domingo, 30 de maio de 2010

Meus Westerns Favoritos

O chamado cinema western, também chamado popularmente de "filmes de cowboys" ou "filmes dde faroeste", praticamente nasceu com o prórprio cinema. Seu grande marco inicial foi em 1903, com a produção de "O Grande Roubo do Trem". Esse gênero é um clássico do cinema norte-americano. Nas décadas de 60 e 70 a Itália produziu os famosos western "spaghetti". Ainda que os westerns tenham sido um dos gêneros cinematográficos mais populares da história do cinema, com grandes diretores e mesmo que ainda tenha muitos fãs, a produção de filmes deste gênero é praticamente residual nos dias atuais. Como um saudosista e fã incondicional desses filmes que alegraram minhas tardes nos cinemas de Blumenau, resolvi listar os meus favoritos.


A Árvore dos Enforcados (1959): O Brilhante ator Gary Cooper, na pele do Dr. Joseph Frail, em um dos seus últimos papéis no cinema, faz um médico que chega para trabalhar com os doentes num campo de mineração na época da corrida do ouro, fugindo do seu passado obscuro. O filme tem uma história complexa e original, dirigido por um especialista no gênero Delmer Daves.Este é o filme de estréia do ator George C. Scott, no papel de um curandeiro e pregador bêbado. O filme tem também uma bela canção que foi indicada ao Oscar e uma trilha musical assinada pelo mestre Max Steiner.





Butch Cassidy e Sundance Kid (1969): baseado em fatos reais, Butch Cassidy e Sundance Kid consagrou a dupla Paul Newman e Robert Redford, além da música Raindrops Keep Falling on My Head de autoria de Burt Bacharach e Hal David. Um dos filmes de faroeste de maior sucesso da história do cinema. Um clássico premiado que mistura aventura, romance e comédia ao contar a história verídica dos fora-da-lei mais simpáticos do velho oeste. Ninguém é mais rápido que Butch Cassidy (Paul Newman) para bolar esquemas para ficar rico, seu parceiro Sundance (Robert Redford) é imbatível com seu revólver. O filme tem a direção segura de George Roy Hill, mas o grande trunfo do filme é o roteiro de William Goldman, vencedor do Oscar. O filme também foi premiado nas categorias Melhor Fotografia, Melhor Música e Melhor Canção e está na lista dos 100 melhores do American Film Institut (AFI).


Os Brutos Também Amam (1953): A lendária versão do mais perfeito mito do gênero western, do aclamado diretor George Stevens, obteve seis indicações para o Oscar e fez de Os Brutos Também Amam um dos grandes clássicos do cinema americano. Shane (Alan Ladd) é um errante e veterano pistoleiro que quer abandonar o seu passado mas se vê na obrigação de defender uma pacata família, aterrorizada por um rico boiadeiro e seu atirador de aluguel. Ao encarar a batalha decisiva, Shane vê o final de seu próprio estilo de vida. Misterioso, temperamental e insinuante, o filme é realçado pelas intensas interpretações de seu esplêndido elenco. Shane quer fugir da violência bem como do intenso desejo sexual que sente pela mulher do fazendeiro. Uma das cenas que se tornou clássica é quando o menino corre atrás de Shane gritando seu nome.


Consciências Mortas (1943): Quando um rancheiro é dado como morto por ladrões de gado, o povo de Ox-Bow decide fazer justiça com as próprias mãos e linchar os supostos assassinos. Henry Fonda interpreta um andarilho que tenta defende-los nesse provocativo filme que discute as verdades sobre o linchamento. Considerado por muitos como o melhor Western de Henry Fonda. Dirigido por William Wellman e co-estrelado por Dana Andrews, Mary Beth Hughes e Anthony Quinn, Consciências Mortas é uma incessante busca por justiça. Um filme que venceu a barreira do tempo e é aclamado como um dos melhores momentos de Hollywood.




