quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Lola Montès (1955)

A Versátil que já havia lançado “Carta de Uma Desconhecida” de Max Ophüls nos traz agora a obra prima do mestre em versão restaurada.

Lançado em Paris em 23/12/1955, Lola Montès causou escândalo sem precedente. Diante do fracasso comercial do filme, o mesmo foi vitima da intolerância dos produtores que picotaram o filme contra a vontade do seu diretor, sendo que traduziram para o francês os diálogos em alemão e remixaram o som. No final de 1956, novamente contra a vontade de Ophüls, o filme sofreu novos cortes, sendo remontado cronologicamente, sendo que Ophüls morreu dois anos após a estréia deste massacre. Em 1968, o produtor Pierre Braunberger comprou os direitos do filme e lançou uma versão próxima da original. E, em 2008, graças à tecnologia digital, a Cinemateca francesa pôde lançar uma versão totalmente restaurada, fiel às intenções de Ophüls, com as cores, o som e o formato idealizados originalmente.

Ophüls faz uma adaptação do romance d e Cecil Saint-Laurente que acompanhe a história de Lola Montès (1821-1861), uma dançarina e cortesã do século XIX que ficou célebre por romances escandalosos com o compositor Franz Liszt e com o Rei Ludwig I da Baviera.

O filme fotografado em Cinemascope (Widescreen) fez com que o diretor cria-se verdadeiras pinturas na tela graças a colaboração de uma equipe talentosa e o maior orçamento da época para uma produção francesa.

A ainda no DVD um excelente documentário intitulado “Trabalhando com Max Ophüls - Lola Montès Revisitado”. Entre as curiosidades do documentário, destaque para a discussão sobre a procedência do alto dinheiro investido no filme e a habilidade de Ophüls para seduzir e, de certa forma, ludibriar os produtores, realizando um filme bem diferente do folhetim esperado com Martine Carol, atriz desprezada pelo diretor, mas cuja presença era obrigatória para a realização do projeto.

Sobre o suposto estouro do orçamento (de supostos 700 milhões de francos), Ophüls afirma em áudio gravado: "Independentemente do custo do filme, é preciso dividi-lo por três porque ele foi produzido em três versões: alemão, inglês e francês". Uma prova disso é que os protagonistas tiveram que interpretar em 3 idiomas diferentes - algo impensável nos dias de hoje.

Muito antes do atual culto às celebridades, o mestre alemão Max Ophüls mostrou a exploração, ainda no século XIX, da famosa cortesã, que termina seus dias numa gaiola de ouro para o deleite do público, que podia pagar 1 dólar para beijar sua mão.

Ophüls deixou com “Lola Montès” um legado, uma aula de cinema.

Não deixe de ver.

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