sábado, 30 de novembro de 2013

Contagio em Blu-Ray

Creio que Contagio deve ser visto como uma forma de alerta à sociedade, e assim ele funciona perfeitamente. Steven Soderbergh apresenta algumas cenas que são chocantes e impressionam de verdade, embora algumas vezes semelhanças e referências nos remetam a Ensaio sobre a cegueira sejam mais do que óbvias. A forma semi-documentarial que o cineasta escolheu para apresentar trechos de sua história contribui em muito para tornar o filme mais interessante. Contágio é um filme que consegue chocar, mas não é pesado demais para o grande público.

A grande pergunta do filme é "Quanto tempo dura um apocalipse?" Ja tivemos no cinema diversas visões de pós-apocalipse, o caos instalado, o panico e a luta dos sobreviventes, mas em Contagio  acompanhamos o processo que leva à desordem. Às vezes nem os heróis do fim do mundo, como o Rick Grimes de Walking Dead ou Cillian Murphy em Extermínio, sabem o que aconteceu - o apocalipse transcorre sem resistência, inercialmente, como um grande coma induzido.

Vamos usar por exemplo "a gripe suína", ela parecia uma doença que ameaçava o mundo de uma forma indescritível. Passado o pânico, percebeu-se que a mortalidade dessa doença era igual a das outras gripes comuns. É este cenário paranóico, que  é muito bem retratado em  Contágio, de uma forma bem mais avassaladora, mas não menos realista. A ideia de Contágio é contar não apenas como o apocalipse se aproxima e se estabelece, mas acompanhar a reação do cidadão comum e das principais instâncias de poder do mundo diante do fim iminente Ao mesmo tempo, Steven Soderbergh injeta inúmeras teorias de conspiração sobre a origem do vírus, tanto o lado bom e lado ruim de uma possível vacina e o que é mentira e o que é verdade sobre o assunto quando é posto na internet.

 O filme consegue equilibrar diversas tramas, numa verdadeira montanha russa de acontecimentos, nas quais, o diretor jamais deixa sair dos trilhos. Isso graças se deve também a um elenco estelar, em que cada um, interpreta um personagem que acaba desencadeando inúmeros acontecimentos colocados na tela, para então, ambos as personagens com os seus dramas pessoas em meio ao caos, se entrelacem um com os outros. De certo modo, é como se Soderbergh refizesse a pirâmide de hierarquias e responsabilidades que o diretor fez (e muito bem) em um dos seus  filmes clássicos, Traffic, mas numa chave muito mais alarmista.

O roteiro de Scott Z. Burns, autor de Ultimato Bourne que trabalhara com Soderbergh em O Desinformante, dá conta de vários personagens de forma bem satisfatória. Não há cenas descartáveis, todos os momentos com esses protagonistas têm algo a acrescentar, e ao mesmo tempo o roteiro não é expositivo em excesso. Mas  principal força de Contágio não está, porém, no roteiro, e sim na encenação. Soderbergh filma com enquadramentos "duros", de movimentos econômicos, e com a câmera à meia distância dos atores - um jeito aparentemente desapaixonado de encarar um tema tão dramático, mas esse estilo ajuda a dar ao filme um tom mais clínico. O distanciamento é uma boa forma, também, de valorizar os close-ups quando eles acontecem.

Steven Soderbergh encara o apocalipse com um misto de olho clínico e alarmismo

Por fim, Contagio é uma incrível aula de montagem onde o diretor passa em cada cena as inúmeras formas da pessoa pegar o vírus. O prólogo e o epilogo são um belo exemplo disso, onde faz também uma referencia explicita a teoria do caos ou simplesmente o efeito borboleta.

A edição nacional em Blu-Ray Disc, pela Warner Home Enterteinment, traz o filme no formato Widescreen 16:9,com áudio DTS-HD Master 5.1 (em inglês) e Dolby Digital 5.1(em espanhol e português). Como extras traz: A Realidade do Contagio; Os Detetives do Contagio e Contagio: Como um Virus Muda o Mundo.105 minutos.

POSSUÍDOS (1998) - Blu-ray

Após a execução do serial killer Edgar Reese (Elias Koteas) na câmara de gás, o policial e detetive John Hobbes (Denzel Washington) acredita que parte dos seus problemas terminaram, mas logo repara que pessoas na rua cantam a mesma melodia, Time Is On My Side, dos Rolling Stones, que o criminoso cantou na sua execução. A partir desse ponto, o policial conclui que todos estavam possuídos por Azazel, um anjo amaldiçoado que não tem forma mas que com um simples toque consegue penetrar em quase todas os seres vivos. Quando Hobbes é forçado a m
atar um professor, que estava possuído pelo espírito, fica claro que ele precisa proteger as pessoas desta entidade demoníaca.