Era uma vez no Oeste (1968): Obra-prima de Sérgio Leone combina fotografia, atuações, música e diálogos majestosos. “O ritmo do filme pretende criar a sensação dos últimos suspiros que uma pessoa exala antes de morrer. Era uma Vez no Oeste é, do começo ao fim, uma dança da morte. Todos os personagens do filme, exceto Claudia Cardinale, têm consciência de que não chegarão vivos ao final”. - Sergio Leone, define assim seu filme.É impossível esquecer o plano fechado nos olhos azuis de Henry Fonda que se injetam de ódio no papel de vilão. Este pode ser considerado o Pulp Fiction dos westerns, construído sobre uma história violenta e com personagens a beira da fronteira. Outro personagem inesquecível é Harmônica (Charles Bronson), um pistoleiro silencioso, uma espécie de filósofo da morte, ele é definido em uma fala de Jason Robards: “ Harmônica toca ao vez de falar, mas quando é melhor que toque, ele fala”.


O Homem que Matou o Facínora (1962): Equiparado a "No Tempo das Diligências" como um dos maiores do gênero, este é um faroeste atual que sobrepõe a todos os faroestes clássicos. John Ford, cujo próprio nome é sinônimo do gênero, dirigiu o elenco perfeito. Jimmy Stewart interpreta o desajeitado mas charmoso advogado da cidade grande, decidido a livrar o vilarejo de Shinbone de seu encrenqueiro e mau caráter número um, Liberty Valance (Lee Marvin), que transformou Marvin em um dos grandes homens maus do cinema. Como se não bastasse, o maior astro que já apertou o gatilho interpreta o homem do título, John Wayne. John Ford que durante décadas encantou gerações com seus filmes sobre os cowboys valorosos, a colonização do oeste, índios e pistoleiros neste filme mostra o Oeste forjado em cima de uma mentira. "Quando a lenda é mais famosa que a realidade, imprima-se a lenda", com esta frase Ford definiu O Homem que Matou o Facínora.


Os Imperdoáveis (1992): Um clássico moderno. Os Imperdoáveis, de Clint Eastwood, vencedor de quatro Oscar em 1992, incluindo Melhor Filme e Direção foi selecionado entre os 100 melhores Filmes de todos os tempos pelo American Film Institute. Eastwood nos deu um western violento, com um anti-herói em uma história inusitada e um elenco excepcional. Um filme lento, maduro, sombrio e tocante que mostra a história de um pistoleiro aposentado que precisa voltar às armas contratado por um bando de prostitutas. O filme também foi vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante para Gene Hackman, no papel do desonesto xerife local que impõe a lei através da força e brutalidade. No caminho, o diretor Clint Eastwood faz uma homenagem inesquecível ao faroeste, ao gênero americano por excelência, ao mesmo tempo em que lamenta seus últimos suspiros. Uma das curiosidades foi que Eastwood conservou o roteiro engavetado durante anos até ter a idade certa para interpretar o papel. Preste atenção a frase de Clint : “É um inferno matar uma pessoa. A gente tira tudo que ela foi e tudo que poderia ser”.


Matar ou Morrer (1952): Se não foi o primeiro, certamente é o mais famoso de um novo tipo de faroeste, o chamado "western psicológico" onde a história se tornava mais complexa e o bandido podia ter complexos, medos e problemas. Não se tratava apenas de mera perseguição entre bandidos e mocinhos. Por sua interpretação do Xerife Will Kane, Gary Cooper (1901-61) levou seu segundo Oscar (o primeiro foi por "Sargento York"), em 1941.O filme conta a história de um homem da lei, que se dispõe a defender sozinho uma cidade de habitantes covardes contra uma gangue de criminosos vingativos. Através de uma montagem fabulosa feita pelo veterano montador Elmo Williams o filme acabou se tornando uma tensa história de suspense, um homem traído por seus amigos (os mesmos que minutos antes foram festejar seu casamento, agora lhe viram as costas) e que tem que enfrentar sozinho os três pistoleiros em duelos a pistolas, que se tornariam clássicos. Matar ou Morrer recebeu um total de quatro Oscars, incluindo Melhor Montagem, Trilha Sonora e Canção Original.


