terça-feira, 20 de julho de 2010

Madre Joana dos Anjos (1961)

Ganhadora do Prêmio Especial do Júri de Cannes em 1961, essa é a obra-prima de Jerzy Kawalerowicz, obscuro hoje no Brasil, mas dos maiores nomes do cinema polonês nos anos 50 e 60 e conterrâneo dos não menos geniais Kieslowski (cuja Trilogia das Cores reverei ainda nestas férias) e Polanski. Fortemente influenciado por Dreyer,tem também algo de Bergman com suas temáticas metafísicas e duvidas a cerca do divino.Com uma narrativa austera e econômica e atuações expressionistas, reforçadas por lentes que distorcem e modificam a imagem.A ambientação seca,suja e despojada de cenários pomposos. São marcantes as cenas de oração solitária do torturado padre; a discussão metafísica entre um rabino e o tal padre, de alta carga filosófica; a cena final, do sino mudo…

A história, baseada em fatos reais ocorridos em Loudon no século XVII, o filme conta a história de freiras possuídas pelo demônio e um dos primeiros filmes a tocar no tema de exorcismo. o filme nunca se assume como terror nem procura os efeitos fáceis do gênero. Na verdade, é o espectador que decide o quanto do que está vendo se deve ao sobrenatural e o quanto surge da sugestão, da repressão sexual, da curiosidade popular pelo perverso e sinistro, em uma narrativa cheia de subentendidos e sutilezas que aos poucos envolve e impressiona com sua atmosfera claustrofóbica..

O filme é perfeito esteticamente e um clássico do cinema europeu que vale a pena ser redescoberto. A protagonista, Lucynna Winnicka, era mulher e atriz constante do diretor.O filme foi proibido em certos países, na época, tal a ousadia de botar demônios em pleno convento.

Dois pontos negativos: a edição das legendas deveria ser mais caprichada. Há momentos em que não há a tradução de certos diálogos e a cópia do DVD, é um pouco escura demais, mas ainda assim não tiram o impacto do filme.

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