Possuídos é um filme surpreendente.Talvez um dos melhores filmes de terror realizados nos anos 90. Na verdade, é tão surpreendente que você só percebe que havia algo a descobrir quando o filme acaba. Pois este não é um policial como Os Suspeitos ou Copycat. Aqui, você já sabe quem é o assassino, como ele age e até mesmo imagina como o detetive deve resolver a questão. E, no entanto, ainda consegue ser pego de surpresa.

A partir de premissa interessante, a luta de Hobbes para derrota o demonio Azazel,o roteiro de Nicholas Kazan vai nos envolvendo em uma história tensa e mais complexa do que parecia inicialmente.Além de um roteiro extremamente inteligente e bem escrito, o filme conta, ainda, com a direção segura de Gregory Hoblit, que já realizou o também instigante As Duas Faces de um Crime, e com as atuações poderosas de Washington, John Goodman e Donald Sutherland (este último fazendo, mais uma vez, o tipo estranhamente suspeito que se tornou sua especialidade).

O filme não fez muito sucesso nos cinemas,na época de seu lançamento talvez por seu título brasileiro. Já deve existir mais de trezentos filmes com esse título. O título original, “Fallen”, na verdade faz menção a Azazel um “Anjo Caído”.

Existem duas sequencias, em particular, que me impressionaram bastante: aquela em que Washington é confrontado por diversos transeuntes que tocam uns nos outros para `transmitir` o espírito de Azazel e aquela em que a personagem de Embeth Davidtz é perseguida pelo `demônio` que, ao invés de simplesmente correr atrás dela, vai se deslocando através dos corpos das pessoas que estão andando na rua, como um efeito dominó. A cena é tensa e inventiva. Na verdade, é uma das melhores perseguições que já vi.

 O diretor Gregory Hoblit, que depois realizaria mais tarde o ótimo Alta Freqüência, com Dennis Quaid e James Caviezel, mostra uma perfeita habilidade ao unir a trama policial, com os acontecimentos sobrenaturais.

Possuídos ainda possui uma bela fotografia e uma excelente direção de arte (observem como o `tom` do filme vai mudando durante o transcorrer da história, de uma cidade clara e calorenta até o inverno sombrio das montanhas). Além, é claro, da música-tema Time Is On My Side, dos Rolling Stones, que é cantada por todos aqueles que entram em contato com Azazel.Ao final do filme, você já ouviu tanto essa canção que é quase impossível tira-la de sua cabeça.Além da letra da mesma ter uma mensagem do sarcasmo do proprio Azazel.

A edição nacional em Blu-Ray Disc, pela Warner Home Enterteinment, traz o filme no formato widescreen (16x9), com áudio DTS-HD Master 5.1 (em inglês) e Dolby Digital (em espanhol e português). Como extras traz apenas o trailer e comentários do diretor, do roteirista e do produtor. 124 minutos.

Merecia uma edição melhor.

Livraria Catarinense

O Homem Que Fazia Filmes – Howard Hawks

No mundo de Howard Hawks, ou seja, no mundo retratado em seus filmes o que mais ele explorava era a competição e o companheirismo do mundo masculino, um exemplo clássico pode ser visto em Onde Começa o Inferno (Rio Bravo).

Durante 43 anos este mestre fez um filme por ano, transitando pelos mais variados gêneros, mas seus preferidos eram as comedias e os filmes de ação.

No inicio de sua carreira já podemos ver a criação do “universo Hawks” em Patrulha da madrugada (The Dawn Patrol) de 1930, um dos seus primeiros filmes sonoros, no qual ele retrada o dia a dia de uma esquadra que sobrevoa as trincheiras da Primeira Guerra Mundial já vemos cenas de ação muito avançadas para a época, sendo as mesmas quase um estado da arte.
Mas o grande segredo de Hawks não esta nas cenas de ação e sim nos seus diálogos, em Patrulha da madrugada é através do dialogo que um grupo de soldados bêbados e briguentos descobre o companheirismo.

Em Delirante (The Crowd Roars) de 1932, ele retrata a ação e a convivência dos pilotos de corrida com cenas fantásticas.

Mas neste mesmo ano ele faz seu clássico filme de Gangster – Scarface, A vergonha de uma Nação (Scarface) – mais tarde refilmado por Brian de Palma com Al Pacino. O filme era vagamente inspirado na vida de Al Capone, e estrelado por Paul Muni e George Raft. Uma das cenas mais famosas do filme acontece entre Muni e Ann Dvorak, no papel de sua irmã na qual intencionalmente Hawks sugere uma relação incestuosa. Este foi também o filme que deu fama a George Raft.

Hawks declarou que ao contrario de outros diretores nunca trabalhou sob o contrato de um único estúdio, pois queria ter a liberdade de recusar um trabalho se não gostava do mesmo ou pelo menos ter a liberdade de fazer as alterações que ele julgava necessárias.

