha nenhum material inédito para o Blu-ray. Mas é delicioso ver como os atores C. Thomas Howell, Ralph Macchio, Patrick Swayze e Diane Lane reagiram ao ver a nova versão de Vidas sem Rumo, mais de vinte anos depois das filmagens – e num projetor numa sala da mansão de Coppola.




sábado, 30 de novembro de 2013

Contagio em Blu-Ray

Creio que Contagio deve ser visto como uma forma de alerta à sociedade, e assim ele funciona perfeitamente. Steven Soderbergh apresenta algumas cenas que são chocantes e impressionam de verdade, embora algumas vezes semelhanças e referências nos remetam a Ensaio sobre a cegueira sejam mais do que óbvias. A forma semi-documentarial que o cineasta escolheu para apresentar trechos de sua história contribui em muito para tornar o filme mais interessante. Contágio é um filme que consegue chocar, mas não é pesado demais para o grande público.

A grande pergunta do filme é "Quanto tempo dura um apocalipse?" Ja tivemos no cinema diversas visões de pós-apocalipse, o caos instalado, o panico e a luta dos sobreviventes, mas em Contagio  acompanhamos o processo que leva à desordem. Às vezes nem os heróis do fim do mundo, como o Rick Grimes de Walking Dead ou Cillian Murphy em Extermínio, sabem o que aconteceu - o apocalipse transcorre sem resistência, inercialmente, como um grande coma induzido.

Vamos usar por exemplo "a gripe suína", ela parecia uma doença que ameaçava o mundo de uma forma indescritível. Passado o pânico, percebeu-se que a mortalidade dessa doença era igual a das outras gripes comuns. É este cenário paranóico, que  é muito bem retratado em  Contágio, de uma forma bem mais avassaladora, mas não menos realista. A ideia de Contágio é contar não apenas como o apocalipse se aproxima e se estabelece, mas acompanhar a reação do cidadão comum e das principais instâncias de poder do mundo diante do fim iminente Ao mesmo tempo, Steven Soderbergh injeta inúmeras teorias de conspiração sobre a origem do vírus, tanto o lado bom e lado ruim de uma possível vacina e o que é mentira e o que é verdade sobre o assunto quando é posto na internet.

 O filme consegue equilibrar diversas tramas, numa verdadeira montanha russa de acontecimentos, nas quais, o diretor jamais deixa sair dos trilhos. Isso graças se deve também a um elenco estelar, em que cada um, interpreta um personagem que acaba desencadeando inúmeros acontecimentos colocados na tela, para então, ambos as personagens com os seus dramas pessoas em meio ao caos, se entrelacem um com os outros. De certo modo, é como se Soderbergh refizesse a pirâmide de hierarquias e responsabilidades que o diretor fez (e muito bem) em um dos seus  filmes clássicos, Traffic, mas numa chave muito mais alarmista.

O roteiro de Scott Z. Burns, autor de Ultimato Bourne que trabalhara com Soderbergh em O Desinformante, dá conta de vários personagens de forma bem satisfatória. Não há cenas descartáveis, todos os momentos com esses protagonistas têm algo a acrescentar, e ao mesmo tempo o roteiro não é expositivo em excesso. Mas  principal força de Contágio não está, porém, no roteiro, e sim na encenação. Soderbergh filma com enquadramentos "duros", de movimentos econômicos, e com a câmera à meia distância dos atores - um jeito aparentemente desapaixonado de encarar um tema tão dramático, mas esse estilo ajuda a dar ao filme um tom mais clínico. O distanciamento é uma boa forma, também, de valorizar os close-ups quando eles acontecem.

Steven Soderbergh encara o apocalipse com um misto de olho clínico e alarmismo

Por fim, Contagio é uma incrível aula de montagem onde o diretor passa em cada cena as inúmeras formas da pessoa pegar o vírus. O prólogo e o epilogo são um belo exemplo disso, onde faz também uma referencia explicita a teoria do caos ou simplesmente o efeito borboleta.

A edição nacional em Blu-Ray Disc, pela Warner Home Enterteinment, traz o filme no formato Widescreen 16:9,com áudio DTS-HD Master 5.1 (em inglês) e Dolby Digital 5.1(em espanhol e português). Como extras traz: A Realidade do Contagio; Os Detetives do Contagio e Contagio: Como um Virus Muda o Mundo.105 minutos.