O Matador (1950): Jimmy Ringo é um famoso pistoleiro com fama de "rápido no gatilho”, quer refazer sua vida e viver em paz com a mulher, mas sua fama de rápido no gatilho continua atraindo desafiantes para conquistar o titulo do "Gatilho mais rápido do Oeste", deste modo lhe armam emboscadas e o desafiam constantemente para duelos. Com Gregory Peck no papel do matador este fantástico western foi dirigido pelo mestre Henry King.


Meu Ódio Será Sua Herança (1969): o mestre da violência, Sam Peckinpah inovou a maneira de se mostrar o tiroteio colocando as cenas em câmera lenta e adicionando o sangue espirrando para todos os lados.Este é um dos western mais famosos do cinema, provocou na época de seu lançamento enorme impacto pela violência e foi muito imitado posteriormente. O filme mostra um bando de assaltantes de banco que refugia-se no México. O crítico Roger Ebert lembra que, em 1969, “Meu Ódio Será Sua Herança” foi recebido da mesma forma que “Clube da Luta”, e foi em 1999, sob acusações pesadas de ser hiperviolento e gratuito, até mesmo, fascista. Para alguns, Peckinpah glorificava a violência. A verdade é que o filme é tremendamente violento, somente no verdadeiro balé de sangue que é o duelo final, Peckinpah gastou doze dias e mais de 10 mil cartuchos de bala de festim.


No Tempo das Diligências (1939): Clássico do diretor John Ford e que colocou John Wayne no panteão das grandes estrelas foi inspirado por um conto de Guy de Maupassant e filmado no cenário favorito de Ford, a sombra do célebre Monument Valley, em Utah, O filme se tornou a base do gênero western. Atravessando o Arizona numa diligência, um grupo se envolve um diversas lutas e aventuras - inclusive enfrentando índios guerreiros. Além da indicação para o Oscar de melhor filme, No Tempo das Diligências recebeu o Oscar de melhor ator para Thomas Mitchell e trilha sonora. Citado entre os 100 melhores filmes do AFI.




Onde Começa o Inferno (1959): Outro clássico imprescindível do gênero. John Wayne e Dean Martin em um grande filme do diretor Howard Hawks. John Wayne é John T. Chance, xerife de uma pequena cidade do Texas que precisa enfrentar um exército de pistoleiros dispostos a libertar um rico proprietário de terras preso por assassinato. Para a missão conta com a ajuda de um quarteto inusitado, um bêbado (Dean Martin), um velho resmungão (Walter Brennan), um jovem e inexperiente pistoleiro (Ricky Nelson) e uma bela garota (Angie Dickinson). O diretor Howard Hawks é certeiro ao centrar a trama na relação entre os cinco personagens e na tensão gerada pela expectativa do confronto. Foi refilmado pelo próprio diretor depois como "Eldorado" (1966) e "Rio Lobo" (1970).


Paixão de Fortes (1946): Henry Fonda é Wyatt Earp o pragmático e controlado, xerife da cidade de Tombstone levado a vingar a morte do irmão caçula com a ajuda de um médico tuberculoso (na vida real, dentista). "Doc Hollyday" vivido por Victor Mature nessa adaptação do mestre John Ford (1894-1973), que produziu uma de suas obras-primas mais perfeitas e queridas, para o famoso duelo entre os dois e a família Clanton no Curral OK. Victor Mature (1913-99) teve neste filme uma das melhores e mais marcantes atuações de sua carreira.Conforme cita Rubens Ewald Filho: “Tecnicamente o filme também é brilhante, com os belos enquadramentos característicos de Ford, sua narrativa sempre despojada e elegante, tudo valorizado pela bonita fotografia em preto e branco. O filme foi um grande sucesso na época, restabelecendo o prestígio de Ford como grande diretor após sua volta à ativa depois de retornar da II Guerra, e permanece como um dos grandes westerns da história do cinema.”