Em 1934, ele queria fazer Suprema Conquista (Twentieth Century), sua primeira comédia pastelão, baseada na peça de Charles MacArthur e Ben Hecht , dois de seus roteiristas favoritos. O filme seria estreado pela então jovem atriz Carol Lombard e o veterano John Barrymore escolhido pelo próprio Hawks, que o convenceu a fazer o papel.

Hawks teve grande sucesso com a comedia, Levada da Breca (Bringing Up Baby) de 1938, estrelada por Katharine Hepburn e Gary Grant onde ambos estão envolvidos com uma onça que gera muitas confusões.

Em 1939, Hawks volta a ação misturada a comédia, em Paraiso Infernal (Only Angels have Wings),onde  Geoff Carter (Cary Grant) é proprietário de uma pequena e falida companhia aérea na América do Sul. Esta companhia transporta correio da cidade portuária de Barranca na Colômbia, sobre as montanhas da Cordilheira dos Andes. Bonnie Lee (Jean Arthur) é uma pianista que quando chega a cidade se apaixona por Carter, apesar de sua profissão perigosa; Bonnie resolve ficar em Barranca (não a convite de Carter, como ele insiste em dizer). Aqui temos o confronto de um homem com a tipica mulher criada por Hawks, decidida, inteligente e engraçada.

Em Jejum do Amor (His Girl Friday - 1940), Hawks volta a comedia. Esta também é estrelada por Gary Grant mas no lugar de Hepburn temos Rosalind Russell. O filme mostra o choque entre Walter e Hildy que são dois jornalistas que trabalham no mesmo jornal e acabam de se divorciar. Hildy vai até o jornal pedir demissão e avisar que está noiva e vai se casar no dia seguinte. Mas Walter não aceita e pede a ela que escreva uma última grande história sobre o assassino Earl Williams, enquanto ele ganha tempo para usar todos os seus truques para separar o casal.Este filme é um triunfo de ação, dialogo, misantropia e o filme mais excêntrico e engraçado de Hawks.

Sargento York (Sargento York) de 1941, estamos nos primeiros anos da Segunda Guerra Mundial e Hawks faz um filme em homenagem aos heróis da Primeira Guerra. Não é um filme típico de Hawks, pois York é um personagem solitário, um homem que luta com sua própria consciência para poder vencer o inimigo. Alvin C. York é um fazendeiro que luta para sobreviver da terra infértil na qual vive. Alvin sonha comprar terras num sítio mais fértil, sendo que o seu pai tinha esse sonho e não o conseguiu concretizar, apesar de ter trabalhado muito para isto.Alvin torna-se então um religioso e em 1917 quando os americanos entram na 1ª Guerra Mundial e milhares de homens vão alistar-se Alvin nega-se, pois crê que toda aquela guerra é inútil e desumana. Ele não se apresenta no exército, declarando-se que isto vai contra a sua consciência. O pastor Pile tenta convencer o exército que as convicções religiosas de Alvin deveriam impedi-lo de ir para a guerra, mas o exército não reconhece a igreja de Pile como entidade religiosa oficial. Então Alvin acaba por ir, sem imaginar que isto iria modificar sua vida para sempre.


Pulamos agora para 1944 com Uma Aventura na Martinica (To Have And Have Not). Este filme conforme conta o próprio Hawks surgiu de uma aposta. Hawks queria muito que Ernest Hemingway, escreve roteiros para ele, mas Hemingway não queria. Assim Hawks sugeriu que pegaria seu pior livro e o adaptaria para o cinema e Hemingway disse que não havia como transformar o livro em um filme. Outra vitoria de Hawks neste filme foi contra Bogart, para o qual disse que pegaria uma atriz e a faria ser mais insolente que ele, coisa que Bogart achava impossível. Uma Aventura na Martinica foi um sucesso tão grande que o estúdio pediu um novo filme para Hawks com a dupla Bogart/Bacall.

Então dois anos depois temos À Beira do abismo (The Big Sleep) um dos melhores filmes de Hawks na opinião deste que vos escreve. Baseado no livro de Raymond Chandler. Segundo Hawks foi neste filme que ele fez uma grande descoberta “você não precisa ser muito lógico, só tem que fazer boas cenas”, com um roteiro escrito  em 8 dias a 4 mãos por William Faulkner, Leigh Brackett que disseram para Hawks que não iriam alterar o que fora escrito, pois estava tão bom que não havia razão de torna-lo lógico.E Hawks acatou a decisão.

Em 1948 Hawks volta ao mundo masculino e em seu primeiro western uma obra prima do velho oeste. Rio Vermelho (Red River), estrelado pelo eterno cowboy John Wayne, que fez uma parceria tão boa com Hawks como Grant havia feito nas comedias. O filme relata a história da primeira condução de gado pela chamada Trilha de Chisholm, do sul do Texas até Abeline no Kansas, em 1865. No caminho, o dono do gado tentará resolver o conflito com seu jovem filho adotivo (Montgomery Clift), que se rebela contra a tirania do pai.

