quinta-feira, 29 de julho de 2010

IMITAÇÃO DA VIDA (1959)

O filme inicia com o encontro inesperado da aspirante a atriz Lora Meredith com Annie Johnson, uma mulher negra sem casa e com quem decide partilhar o seu pequeno apartamento em troca de Annie cuidar da sua filha de 6 anos. Annie também tem uma filha da mesma idade, Sarah Jane, que, por ser filha de mãe negra e pai branco, tem uma pele muito branca e faz de tudo para passar por uma menina branca.O filme passa então a relatar a seqüência de anos que se seguem. Lora é ambiciosa e tem uma busca desenfreada pela fama e acaba por dar pouca atenção à filha que busca atenção em Steve. Lora Meredith se torna uma atriz famosa, mas infeliz ao amor. E o relacionamente entre Annie e Sarah Jane se torna cada vez mais conflitante e a mesma decide fugir por vergonha de ter uma mãe negra.


Baseado num livro de Fannie Hurst, "Imitação da Vida" é um 'remake' da primeira adaptação dessa obra para o cinema, realizada em 1934 pelo cineasta John M. Stahl, que é mais fiel á obra de Hurst.. A presente versão, dirigida pelo veterano Douglas Sirk, é seu último trabalho nos Estados Unidos, antes de retornar ao seu País de origem, a Alemanha, onde realizaria três outros filmes antes de sua morte.

O último filme de Sirk nos Estados Unidos, produzido por Ross Hunter, é tudo o que um último filme pode ser: uma despedida afetuosa, uma declaração de princípios do que é o cinema e a vida Sirk realiza um trabalho consistentemente bom, do início ao fim, no que é ajudado pela fotografia de Russell Metty e pela bela trilha sonora

No elenco, embora realize um bom trabalho, Lana Turner não chega aos pés de Claudette Colbert, da versão de 1934. No elenco coadjuvante, o maior destaque vai para Susan Kohner, no papel da complicada Sarah Jane, seguida pela ótima atuação de Juanita Moore. Por trás de seus melodramas baratos, Sirk, mais que um retrato dessa América dos anos cinqüenta, em pleno apogeu da Guerra Fria, faz um filme afetuoso sobre “a miséria da condição humana”, sobre a falência do poder.

Imitação da Vida é um melodrama de estúdio, com figurinos luxuosos, com a trilha sonora lacrimejante, amores não correspondidos, decepções. Mas Sirk explora bem os seus personagens, nunca hesita em apontar os pontos fracos dos seus mocinhos, e isso é o que dá força aos seus filmes. Neste, as mães são extremamente corajosas para vencer a vida sem seus homens, mas fracassam como mães: sua luta foi incapaz de fazer com que suas filhas tivessem uma vida melhor do que a sua. Preocupadas com suas questões pessoais (uma negligenciando, outra superprotegendo), não conseguem trocar uma única palavra verdadeira para com elas.

Outro ponto apontado por Sirk é que tudo tem um preço na vida e ele precisa ser pago conforme nossas decisões. Sirk mostra que a vida é difícil, as pessoas têm problemas e não conseguem ver coisas a um palmo do seu nariz porque têm preconceitos e limites. “Imitação da Vida” é uma tragédia porque tudo dá errado exatamente porque todos têm razão e todos se esforçam para que as coisas dêem certo.

Hoje ao rever o filme , o mesmo não teve mais o mesmo impacto de quando o vi pela primeira vez, talvez pelo tema ter sido muito explorado, por melodramas baratos e novelas globais, mas a sequencia final ainda deixa um sabor amargo e faz refletir “ do que realmente são feitos os sonhos e qual o preço estamos dispostos a pagar por eles”, ainda sendo tudo embalado pela voz de Mahalia Jackson, uma das principais cantoras gospel dos Estados Unidos, que canta "Trouble of the World".

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