domingo, 15 de maio de 2011

Copia Fiel (2010)

Se  nos anos 90 você se encantou com o cultuado “Antes do Amanhecer” de Richard Linklater, você com certeza vai gostar de “Copia Fiel”, que pode ser considerado uma versão para adultos do filme de Linklater, longe do universo da cultura pop que povoava os inspirados diálogos entre os jovens atores, aqui as discussões aqui são bem mais intelectuais.


Em seu primeiro filme rodado fora do Irã, o mais importante cineasta do país, Abbas Kiarostami,em parceria com a estrela francesa Juliette Binoche nos presenteia com uma obra inteligente e belamente filmada na Toscana, que discute a vida, a arte e o amor de forma adulta e inventiva.


No inicio de “Copia Fiel”, o escritor inglês James Miller (William Shimell) argumenta que se a qualidade uma obra de arte depende do contexto e está nos olhos de quem a vê, então uma falsificação pode ter a mesma validade do original e assim a decisão é do espectador.
James Miller precisa voltar para a Inglaterra, mas antes aceita de Elle (Juliette Binoche), uma francesa dona de galeria que há anos vive na Itália com seu filho, um convite para passear pelas ruazinhas da comuna de Lucignano.Elle discorda de vários tópicos abordados no livro de James, e de uma conversa que inicia de forma cerimoniosa, vamos sendo arrastados  para um debate sobre a autenticidade e a relação entre o original e a copia no mundo da arte.
 Passando por um café, Elle acaba iniciando uma conversa com a dona do café, o dialogo entre elas abre o espectro da situação a possibilidades até então impensadas e os dois são confundidos como marido e mulher, e por brincadeira passam a encenar esses papéis. O momento dessa virada é essencial nesta segunda etapa onde o diretor uma situação até aquele momento bem natural por um intrigante jogo de espelhos. Só então percebemos que fomos colocados numa casa de espelhos, desta de parque de diversão, onde o reflexo nem sempre é uma reprodução da realidade. É como se atravessassem um portal para o neo-realismo. A conversa entre o casal toma rumos inesperados e faz surgir a verdadeira natureza daquela discussão cultural.


Kiarostami disse em entrevista que cada um deve interpretar a obra como quiser, mas é inegável que duas obsessões de sua cinematografia iraniana seguem preservadas aqui: as mulheres e o tempo. E se o diretor apega-se ao close-up de Juliette Binoche, que nunca esteve tão bonita e tão vulnerável, que apresenta uma vitalidade muito rara e preciosa. Tudo nela é real, do cansaço físico fruto da rotina diária, passando pela alegria de compartilhar a felicidade alheia, até a frustração diante do olhar apaixonado, mas não retribuído.


Não deixe de ver!

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