Em 1949 ele volta a dirigir uma comédia amalucada, intitulada A Noiva Era Ele (I Was a Male War Bride). Desta vez Ann Sheridan foi a coadjuvante de Gary Grant. Nesta historia o Capitão Henri Rochard(Grant) é um oficial designado para trabalhar com a tenente Catherine Gates (Sheridan) na França. Após de uma série de desventuras malucas, eles se apaixonam e se casam. Catherine logo recebe ordens para retornar aos Estados Unidos e Henri quer voltar com ela. Mas, enquanto o Exército tem um protocolo rígido para lidar com "noivas de guerra", não há uma lei semelhante para homens que se casam com pessoas do sexo feminino do Exército, de modo que a fim de seguir sua nova esposa para os Estados Unidos, Rochard tem de disfarçar-se de mulher.

Outra comedia de Hawks feita em 1952 O Inventor da Mocidade (Monkey Business), estrelada também por Grant ao lado do ícone mais glamoroso de Hollywood,uma diva legítima, Marilyn Monroe.
Esta é mais uma malucada comédia, na qual uma secretária voluptuosa e seu chefe bonitão não conseguem impedir um rebuliço em suas vidas após um chipanzé preparar acidentalmente uma fórmula que devolve a juventude.


Chegamos então a Onde Começa o Inferno (Rio Bravo), o ápice de Hawks em matéria de western. De um lado está um exército de pistoleiros de aluguel espreitando a cadeia na tentativa de libertar um assassino. Do outro, está o xerife John T. Chance (John Wayne) e seus dois assistentes: um ex-beberrão em recuperação (Dean Martin) e o outro um velho manco e reclamão (Walter Brennan). Ao lado deles também estão um jovem rápido no gatilho (Ricky Nelson) e uma mulher com um passado sombrio (Angie Dickinson), mas cujo coração palpita por Chance. O diretor Howard Hawks elevou o western às alturas com Rio Vermelho. Capturando a verdadeira imagem do Oeste bravio com um elenco estelar e na melhor forma, ele repetiu a façanha. Neste filme também figura Walter Brennan um dos atores favoritos de Hawks.

Posso dizer que este talvez seja o maior tributo de Hawks ao mundo e aos seus maiores valores, o profissionalismo dedicado, à amizade entre os homens , ao herói que vai contra todas as possibilidades pois acredita nestes valores.
Assim era Howard Hawks um homem que contava historias, com ironia e indiferença, as vezes com risadas, as vezes com a mais dura realidade.  Hawk fazia filmes como poucos em Hollywood.

Filmografia:

1970 - Rio Lobo
1966 - El Dorado
1965 - Red Line 7000 (Faixa Vermelha 7000 ou Traço vermelho 7000)
1964 - Man's Favorite Sport? (O esporte favorito dos homens)
1962 - Hatari!
1959 - Rio Bravo (Onde Começa O Inferno)
1955 - Land of the Pharaohs (Terra dos Faraós ou Vale dos Reis)
1953 - Gentlemen Prefer Blondes (Os homens preferem as louras)
1952 - O. Henry's Full House (Páginas da Vida) 
1952 - Monkey Business (O inventor da mocidade)
1952 - The Big Sky (Céu aberto)
1951 - The Thing From Another World (O Monstro do Ártico - (não creditado)
1949 - I Was a Male War Bride (A Noiva era Ele)
1948 - A Song Is Born (A Canção prometida)
1948 - Red River (Rio Vermelho)
1946 - The Big Sleep (À Beira do abismo)
1944 - To Have and Have Not (Ter e não ter)
1943 - The Outlaw (O Proscrito ou O fora da lei) (não creditado)
1943 - Air Force (Águias Americanas)
1941 - Ball of Fire (Bola de fogo)
1941 - Sergeant York (Sargento York)
1940 - His Girl Friday (Jejum de amor)
1939 - Only Angels Have Wings (Paraiso Infernal)
1938 - Bringing Up Baby (Levada da Breca)
1936 - Come and Get It (Meu filho é meu rival)
1936 - The Road to Glory (Espelhos d'alma ou O caminho da Glória)
1936 - Sutter's Gold ) (não creditado)
1936 - Ceiling Zero (Heróis do ar)
1935 - Barbary Coast (Duas almas se encontram)
1934 - Twentieth Century (filme) (Suprema conquista)
1934 - Viva Villa! (uncredited)
1933 - The Prizefighter and the Lady (não creditado)
1933 - Today We Live (Vivamos hoje)
1932 - Tiger Shark (O tubarão)
1932 - The Crowd Roars (Delirante)
1932 - La Foule hurle
1932 - Scarface
1931 - The Criminal Code (O código penal)
1930 - The Dawn Patrol (Patrulha da madrugada)
1929 - Trent's Last Case (Quem é o culpado?)
1928 - The Air Circus
1928 - Fazil
1928 - A Girl in Every Port
1927 - Paid to Love
1927 - The Cradle Snatchers
1926 - Fig Leaves

