O alicerce de todas as comédias românticas tem como premissa "menino conhece menina". Esse é sempre o ponto de partida dessas histórias no cinema que, inevitavelmente, passam pelo estágio do desentendimento do casal e terminam com os protagonistas ficando juntos ou seguindo caminhos distintos. No entanto este se junta ao seletíssimo grupo de filmes que conseguem subverter as regras do gênero, dando ao público uma experiência nova.
No filme de estréia do diretor Marc Webb, após vasta experiência com videoclipes, ele brinca com os clichês do gênero, invertendo situações e personagens, aproximando o espectador dos dramas vividos por Tom Hansen (Joseph Gordon-Levitt), que abrange os quinhentos dias do título. Tom é arquiteto mas passa seus dias num mundo sem muitas cores, trabalhando numa empresa que cria cartões festivos, aqueles que distribuímos no natal e nos aniversários. Ele também busca o amor de sua vida. Certo dia, no escritório, ele conhece a bela Summer (daí o nome original intraduzível do filme, ((500) Days of Summer) interpretada pela adorável Zooey Deschanel. Tom é o tipo de pessoa que cresceu ouvindo músicas e vendo filmes de amor, supervalorizando o sentimento. Quando descobre que Zooey é fã de Smiths, projeta nela todas as suas expectativas afetivas. Quando normalmente é a mulher quem idealiza o amor – pelo menos nos filmes do gênero -, em "(500) Dias com Ela" é o personagem masculino que carrega esse estigma. Summer, por sua vez, nunca esconde a falta de crença em relação ao amor, fruto de um lar desfeito ainda na infância. Claro que uma relação entre dois personagens com expectativas tão opostas nunca dará certo, fato já revelado nos primeiros minutos.
O segredo de Marc Webb é usar sua experiência em contar histórias curtas em videoclipes, ele já dirigiu uma centena deles, para imprimir um ritmo todo particular à produção. Ele pega os dezesseis meses da história de Tom e Summer e os recorta, apresentando-os de maneira não linear. Momentos bons, ruins e comuns alternam-se agrupados por eventos, mostrados pela perspectiva de Tom. Outra grande sacada é dividir a tela para separar "Realidade" e "Expectativa".
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