POSSUÍDOS (1998) - Blu-ray

Após a execução do serial killer Edgar Reese (Elias Koteas) na câmara de gás, o policial e detetive John Hobbes (Denzel Washington) acredita que parte dos seus problemas terminaram, mas logo repara que pessoas na rua cantam a mesma melodia, Time Is On My Side, dos Rolling Stones, que o criminoso cantou na sua execução. A partir desse ponto, o policial conclui que todos estavam possuídos por Azazel, um anjo amaldiçoado que não tem forma mas que com um simples toque consegue penetrar em quase todas os seres vivos. Quando Hobbes é forçado a m
atar um professor, que estava possuído pelo espírito, fica claro que ele precisa proteger as pessoas desta entidade demoníaca.

Possuídos é um filme surpreendente.Talvez um dos melhores filmes de terror realizados nos anos 90. Na verdade, é tão surpreendente que você só percebe que havia algo a descobrir quando o filme acaba. Pois este não é um policial como Os Suspeitos ou Copycat. Aqui, você já sabe quem é o assassino, como ele age e até mesmo imagina como o detetive deve resolver a questão. E, no entanto, ainda consegue ser pego de surpresa.

A partir de premissa interessante, a luta de Hobbes para derrota o demonio Azazel,o roteiro de Nicholas Kazan vai nos envolvendo em uma história tensa e mais complexa do que parecia inicialmente.Além de um roteiro extremamente inteligente e bem escrito, o filme conta, ainda, com a direção segura de Gregory Hoblit, que já realizou o também instigante As Duas Faces de um Crime, e com as atuações poderosas de Washington, John Goodman e Donald Sutherland (este último fazendo, mais uma vez, o tipo estranhamente suspeito que se tornou sua especialidade).

O filme não fez muito sucesso nos cinemas,na época de seu lançamento talvez por seu título brasileiro. Já deve existir mais de trezentos filmes com esse título. O título original, “Fallen”, na verdade faz menção a Azazel um “Anjo Caído”.

Existem duas sequencias, em particular, que me impressionaram bastante: aquela em que Washington é confrontado por diversos transeuntes que tocam uns nos outros para `transmitir` o espírito de Azazel e aquela em que a personagem de Embeth Davidtz é perseguida pelo `demônio` que, ao invés de simplesmente correr atrás dela, vai se deslocando através dos corpos das pessoas que estão andando na rua, como um efeito dominó. A cena é tensa e inventiva. Na verdade, é uma das melhores perseguições que já vi.

 O diretor Gregory Hoblit, que depois realizaria mais tarde o ótimo Alta Freqüência, com Dennis Quaid e James Caviezel, mostra uma perfeita habilidade ao unir a trama policial, com os acontecimentos sobrenaturais.

Possuídos ainda possui uma bela fotografia e uma excelente direção de arte (observem como o `tom` do filme vai mudando durante o transcorrer da história, de uma cidade clara e calorenta até o inverno sombrio das montanhas). Além, é claro, da música-tema Time Is On My Side, dos Rolling Stones, que é cantada por todos aqueles que entram em contato com Azazel.Ao final do filme, você já ouviu tanto essa canção que é quase impossível tira-la de sua cabeça.Além da letra da mesma ter uma mensagem do sarcasmo do proprio Azazel.

A edição nacional em Blu-Ray Disc, pela Warner Home Enterteinment, traz o filme no formato widescreen (16x9), com áudio DTS-HD Master 5.1 (em inglês) e Dolby Digital (em espanhol e português). Como extras traz apenas o trailer e comentários do diretor, do roteirista e do produtor. 124 minutos.

Merecia uma edição melhor.

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O Homem Que Fazia Filmes – Howard Hawks

No mundo de Howard Hawks, ou seja, no mundo retratado em seus filmes o que mais ele explorava era a competição e o companheirismo do mundo masculino, um exemplo clássico pode ser visto em Onde Começa o Inferno (Rio Bravo).

Durante 43 anos este mestre fez um filme por ano, transitando pelos mais variados gêneros, mas seus preferidos eram as comedias e os filmes de ação.

No inicio de sua carreira já podemos ver a criação do “universo Hawks” em Patrulha da madrugada (The Dawn Patrol) de 1930, um dos seus primeiros filmes sonoros, no qual ele retrada o dia a dia de uma esquadra que sobrevoa as trincheiras da Primeira Guerra Mundial já vemos cenas de ação muito avançadas para a época, sendo as mesmas quase um estado da arte.
Mas o grande segredo de Hawks não esta nas cenas de ação e sim nos seus diálogos, em Patrulha da madrugada é através do dialogo que um grupo de soldados bêbados e briguentos descobre o companheirismo.