1926 - The Road to Glory

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Morre o cinema

Dizer que o cinema morreu com a morte de Herbert Holetz poderá parecer, à
primeira vista, afirmação hiperbólica. Morreu sim, em parte, em Blumenau e em outras cidades. Ele gerenciou cinemas aqui (Busch e Blumenau), em Gaspar e Joinville.
Herbert tomava café, almoçava e jantava cinema, portanto, convivia com ele 24 horas por dia. Já escrevi isto algumas vezes. Da mesma maneira, afirmei que virei cinéfilo já no berçário. Mas ele me superou e quanto!
Doente, mais grave na segunda metade de 2013, preocupava-se com o andar do seu Cinearte, projeto comemorando 10 anos de vida, instalado na Fundação Cultural de Blumenau. Fundou-o com o objetivo maior de levar ao público, gratuitamente, clássicos, filmes raros.

Jorge, seu filho, contou-me que, num domingo à tarde, teria dito: - “Preparem-se que vou embora logo. Ontem, recebi visita de uns amigos que virão buscar-me”. Brincando, imaginamos quem seriam esses amigos. Gary Cooper, John Wayne, Gregory Peck, Errol Flynn, por certo.

Afinal, a vida inteira respirou cinema. Preferia os filmes antigos, dessa turma citada aí em cima. Para os novos, torcia o nariz. Para ele, não se fazia mais cinema como antigamente. Uma e outra exceção: A última sessão de cinema, Cinema Paradiso (cujo protagonista, Alfredo, tinha muito a ver com nosso herói blumenauense)...

Com o aparecimento da televisão, mesmo preocupado, dizia que não temia a concorrência. Naquela época, os filmes eram lançados comercialmente e somente muito tempo depois alcançavam o vídeo. Holetz, num cartaz de um faroeste, acrescentou: “Este filme só será exibido na televisão daqui a 3 anos!”. Hoje, tal expediente seria inútil. A produção estreia na tela grande, e, quase de imediato, sai em DVD e pra telinha é um já.

Entendia que a sétima arte oferece muito mais do que a tela pequena: “Oferece tudo. Imagem, emoções, sentimentos. Dentro do cinema, você pode viver muitas coisas que na própria vida não poderia nem ver nem viver”. Para ele, o cinema continuava sendo a melhor, a mais instrutiva e a mais barata de todas as diversões.

A jornalista Magali Moser, no livro A vida pelo cinema – Herbert Holetz entre a realidade e a ficção, acha que após uma trajetória de lutas, conquistas e decepções, Holetz só iria sossegar quando o Museu Histórico de Cinema se tornasse realidade.


Coluna Prosa e Verso para o dia 16 de novembro

Gervásio Tessaleno Luz

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Fausto (1926) – Coleção Folha Grandes Livros no Cinema

Hoje vou falar sobre outro lançamento da parceria Folha de São Paulo/ Versátil Home Vídeo, o fascículo de nro.15, que nos traz o filme de 1926 – Fausto (Faust - Eine Deutsche Volkssage) baseado na obra de Goethe.

O filme com Mefistófeles fazendo uma aposta com um Anjo, dizendo-se capaz de corromper a alma de Fausto, afim de dominar o Mundo. Mefisto então lança uma praga sobre a terra, e Fausto, um velho alquimista que vê sua cidade ser assolada pela peste negra. Vendo tanta morte, começa a pensar sobre sua própria finitude. Ele então evoca Mefistófeles, e lhe pede sua juventude de volta e eterna. O demônio a garante, em troca da alma de Fausto. Tudo parecia perfeito, até este se apaixonar por uma jovem italiana.

Este foi o ultimo filme dirigido por Friedrich Wilhelm  Murnau (1888 – 1931), ou simplesmente F. W. Murnau, em sua terra natal a Alemanha, quando emigrou para Hollywood.

Fausto por não ser tão conhecido como outras obras do diretor, como, Nosferatu, Uma Sinfonia de Horrores (Nosferatu, Eine Symphonie des Grauens), de 1922, ou o aclamado Aurora (Sunrise) de 1927, mas é uma importante obra do cinema mudo e expressionista alemão, bem como do movimento Kammerspiel,  cujas principais características são: - Filmes com estética mais realista. - Roteiros com poucos diálogos. - Ao contrário do caligarismo, privilegia cenários mais realistas, mas sem abandonar aspectos subjetivos em sua concepção. - Iluminação sofisticada e movimentação de câmera mais rebuscada.

