segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

De lanterninha a cinéfilo

PAIXÃO

Herbert Holetz mantém, com muito esforço, coleção com mais de 2 mil produções cinematográficas


De lanterninha a cinéfilo

Blumenauense Herbert Holetz coleciona material e filmes antigos, resultado de paixão pelo cinema despertada aos 7 anos

LILIANI BENTO

Especial para a nnotÍcia

Blumenau - Uma das artes que mais exercem fascínio sobre as pessoas é o cinema. No escurinho da sala, a tela faz com que o filme tome vida e o espectador passe a se sentir parte da história. A paixão de alguns é tamanha a ponto de elas fazerem da sétima arte o oxigênio de suas vidas. Uma dessas pessoas é o cinéfilo Herbert Holetz, 70 anos, que desde pequeno é apaixonado por esse mundo mágico da ilusão. Assim como o garoto do filme "Cinema Paradiso", produção ítalo-francesa, de 1989, com direção de Giuseppe Tornatore, que se encanta pelo cinema quando ainda usa calças curtas, Holetz tinha 7 anos quando tomou contanto com ele. Se o longa-metragem de Tornatore fosse uma obra brasileira, com certeza teria sido inspirada em Holetz. Coincidentemente, o blumenauense nasceu em 1934, e o filme se passa na década de 40.

Desde que a mãe levou Holetz pela primeira vez a uma matinê, o garoto se apaixonou pela tela grande. Avesso aos efeitos especiais utilizados nos filmes atuais, ele diz que o que mais chama sua atenção no cinema é uma boa história e boas interpretações. "Com tantos efeitos, não precisamos mais de excelentes intérpretes", lamenta.

ACERVO

Tanto amor não poderia resultar em outra coisa senão trabalhar com isso. Assim, desde muito jovem integrou as equipes dos cinemas da região, tendo feito de tudo, lanterninha, bilheteiro, subgerente e gerente. Paralelamente, atuou como vendedor e outras atividades, isso porque sua maior paixão é ingrata e o trabalho não oferece salários atraentes. "Assim como jornalismo, literatura e outras profissões, o cinema é amor, mas temos que fazer outra coisa para sobreviver", declara bem humorado.

Ao longo das últimas cinco décadas, Holetz constituiu um acervo fascinante de fitas de cinema, livros e cartazes. A maioria de clássicos, filmes que não se encontram mais no mercado. São cerca de 2 mil fitas, algumas assistidas duas, três, quatro vezes pelo proprietário. "Tem alguns que gosto muito, outros sou obrigado a movimentar a fita para não criar fungo", explica.

Mesmo com a tecnologia do DVD disponível, o cinéfilo diz que não tem como transferir todas as fitas VHS para CD, em virtude do preço. "Sairia muito caro, não tenho como arcar com esse custo", avalia. Mas, mesmo diante das dificuldades financeiras, Holetz continua comprando filmes que considera interessantes.

O acervo está guardado no Arquivo Histórico desde o início da década de 90. Antes, era depositado no Cine Bush, fechado em 1993. "Não tinha como guardar em casa, então, pedi apoio para a Fundação Cultural de Blumenau, que tem me auxiliado sempre", explica.

O colecionaor não é egoísta, tanto que no ano passado criou o projeto Cine Arte (veja quadro), que exibe um filme todas às segundas-feiras, à noite, no auditório da fundação. A entrada é gratuita e, mesmo assim, não tem muito público. Holetz lamenta que as pessoas não conheçam os clássicos que fizeram história no cinema.
 
Materia publicada no Jornal A Noticia
Joinville - Terça-feira, 22 de junho de 2004 - Santa Catarina - Brasil

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