sábado, 25 de dezembro de 2010

A Grande Ilusão (1937)

"A Grande Ilusão" é um excelente filme de guerra, ou melhor, anti-belicista que mostra o relacionamento cavalheiresco entre oficiais inimigos (franceses e alemães), durante a 1ª Guerra Mundial, extremamente oposto ao verificado na 2ª Guerra, com o surgimento do nazismo. O filme foi premiado com "O Prêmio Especial do Júri" no Festival de Veneza de 1938, e mais tarde fez grande sucesso no circuito de arte americano (ganhou como Melhor Filme Estrangeiro pelos críticos de Nova York).

Realizado pelo brilhante cineasta francês, Jean Renoir, que também co-assina o roteiro, o filme é uma verdadeira obra-prima e, certamente, um de seus melhores trabalhos.

O filme tem uma simples mensagem que numa guerra todos são vítimas, tornando-se um dos mais poderosos filmes antiguerra de todos os tempos. Três franceses (Jean Gabin, Marcel Dalio e Pierre Fresnay) estão num avião que cai em território inimigo. Presos são levados para uma prisão de segurança máxima dirigida por Von Rauffeenstein. Os alemães tratam os oficiais com dignidade, até o dia em que são apanhados tentando escapar. A produção de Renoir prevê a tragédia da guerra e a eventual esperança no futuro. Banido da Alemanha e declarado por Josef Goebbels como "Inimigo número 1 cinematográfico"; ele acreditou que todas as cópias européias estavam destruídas; porém, um negativo completo foi descoberto em Munique em 1945.

O fato é que a maior parte dos políticos renegou o filme, o que acaba sendo a prova maior de sua importância. O título obviamente se refere à ilusão de que não haveria mais guerras, diz Renoir: "A história é real, foi me contada por um amigo na Guerra, particularmente o personagem de Pinsard (Gabin) que era piloto de combate. Ele salvou minha vida muitas vezes e ele também foi abatido várias vezes. Sua fuga é a base de toda a história".

Um dos pontos fortes de "A Grande Ilusão" é o seu elenco, com atuações marcantes de Jean Gabin, Pierre Fresnay e o famoso diretor Eric von Stroheim, que teve neste filme o melhor papel de sua carreira.

Num caso inédito, a fita chegou a ser indicada ao Oscar de Melhor Filme. A mais importante crítica americana, Pauline Kael, o considerava "uma obra-prima". Houve muitos e bons filmes contra a Guerra ("Glória Feita de Sangue" de Kubrick, "Sem Novidade no Front", de Lewis Milestone, entre eles), mas sem dúvida este é o mais famoso e o que teve maior repercussão. Principalmente por causa do momento em que foi realizado, às vésperas da Segunda Guerra Mundial e num instante em que as forças de Hitler já estavam em plena expansão.

Há uma citação de humor negro sobre as doenças dos ricos (sífilis, câncer, gôta) e as dos pobres (estômago, intestinos) e a certeza de que com o tempo elas também iriam se democratizar. O filme tem um tom é mais solene, numa época onde se acreditava em cavalheirismo, respeito às normas (avisar antes de atirar, pedir desculpas depois).

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