Fausto situa sua ação no final da Idade Média e Murnau concebe uma atmosfera mística a partir dos contrastes de iluminação, que remetem à pinturas de Rembrandt, ou seja o que vemos na tela são imagens de espantosa beleza. Murnau “imprime a cada uma dessas imagens, armando ao longo de cada cena uma sinfonia em que luz e sombras compõem um campo de batalha.” (Inácio Araujo, na Folha, 17/10/1993), caro leitor, devemos levar em conta que o filme foi feito em 1926.

O filme conta com nomes como Emil Jannings (Mefistófeles), o grande ator suíço, muito lembrado pelo clássico O Anjo Azul (Der Blaue Engel).onde trabalhou com Marlene Dietrich, que aqui mostra sua origem teatral e teve uma carreira promissora também em Hollywood terminada quando os filmes sonoros fizeram de seu forte sotaque alemão difícil de entender. Outro nome que se tornou famoso é o ator e posterior diretor William Dieterle, que se destacou em Hollywood na direção de filmes como A História de Louis Pasteur, Emile Zola e O Retrato de Jennie, que aqui vive o papel do jovem Valentin.

Bom, vamos falar do DVD. Esta edição esta infinitamente superior a do DVD lançado pela Continental que tinha uma qualidade de imagem ruim e como extra trazia de forma estática a Biografia de Emil Jannings e F.W. Murnau e uma coleção de fotos “ditas” raras. Já o DVD Folha/Versátil traz uma versão restaurada pela Friedrich Wilhelm  Murnau Stiftung . Quanto ao áudio, uma vez que este é um filme mudo, temos duas opções de trilha de fundo  sendo uma  a nova trilha sonora de Mont Alto em dolby digital 5.1 ou Perez de Azpeitia(piano) baseado na trilha de 1926, esta em dolby digital 2.0.


Como extra temos um ótimo documentário intitulado “Fausto, a linguagem das Sombras” de 52 min. que fala sobre o diretor e sua saga para produzir Fausto.

Romantismo no Natal

O Cinearte da Fundação Cultural de Blumenau exibiu no correr do ano expressivas mostras de bom cinema. Os espectadores puderam curtir: filmes brasileiros, Carlitos, Marilyn Monroe, Errol Flynn, Alfred Hitchcock, enfim, dramas, comédias, suspense, bangue-bangues e aventuras clássicas. No próximo mês, encerrando suas atividades de 2013, teremos apenas três produções, todas norte-americanas, considerando os festejos natalinos.

Carta de uma desconhecida (1948), dia 2 – No século XIX, em Viena, adolescente tímida (Joan Fontaine, irmã de Olívia de Havilland, de... E o vento levou) apaixona-se perdidamente por pianista famoso e mulherengo. Os dois se reencontram anos depois, mas ele não a reconhece. Fontaine (de Rebecca, a mulher inesquecível) está soberba na criação deste personagem – símbolo das mulheres românticas. A história, baseada em romance de Stefan Zweig, austríaco que viveu no Brasil, onde se suicidou, talvez pareça superada pela mudança dos costumes e pode até soar boboca, mas os espectadores românticos serão excitados até os limites de suas emoções. A copiagem em vídeo, disponível nas locadoras, não mostra toda a beleza da fotografia em preto-e-branco original. A versão do Cinearte não foi colorizada.

A canção da vitória (1942), dia 9 – Narra a biografia de George M. Cohan, que foi um
grande ator e autor de “vaudevilles”, empresário e compositor famoso nos Estados Unidos. Mostra episódios da vida do grande artista que, ocupando com suas peças – grandiosas revistas musicais – vários teatros, reinou durante muitos anos na Broadway. Filho de um casal de artistas de origem irlandesa, em companhia de seus pais e de sua irmã, trabalhou desde menino no palco, constituindo “Os quatro Cohans”. Entretanto, já adulto e sonhando com glórias maiores, George M. Cohan dispôs-se a trabalhar sozinho, compondo e montando revistas musicais e canções que se tornaram populares em todo o território estadunidense. James Cagney, famoso em papéis de gângster, surpreende neste musical, arrebatando o Oscar de melhor ator, dirigido por Michael Curtiz, de Casablanca.




Por quem os sinos dobram (1943), dia 16 – Adaptação romântica da novela de Ernest Hemingway sobre a Guerra Civil espanhola. Gary Cooper, em grande forma, é um agente britânico que se alia a um grupo de ciganos, liderados por Katina Paxinou (grega, Oscar de atriz coadjuvante), para explodir uma ponte fortemente protegida pelo exército franquista. Ingrid Bergman vive uma refugiada. E está belíssima como sempre.