Em Delirante (The Crowd Roars) de 1932, ele retrata a ação e a convivência dos pilotos de corrida com cenas fantásticas.

Mas neste mesmo ano ele faz seu clássico filme de Gangster – Scarface, A vergonha de uma Nação (Scarface) – mais tarde refilmado por Brian de Palma com Al Pacino. O filme era vagamente inspirado na vida de Al Capone, e estrelado por Paul Muni e George Raft. Uma das cenas mais famosas do filme acontece entre Muni e Ann Dvorak, no papel de sua irmã na qual intencionalmente Hawks sugere uma relação incestuosa. Este foi também o filme que deu fama a George Raft.

Hawks declarou que ao contrario de outros diretores nunca trabalhou sob o contrato de um único estúdio, pois queria ter a liberdade de recusar um trabalho se não gostava do mesmo ou pelo menos ter a liberdade de fazer as alterações que ele julgava necessárias.

Em 1934, ele queria fazer Suprema Conquista (Twentieth Century), sua primeira comédia pastelão, baseada na peça de Charles MacArthur e Ben Hecht , dois de seus roteiristas favoritos. O filme seria estreado pela então jovem atriz Carol Lombard e o veterano John Barrymore escolhido pelo próprio Hawks, que o convenceu a fazer o papel.

Hawks teve grande sucesso com a comedia, Levada da Breca (Bringing Up Baby) de 1938, estrelada por Katharine Hepburn e Gary Grant onde ambos estão envolvidos com uma onça que gera muitas confusões.

Em 1939, Hawks volta a ação misturada a comédia, em Paraiso Infernal (Only Angels have Wings),onde  Geoff Carter (Cary Grant) é proprietário de uma pequena e falida companhia aérea na América do Sul. Esta companhia transporta correio da cidade portuária de Barranca na Colômbia, sobre as montanhas da Cordilheira dos Andes. Bonnie Lee (Jean Arthur) é uma pianista que quando chega a cidade se apaixona por Carter, apesar de sua profissão perigosa; Bonnie resolve ficar em Barranca (não a convite de Carter, como ele insiste em dizer). Aqui temos o confronto de um homem com a tipica mulher criada por Hawks, decidida, inteligente e engraçada.

Em Jejum do Amor (His Girl Friday - 1940), Hawks volta a comedia. Esta também é estrelada por Gary Grant mas no lugar de Hepburn temos Rosalind Russell. O filme mostra o choque entre Walter e Hildy que são dois jornalistas que trabalham no mesmo jornal e acabam de se divorciar. Hildy vai até o jornal pedir demissão e avisar que está noiva e vai se casar no dia seguinte. Mas Walter não aceita e pede a ela que escreva uma última grande história sobre o assassino Earl Williams, enquanto ele ganha tempo para usar todos os seus truques para separar o casal.Este filme é um triunfo de ação, dialogo, misantropia e o filme mais excêntrico e engraçado de Hawks.

Sargento York (Sargento York) de 1941, estamos nos primeiros anos da Segunda Guerra Mundial e Hawks faz um filme em homenagem aos heróis da Primeira Guerra. Não é um filme típico de Hawks, pois York é um personagem solitário, um homem que luta com sua própria consciência para poder vencer o inimigo. Alvin C. York é um fazendeiro que luta para sobreviver da terra infértil na qual vive. Alvin sonha comprar terras num sítio mais fértil, sendo que o seu pai tinha esse sonho e não o conseguiu concretizar, apesar de ter trabalhado muito para isto.Alvin torna-se então um religioso e em 1917 quando os americanos entram na 1ª Guerra Mundial e milhares de homens vão alistar-se Alvin nega-se, pois crê que toda aquela guerra é inútil e desumana. Ele não se apresenta no exército, declarando-se que isto vai contra a sua consciência. O pastor Pile tenta convencer o exército que as convicções religiosas de Alvin deveriam impedi-lo de ir para a guerra, mas o exército não reconhece a igreja de Pile como entidade religiosa oficial. Então Alvin acaba por ir, sem imaginar que isto iria modificar sua vida para sempre.