Por um Punhado de Dólares (1964): a obra que transformou Clint Eastwood, egresso da TV, em um dos maiores nomes de Holywood e foi o primeiro western-spaghetti do diretor Sérgio Leone. Em uma pequena cidade dominada pelo conflito entre dois bandos rivais, um pistoleiro recém-chegado recebe propostas financeiras de ambas as partes para entrar na briga e aceita as duas ofertas. O Filme na verdade foi inspirado na obra do mestre Akira Kurosawa – “ Yojimbo – O Guarda Costa”. Não posso deixar de mencionar a fabulosa trilha sonora de Ennio Morricone.




Rastros de Ódio (1956): mais uma da dobradinha Ford/Wayne.Trabalhando juntos pela 12ª Vez, John Wayne e o diretor John Ford transformaram Rastros de Ódio em um marco do Western. Wayne vive um ex-soldado confederado em busca de sua sobrinha, capturada por índios Comanches que massacraram sua família. Ele não se renderá diante da fome, sede, solidão ou das interpéries da natureza. Em sua busca de cinco anos encontrará algo inesperado: sua humanidade.
Filmado com requinte por Winton C. Hoch, com uma maravilhosa trilha de Max Steiner e performances inesquecíveis de um elenco brilhante que inclui nomes como Jeffrey Hunter, Vera Miles, Natalie Wood e Ward Bond, Rastros de Ódio é em um filme que discute racismo e intolerância. É uma jóia cinematográfica. Fique atento para a sequencia de abertura que se repete no final na qual a porta de uma casa serve de passagem para o arrido oeste americano.


Sete Homens e um Destino (1960): refilmagem livre de "Os Sete Samurais", de Akira Kurosawa. A música-tema de Elmer Bernstein acabou virando jingle da marca de cigarros Malboro. Mexicanos atacados por um bandoleiro contratam sete pistoleiros para defender sua cidade (era mais barato do que comprar armas, segundo um dos personagens). O filme é um desfile de astros, alguns em inicio de carreira comoYul Brynner e Steve McQueen, interpretando dois pistoleiros desempregados, que reúnem mais 5 destemidos foras-da-lei, incluindo James Coburn, Charles Bronson e Robert Vaughn.


O Tesouro de Sierra Madre (1948): Com roteiro e direção de John Huston (únicas duas estatuetas que o cineasta levou de suas 13 indicações ao longo da carreira) é considerado um dos maiores clássicos do cinema norte-americano. Na verdade o filme não é um western tradicional mas sim um dos maiores clássicos sobre cobiça e loucura ao mostrar a vida de três homens em Tampico. Uma busca desesperada pela riqueza em Sierra Madre, onde a ganância vai os corroendo aos poucos e revelando o caráter e as verdadeiras personalidades de cada um. Indispensável para qualquer coleção!




Três Homens em Conflito (1966): Sem sombra de dúvida, o mais ambicioso faroeste, impecável esteticamente, cujo estilo influenciou todos os filmes do gênero dali para adiante. Com Clint como "o bom", Van Cleef como "o mau" e Eli Wallach como "o feio". Três homens que em meio à Guerra Civil Americana tentam chegar a um cemitério onde estaria enterrada uma fortuna em ouro. Da música de Ennio Morricone aos diálogos ferinos, é um western perfeito.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

O Cardeal (1963)

O filme é uma adaptação do romance de Henry Morton Robinson e relata a vida do jovem Stephen Fermoyle, um padre irlandês-americano que está para se tornar Cardeal.


A longo do filme (175 min.) acompanhamos as lembranças de Fermoyle , cujo forte compromisso com as questões sociais irão levá-lo através de um labirinto de política e preconceitos da igreja católica. Mas jornada Fermoyle terá de passar por varias provas que irão botar sua fé a prova.