Prosa e Verso                   Gervásio Tessaleno Luz

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A Queda da Casa de Usher - Coleção Folha Grandes Livros no Cinema

Hoje vou falar sobre um dos fascículos da bela coleção lançada pela Folha de São Paulo em parceria com a sempre excelente Versátil Home Vídeo, intitulada Coleção Folha Grandes Livros no Cinema composta de 25 livros DVDs com filmes adaptados de obras literárias dos mais importantes escritores.

O Fascículo em questão é o de nro. 13 que nos trás o filme de 1960 “A Queda da Casa de Usher” ou “Solar Maldito” como ficou conhecido no Brasil na época do seu lançamento.
“A Queda da Casa de Usher” é o primeiro dos muitos filmes da parceria bem sucedidas entre o diretor Roger Corman e o ator Vincent Price, nas adaptações das obras do escritor americano Edgar Allan Poe para as telas de cinema. E o conto escolhido para esse debute foi A Queda da Casa de Usher.

Produzido pela American International Pictures companhia cinematográfica fundada por James H. Nicholson, Samuel Z. Arkoff.O objetivo inicial desta era produzir filmes independentes, de baixo orçamento e geralmente destinados ao público adolescente. Mas no início da década de 1960, AIP investiu na combinação Roger Corman, Vincent Price e os contos de Edgar Allan Poe o que resultou numa série de filmes horror de marcante visual. A produção teve como parceira da AIP o estúdio britânico Hammer, especializado no gênero horror e que tornara conhecidos os atores Peter Cushing e Christopher Lee.

A primeira ideia, geralmente atribuída a Corman, era pegar o conto de Poe "A Queda da Casa de Usher", que tinha um título conhecido e os direitos autorais em domínio público e expandi-lo para um filme. Corman convenceu o Estúdio a lhe dar o orçamento suficiente para produzir o filme colorido, em Cinemascope (uma novidade para a época) e com cenários requintados. O sucesso deste primeiro filme fez com que a AIP aprovasse financiamentos para outras adaptações cinematográficas das histórias de Poe, e desta dobradinha Corman/ Price foram produzidas as melhores adaptações de Poe para o cinema. Além “A Queda da Casa de Usher”, os dois também foram responsáveis por “A Mansão do Terror”, “Muralhas do Pavor”, “O Castelo Assombrado”, “O Corvo”, “A Orgia da Morte” e “O Túmulo Sinistro”.

Este foi o filme que estabeleceu a fórmula básica que seria utilizada por Corman nos próximos filmes de Poe: a filmagem em Cinemascope, a preocupação com a construção cenográfica de época, a indumentária, o apelo teatral e a utilização do Technicolor para dar vivacidade às cenas.  E tratando-se de roteiro, os contos de Poe são usados como pano de fundo com uma liberdade maior criativa na construção de subtramas maniqueístas, sempre colocando um personagem puro e bem intencionado, vindo de fora, dentro em um ambiente vil e sinistro comandado pelo monstro do gênero do horror que é Price, que nos da mais uma extraordinária atuação  de Price, gerando um conflito iminente entre o bem e o mal.

O filme inicia com a chegada de um jovem a Mansão Usher em busca de sua noiva, o que desperta o ódio de seu enigmático proprietário, que guarda a irmã como prisioneira do passado. Aos poucos somos envolvidos em uma trama onde se misturam maldição familiar e delírios mórbidos que tomam conta do ambiente e que leva seus personagens a perderem a razão.

O filme conta com roteiro escrito por uma das mais geniais mentes de Hollywood, Richard Matheson, o mesmo de Eu Sou A Lenda, O Incrível Homem que Encolheu, Ecos do Além e Em Algum Lugar do Passado, entre outros.

O DVD, ou melhor, dvdbook lançado pela Folha/Versátil é uma joia para colecionadores como eu, além de trazer o filme na versão Widescreen Anamórfico 2.35:1 e em belíssima copia que conserva toda a beleza do Technicolor. E mais, para minha surpresa descobri nos extras uma versão de 1928 do mesmo filme, obra-prima da vanguarda francesa, dirigido pelo visionário Jean Epstein e tendo como assistente de direção Luis Buñuel.

Imperdível.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

MEMÓRIA ETERNA

Marilyn Monroe deve estar cantando Parabéns Pra Você para Herbet Holetz hoje, da mesma forma como fez para o ex-presidente John F. Kennedy. A musa do cinema era uma das “amigas” que o cinéfilo blumenauense fez durante os anos que viveu e sonhou a sétima arte. O primeiro aniversário após a morte, no dia 19 de setembro, é apenas mais um dos momentos oportunos e necessários para trazer à memória esta figura importante para a cultura do Vale, que completaria hoje 79 anos, mais de 60 deles dedicados à causa da sétima arte. A vida que se entrelaçou de maneira inseparável ao cinema tem continuidade atualmente com a manutenção do Cine Arte, criado por seu Holetz, e do arquivo deixado por ele na Fundação Cultural de Blumenau.