Pulamos agora para 1944 com Uma Aventura na Martinica (To Have And Have Not). Este filme conforme conta o próprio Hawks surgiu de uma aposta. Hawks queria muito que Ernest Hemingway, escreve roteiros para ele, mas Hemingway não queria. Assim Hawks sugeriu que pegaria seu pior livro e o adaptaria para o cinema e Hemingway disse que não havia como transformar o livro em um filme. Outra vitoria de Hawks neste filme foi contra Bogart, para o qual disse que pegaria uma atriz e a faria ser mais insolente que ele, coisa que Bogart achava impossível. Uma Aventura na Martinica foi um sucesso tão grande que o estúdio pediu um novo filme para Hawks com a dupla Bogart/Bacall.

Então dois anos depois temos À Beira do abismo (The Big Sleep) um dos melhores filmes de Hawks na opinião deste que vos escreve. Baseado no livro de Raymond Chandler. Segundo Hawks foi neste filme que ele fez uma grande descoberta “você não precisa ser muito lógico, só tem que fazer boas cenas”, com um roteiro escrito  em 8 dias a 4 mãos por William Faulkner, Leigh Brackett que disseram para Hawks que não iriam alterar o que fora escrito, pois estava tão bom que não havia razão de torna-lo lógico.E Hawks acatou a decisão.

Em 1948 Hawks volta ao mundo masculino e em seu primeiro western uma obra prima do velho oeste. Rio Vermelho (Red River), estrelado pelo eterno cowboy John Wayne, que fez uma parceria tão boa com Hawks como Grant havia feito nas comedias. O filme relata a história da primeira condução de gado pela chamada Trilha de Chisholm, do sul do Texas até Abeline no Kansas, em 1865. No caminho, o dono do gado tentará resolver o conflito com seu jovem filho adotivo (Montgomery Clift), que se rebela contra a tirania do pai.

Em 1949 ele volta a dirigir uma comédia amalucada, intitulada A Noiva Era Ele (I Was a Male War Bride). Desta vez Ann Sheridan foi a coadjuvante de Gary Grant. Nesta historia o Capitão Henri Rochard(Grant) é um oficial designado para trabalhar com a tenente Catherine Gates (Sheridan) na França. Após de uma série de desventuras malucas, eles se apaixonam e se casam. Catherine logo recebe ordens para retornar aos Estados Unidos e Henri quer voltar com ela. Mas, enquanto o Exército tem um protocolo rígido para lidar com "noivas de guerra", não há uma lei semelhante para homens que se casam com pessoas do sexo feminino do Exército, de modo que a fim de seguir sua nova esposa para os Estados Unidos, Rochard tem de disfarçar-se de mulher.

Outra comedia de Hawks feita em 1952 O Inventor da Mocidade (Monkey Business), estrelada também por Grant ao lado do ícone mais glamoroso de Hollywood,uma diva legítima, Marilyn Monroe.
Esta é mais uma malucada comédia, na qual uma secretária voluptuosa e seu chefe bonitão não conseguem impedir um rebuliço em suas vidas após um chipanzé preparar acidentalmente uma fórmula que devolve a juventude.


Chegamos então a Onde Começa o Inferno (Rio Bravo), o ápice de Hawks em matéria de western. De um lado está um exército de pistoleiros de aluguel espreitando a cadeia na tentativa de libertar um assassino. Do outro, está o xerife John T. Chance (John Wayne) e seus dois assistentes: um ex-beberrão em recuperação (Dean Martin) e o outro um velho manco e reclamão (Walter Brennan). Ao lado deles também estão um jovem rápido no gatilho (Ricky Nelson) e uma mulher com um passado sombrio (Angie Dickinson), mas cujo coração palpita por Chance. O diretor Howard Hawks elevou o western às alturas com Rio Vermelho. Capturando a verdadeira imagem do Oeste bravio com um elenco estelar e na melhor forma, ele repetiu a façanha. Neste filme também figura Walter Brennan um dos atores favoritos de Hawks.

Posso dizer que este talvez seja o maior tributo de Hawks ao mundo e aos seus maiores valores, o profissionalismo dedicado, à amizade entre os homens , ao herói que vai contra todas as possibilidades pois acredita nestes valores.
Assim era Howard Hawks um homem que contava historias, com ironia e indiferença, as vezes com risadas, as vezes com a mais dura realidade.  Hawk fazia filmes como poucos em Hollywood.

