segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A Fita Branca (2009)

Michael Haneke, diretor do misterioso "Caché" (2005) que considero seu melhor filme, sempre buscou uma resposta para uma inconveniência ou melhor um mal estar que paira sobre os europeus, desde seu filme de estréia, "O Sétimo Continente" (1989), mas com maior clareza em "Código Desconhecido" (2000), "Tempos do Lobo" (2003) e "Caché". Esta angustia que em parte provem da maciça imigração do leste Europeu quanto da reação a essa imigração, mas também, e sobretudo, de uma vergonha pelo passado colonizador, o que se sobressai principalmente em seus filmes franceses. Vamos esquecer a desnecessária e desprezivel refilmagem americana de "Violência Gratuita" (1997) feita entre um e outro, dez anos depois do original.
"A Fita Branca" (2009) é uma viajem ao passado, mais precisamente as vésperas da Primeira Guerra Mundial, numa aldeia no interior da Alemanha, onde terríveis acidentes começam a acontecer e colocam toda a pequena população em estado de alerta.

Nada é muito explicado (ainda bem, pois o mistério acentua a dramaturgia) e as mortes que se acumulam não encontram culpados. É como se Haneke dissesse: a culpa é das normas rígidas da sociedade alemã, da educação hipócrita que é passada através das gerações.

Haneke não esta interessado em respostas e sim analisar a essência da maldade, nos pequenos detalhes. São gestos, olhares, pensamentos, ações e intenções.Não se atenha a história pois com certeza você vai se decepcionar. O importante é a psicologia dos personagens, o clima claustrofóbico das cenas, fotografadas em preto e branco soturno, num trabalho de mestre de Christian Berger - colaborador habitual de Haneke desde "O Vídeo de Benny" (1992) -, e as interpretações austeras dos atores.

A vila lembra muito a assustadora vila criada por M. Night Shyamalan.

O filme pode ser visto como um estudo sobre o comportamento contagioso que mais tarde se transformaria nas raízes do Nazismo. Em alguns momentos a austeridade beira ao constrangedor e acaba por incomodar o espectador.

Experimente.

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