Este é um filme para ser visto confortavelmente. Sente-se na poltrona , desligue os telefones. relaxe, esqueça o mundo lá fora, fixe os olhos na tela e prepare-se para uma experiência cinematográfica diferente do convencional. Esqueça as montagens MTV, o feitos sonoros, as soundtracks, os "grandes momentos" e os "grand finales" típicos das produções comerciais e entregue-se ao estranho mundo do cineasta alemão Michael Haneke, o mesmo de “Fita Branca” e “A Professora de Piano”. Enfim, concentre-se para ver "Caché"
Assim Haneke inicia seu estudo sobre a imagem e seu efeito no homem contemporâneo. A princípio, esta parece uma definição simplista, mas o filme deixa latente o poder desestruturador da vigilância, mostrando o pânico crescente de uma família assustada pela misteriosa remessa de estranhas e anônimas fitas de vídeo. Mas Haneke vai mais longe ao questionar a natureza e o sentido das mídias audiovisuais, assim como o processo de criação delas. E como um bom artista que utiliza seu ofício para confrontar a realidade, Haneke não perde a oportunidade de estampar as relações ambíguas entres as classes socias, sempre partindo do ponto de vista do passado e da culpa. Em um ritmo lento ele vai envolvendo o espectador com longos planos parados e intrigantes que vão aos pouco nos jogando num universo de torpor, angustiam, para depois pregar sustos intensos.
Caché é um filme fascinante pelas coisas que diz, mas é ainda mais intrigante pelas que não diz, pelo que deixa no ar, para o espectador pensar em casa. Sóbrio e misterioso, o filme coleciona vários prêmios internacionais, entre eles Melhor Direção, Prêmio do Júri e Prêmio da Crítica Internacional em Cannes, e Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Ator (Daniel Auteil) no European Film Award.
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