Filmografia:

1970 - Rio Lobo
1966 - El Dorado
1965 - Red Line 7000 (Faixa Vermelha 7000 ou Traço vermelho 7000)
1964 - Man's Favorite Sport? (O esporte favorito dos homens)
1962 - Hatari!
1959 - Rio Bravo (Onde Começa O Inferno)
1955 - Land of the Pharaohs (Terra dos Faraós ou Vale dos Reis)
1953 - Gentlemen Prefer Blondes (Os homens preferem as louras)
1952 - O. Henry's Full House (Páginas da Vida) 
1952 - Monkey Business (O inventor da mocidade)
1952 - The Big Sky (Céu aberto)
1951 - The Thing From Another World (O Monstro do Ártico - (não creditado)
1949 - I Was a Male War Bride (A Noiva era Ele)
1948 - A Song Is Born (A Canção prometida)
1948 - Red River (Rio Vermelho)
1946 - The Big Sleep (À Beira do abismo)
1944 - To Have and Have Not (Ter e não ter)
1943 - The Outlaw (O Proscrito ou O fora da lei) (não creditado)
1943 - Air Force (Águias Americanas)
1941 - Ball of Fire (Bola de fogo)
1941 - Sergeant York (Sargento York)
1940 - His Girl Friday (Jejum de amor)
1939 - Only Angels Have Wings (Paraiso Infernal)
1938 - Bringing Up Baby (Levada da Breca)
1936 - Come and Get It (Meu filho é meu rival)
1936 - The Road to Glory (Espelhos d'alma ou O caminho da Glória)
1936 - Sutter's Gold ) (não creditado)
1936 - Ceiling Zero (Heróis do ar)
1935 - Barbary Coast (Duas almas se encontram)
1934 - Twentieth Century (filme) (Suprema conquista)
1934 - Viva Villa! (uncredited)
1933 - The Prizefighter and the Lady (não creditado)
1933 - Today We Live (Vivamos hoje)
1932 - Tiger Shark (O tubarão)
1932 - The Crowd Roars (Delirante)
1932 - La Foule hurle
1932 - Scarface
1931 - The Criminal Code (O código penal)
1930 - The Dawn Patrol (Patrulha da madrugada)
1929 - Trent's Last Case (Quem é o culpado?)
1928 - The Air Circus
1928 - Fazil
1928 - A Girl in Every Port
1927 - Paid to Love
1927 - The Cradle Snatchers
1926 - Fig Leaves

1926 - The Road to Glory

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Morre o cinema

Dizer que o cinema morreu com a morte de Herbert Holetz poderá parecer, à
primeira vista, afirmação hiperbólica. Morreu sim, em parte, em Blumenau e em outras cidades. Ele gerenciou cinemas aqui (Busch e Blumenau), em Gaspar e Joinville.
Herbert tomava café, almoçava e jantava cinema, portanto, convivia com ele 24 horas por dia. Já escrevi isto algumas vezes. Da mesma maneira, afirmei que virei cinéfilo já no berçário. Mas ele me superou e quanto!
Doente, mais grave na segunda metade de 2013, preocupava-se com o andar do seu Cinearte, projeto comemorando 10 anos de vida, instalado na Fundação Cultural de Blumenau. Fundou-o com o objetivo maior de levar ao público, gratuitamente, clássicos, filmes raros.

Jorge, seu filho, contou-me que, num domingo à tarde, teria dito: - “Preparem-se que vou embora logo. Ontem, recebi visita de uns amigos que virão buscar-me”. Brincando, imaginamos quem seriam esses amigos. Gary Cooper, John Wayne, Gregory Peck, Errol Flynn, por certo.

Afinal, a vida inteira respirou cinema. Preferia os filmes antigos, dessa turma citada aí em cima. Para os novos, torcia o nariz. Para ele, não se fazia mais cinema como antigamente. Uma e outra exceção: A última sessão de cinema, Cinema Paradiso (cujo protagonista, Alfredo, tinha muito a ver com nosso herói blumenauense)...

Com o aparecimento da televisão, mesmo preocupado, dizia que não temia a concorrência. Naquela época, os filmes eram lançados comercialmente e somente muito tempo depois alcançavam o vídeo. Holetz, num cartaz de um faroeste, acrescentou: “Este filme só será exibido na televisão daqui a 3 anos!”. Hoje, tal expediente seria inútil. A produção estreia na tela grande, e, quase de imediato, sai em DVD e pra telinha é um já.

