quinta-feira, 22 de julho de 2010

Sherlock Holmes (2009)

Como filme de ação “Sherlock Holmes” é muito bom. Mas visto saudades do ótimo Guy Ritchie de “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes” e “ Snatch – Porcos e Diamantes”. Ritchie e um diretor criativo, que combina diálogos inteligentes, com recursos visuais bem sacados além de outros artifícios. Em “Sherlock Holmes”, tirando algumas seqüências mais elaboradas existe uma total inexistência do toque de Ritchie que eu conheço. Fora isso, tal qual os personagens de Batman, Superman e Wolverine foram adaptados para os gostos modernos estava na cara que o mesmo aconteceria com a imortal criação de sir Arthur Conan Doyle (1859-1930) .

Quem viu o personagem ser interpretado por clássicos atores britânicos como Basil Rathbone e Christopher Lee, com sua figura sisuda. O filme de Guy Ritchie seleciona as mais aventurescas - como o apreço pela prática do boxe - e dá ao herói vitoriano um novo perfil, dando lugar a um Sherlock Holmes mais adequado a geração de 2010. Até o violino ganha novas funções no longa-metragem moderno.

Na trama, Lorde Blackwood (o onipresente Mark Strong) foi apanhado pelo detetive e a Scotland Yard prestes a cometer um crime - o sacrifício de uma garota em um ritual de magia negra. Com sua condenação à morte, finalmente a assustada Londres pode respirar aliviada... até que Blackwood ressuscita, com um plano ainda mais maligno. Enquanto isso, Holmes tem que lidar com uma antiga rival, Irene Adler (Rachel McAdams), que também surge sem aviso.

Uma sacada legal de Ritchie e não perder tempo com a origem de Holmes. O filme começa apenas apresentando a relação entre Holmes e Watson, vividos de maneira divertida por Robert Downey Jr. e Jude Law, e o novo tom do personagem. Nada do famigerado primeiro encontro da dupla, ou de buscar os "por quês" de suas manias e habilidades. Holmes é Holmes e pronto. O que importa é o suspense e como ele emprega essas habilidades.

Ritchie explora muito bem as habilidades físicas e de raciocínio lógico de Holmes que se tornam combustível para invencionices de estilo cinematográfico, nas bem boladas cenas de luta, em que o detetive usa sua mente analítica para coreografar o combate inteiro em sua mente antes de desferir o primeiro. O diálogo é veloz, afiado e bem-humorado, especialmente os de Holmes e Watson que tem a química perfeita, e suas interações garantem os melhores momentos do filme.

“Sherlock Holmes”, foi produzido para ser um blockbuster e gerar uma lucrativa franquia e talvez este seja seu maior pecado. Sobram assim momentos grandiosos, como a exagerada cena do navio, completamente desnecessária dentro da trama e quase um clímax antecipado. O gigante francês que Holmes enfrenta, afinal, já estava vencido e a sequência não se presta a nada além de mostrar destruição em larga escala.

Mas o que mais me decepcionou foi o desfecho, pois tudo foi devidamente explicadinho, o que expõe igualmente a necessidade de abrangência de público (ninguém quer se sentir burro, saindo do cinema sem entender o que aconteceu) ou talvez não queiram mais pensar.

Pelo visto Guy Ritchie foi engolido pelo cinemão.

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