O Cine Arte em 2013, como conta o filho do cinéfilo, Jorge Holetz, foi todo programado por ele, com cada filme sendo escolhido a dedo. A manutenção do projeto, segundo o presidente da Fundação Cultural de Blumenau, Sylvio Zimmermann, é garantida para o ano que vem. A fundação busca reforçar a divulgação e está em conversas iniciais para avaliar se a segunda-feira continua sendo o melhor dia para as sessões. A partir do ano que vem a programação do Cine Arte continuará a ter sob o comando um representante da família Holetz. O filho Jorge, em parceria com o escritor e amigo Gervásio Luz, será o responsável pela organização.

– Ele dizia que queria preservar essa oportunidade de as pessoas assistirem aos clássicos do cinema. É esse legado que eu pretendo preservar – comenta Jorge.

Ele conta que o pai costumava dizer que fora infectado pelo vírus do cinema. É fácil perceber que esta “doença” era contagiosa. Além do próprio filho, contaminou outras pessoas. Em um e-mail enviado a Jorge, um amigo cinéfilo comenta que sempre que vai ao cinema gosta de imaginar seu Holetz em uma das cadeiras da sala.

Já o material colecionado por Holetz durante toda a vida está guardado na Fundação Cultural de Blumenau, que fará um processo de catalogação técnica do arquivo. O filho Jorge lembra que entre os cartazes, equipamentos e recortes há preciosidades como um álbum com fotos de artistas autografadas, por exemplo. Além disso, o cinéfilo é homenageado em uma das salas da fundação com uma exposição (foto) que segue até o fim do ano e que traz projeções e imagens da vida de seu Holetz.

Fonte: Jornal de Santa Catarina
14/11/2013 | N° 13038CONTRACAPA | Vinicius Batista
vinicius.batista@santa.com.br

domingo, 3 de novembro de 2013

Dramas e melodramas

Mergulho em profundidade na natureza humana, o drama difere do melodrama, cujo objetivo principal é apenas comover a plateia. No primeiro, os conflitos vivenciados pelos personagens recebem um tratamento artístico, elaborado. A emoção que invade o espectador é consequência dessa abordagem. Já nos melodramas, a meta procurada é apenas despertar o choro na plateia. E, com isso, acaba resvalando no piegas. Houve época em que o sucesso das novelas de televisão era medido pela quantidade de lágrimas que eram capazes de provocar. Tanto que uma parcela expressiva do público (masculino principalmente) fazia questão de manifestar certo desprezo pelo gênero. No Cinearte da FCB, poderemos ver (ou rever) essas joias (apenas Moulin Rouge é produção britânica, as demais vêm dos Estados Unidos):




O retrato de Jennie (1948), dia 4 – Ebem Adams é um pintor fracassado. Sua vida muda radicalmente quando conhece a bela Jennie. Ela se torna sua musa inspiradora, fazendo com que ele conheça o sucesso. Inicia-se um romance que desafiará sem fronteiras do tempo e da vida. Atuações perfeitas de Joseph Cotten e Jennifer Jones, par também em Duelo ao sol. Ganhou o Oscar de melhores efeitos especiais. Em preto-e-branco.




Moulin Rouge (1952), dia 11 – Biografia meio ficcional de Toulouse-Lautrec (José Ferrer que ganhou o Oscar de melhor ator em Cyrano de Bergerac), o famoso pintor francês da Belle-Époque, refletindo o mundo boêmio de Paris, através de algumas de suas figuras famosas. O filme, praticamente dividido em duas partes, apresentando as duas mulheres que teriam interferido na vida amorosa do artista aleijado, é um bonito painel das cores impressionistas que animaram a pintura e os meios artísticos da época.





Em cada coração, um pecado (1942), dia 18 – No início do século XX, as vidas de dois rapazes e três garotas são marcadas por acontecimentos trágicos e paixões avassaladoras, numa pequena cidade do interior dos EUA. Quem abstrai os tempos contemporâneos muito provavelmente assistirá com grande prazer e lágrimas a essa fita em que Ronald Reagan (futuro presidente dos Estados Unidos) teve o seu maior desempenho. Concorreu ao Oscar de melhor fotografia em preto-e-branco.






Férias de amor (1955), dia 25 – Um vagabundo (William Holden, magnífico) chega clandestinamente de trem a uma cidadezinha do Meio-Oeste americano à procura de um ex-colega de faculdade para pedir emprego. Mas acaba causando profundas transformações na vida de todas as pessoas com quem se relaciona, em apenas 24 horas. Kim Novak está belíssima nesse melodrama em deslumbrante Technicolor.

Coluna Prosa e Verso                Gervásio Tessaleno Luz