Entendia que a sétima arte oferece muito mais do que a tela pequena: “Oferece tudo. Imagem, emoções, sentimentos. Dentro do cinema, você pode viver muitas coisas que na própria vida não poderia nem ver nem viver”. Para ele, o cinema continuava sendo a melhor, a mais instrutiva e a mais barata de todas as diversões.

A jornalista Magali Moser, no livro A vida pelo cinema – Herbert Holetz entre a realidade e a ficção, acha que após uma trajetória de lutas, conquistas e decepções, Holetz só iria sossegar quando o Museu Histórico de Cinema se tornasse realidade.


Coluna Prosa e Verso para o dia 16 de novembro

Gervásio Tessaleno Luz

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Fausto (1926) – Coleção Folha Grandes Livros no Cinema

Hoje vou falar sobre outro lançamento da parceria Folha de São Paulo/ Versátil Home Vídeo, o fascículo de nro.15, que nos traz o filme de 1926 – Fausto (Faust - Eine Deutsche Volkssage) baseado na obra de Goethe.

O filme com Mefistófeles fazendo uma aposta com um Anjo, dizendo-se capaz de corromper a alma de Fausto, afim de dominar o Mundo. Mefisto então lança uma praga sobre a terra, e Fausto, um velho alquimista que vê sua cidade ser assolada pela peste negra. Vendo tanta morte, começa a pensar sobre sua própria finitude. Ele então evoca Mefistófeles, e lhe pede sua juventude de volta e eterna. O demônio a garante, em troca da alma de Fausto. Tudo parecia perfeito, até este se apaixonar por uma jovem italiana.

Este foi o ultimo filme dirigido por Friedrich Wilhelm  Murnau (1888 – 1931), ou simplesmente F. W. Murnau, em sua terra natal a Alemanha, quando emigrou para Hollywood.

Fausto por não ser tão conhecido como outras obras do diretor, como, Nosferatu, Uma Sinfonia de Horrores (Nosferatu, Eine Symphonie des Grauens), de 1922, ou o aclamado Aurora (Sunrise) de 1927, mas é uma importante obra do cinema mudo e expressionista alemão, bem como do movimento Kammerspiel,  cujas principais características são: - Filmes com estética mais realista. - Roteiros com poucos diálogos. - Ao contrário do caligarismo, privilegia cenários mais realistas, mas sem abandonar aspectos subjetivos em sua concepção. - Iluminação sofisticada e movimentação de câmera mais rebuscada.

Fausto situa sua ação no final da Idade Média e Murnau concebe uma atmosfera mística a partir dos contrastes de iluminação, que remetem à pinturas de Rembrandt, ou seja o que vemos na tela são imagens de espantosa beleza. Murnau “imprime a cada uma dessas imagens, armando ao longo de cada cena uma sinfonia em que luz e sombras compõem um campo de batalha.” (Inácio Araujo, na Folha, 17/10/1993), caro leitor, devemos levar em conta que o filme foi feito em 1926.

O filme conta com nomes como Emil Jannings (Mefistófeles), o grande ator suíço, muito lembrado pelo clássico O Anjo Azul (Der Blaue Engel).onde trabalhou com Marlene Dietrich, que aqui mostra sua origem teatral e teve uma carreira promissora também em Hollywood terminada quando os filmes sonoros fizeram de seu forte sotaque alemão difícil de entender. Outro nome que se tornou famoso é o ator e posterior diretor William Dieterle, que se destacou em Hollywood na direção de filmes como A História de Louis Pasteur, Emile Zola e O Retrato de Jennie, que aqui vive o papel do jovem Valentin.

Bom, vamos falar do DVD. Esta edição esta infinitamente superior a do DVD lançado pela Continental que tinha uma qualidade de imagem ruim e como extra trazia de forma estática a Biografia de Emil Jannings e F.W. Murnau e uma coleção de fotos “ditas” raras. Já o DVD Folha/Versátil traz uma versão restaurada pela Friedrich Wilhelm  Murnau Stiftung . Quanto ao áudio, uma vez que este é um filme mudo, temos duas opções de trilha de fundo  sendo uma  a nova trilha sonora de Mont Alto em dolby digital 5.1 ou Perez de Azpeitia(piano) baseado na trilha de 1926, esta em dolby digital 2.0.


Como extra temos um ótimo documentário intitulado “Fausto, a linguagem das Sombras” de 52 min. que fala sobre o diretor e sua saga para produzir Fausto.