Dirigido por Otto Preminger um austríaco naturalizado americano,que ao longo de sua carreira sempre gostou de abordar temas que gerassem polemica, com O Cardeal (1963),ele realizou um estudo das relações da Igreja com um sem número de temas polêmicos na primeira metade do século. Alguns exemplos te temas polêmicos abordados em seus filmes são: O vicio em (O Homem do Braço de Ouro) a lei (Anatomia de um Crime), a política (Tempestade sobre Washington) ou A Guerra Fria (O Fator Humano). Mas vamos voltar ao Cardeal,no qual Preminger Poe seu personagem titulo num conflito interno e externo com a burocracia da Igreja católica, suas decisões e por fim a sua fé.

Duas passagens do filme retratam bem essas situações: na primeira, uma série de ações dele termina por levar a irmã ao suicídio após engravidar; na outra, acaba espancado ao ajudar um padre negro no sul dos EUA.

O Padre Fermoyle é interpretado por Tom Tryon, um dos grandes problemas do filme, pois Tom é um ator limitado, o que leva o público a não se identificar com o mesmo.

Quem esta ótimo no filme é John Huston, no papel do sarcástico Cardeal Glennon, o que podemos constatar em uma frase dele durante o filme – “Nos nunca tivemos um padre que trabalhava com a máfia antes.Mas suponho que você fez alguns contatos interessantes em Roma”.Este papel deu a Huston o Globo de Ouro de melhor ator coadjuvante bem como uma indicação ao Oscar.

O Filme venceu também o Globo de Ouro (1964) na categoria de melhor filme drama e teve indicações ao Oscar nas categorias de melhor diretor, melhor edição, melhor fotografia colorida, melhor figurino colorido e melhor direção de arte.

O Cardeal é um filme sobre memórias de um homem que mesmo nas suas lembranças parece nunca estar de fato inserido nelas. Preminger já esteve melhor.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

O Cinema Noir

Conforme consta na Wikipédia – “Film noir (pronuncia-se no-ar) é um estilo de filme primariamente associado a filmes policiais, que retrata seus personagens principais num mundo cínico e antipático


O Film noir teve suas raizes nos romances de ficção policial e de detetives da época da Grande Depressão. Com um estilo visual proprio, fortemente influenciado pelo expressionismo alemão e no realismo poético francês. Seus temas geralmente eram de fatalismo, injustiça, heróis arruinados ou perdedores. Dentro deste estilo uma figura recorente eram as Bad Girls ou de moral duvidosa.

Os filmes Noir faziam geralmente por via de regra o uso de iluminação rebuscada, interiores luxuosos e sets de filmagens externas ricamente elaborados,que eram características recorrentes. Com tramas inteligentes na grande maioria das vezes seus personagens acabavam em auto destruição. O clima era de desconfiança, paranóia e cinismo. Sendo que a trama se desenvolvia em ambientes urbanos e utilizando-se de técnicas como narração confessional ou movimentos de câmera com o ponto-de-vista do herói.



Listo abaixo alguns dos meus favoritos sem ordem de preferencia:

• Scarface (1932)
• Reliquia Macabra (1941)

• Sombra de uma Dúvida (1943)

• Laura (1944)

• Pacto de Sangue (1944)
• A Beira do Abismo (1946)

• Gilda (1946)

• Os Assassinos (1946)

• A Dama de Shanghai (1947)
• Beijo da Morte (1947)

• Fuga do Passado (1947)

• Corpo e Alma (1947)

• Seu Último Refugio (1948)

• Baixeza(1949)

• O Terceiro Homem (1949)
• Fúria Sanguinária (1949)

• Punhos de Campeão

• O Segredo das Joias (1950)

• Sombras do Mal (1950)

• Crepusculo dos Deuses (1950)

• Pacto Sinistro (1951)
• Os Corruptos (1953)

• O Mensageiro do Diabo (1955)

• O Grande Golpe (1956)

• A Embriaguez do Sucesso (1957)

• A Marca da Maldade (1958)




"You've got to ask yourself one question: 'Do I feel lucky?' Well, do ya, punk?"

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Desejo e Reparação (2007)

"Desejo e Reparação", inspirado no livro do escritor inglês Ian McEwan é a história de um erro trágico capaz de alterar vidas e também da perseverança de uma pessoa em reparar o mesmo. O filme desenvolve-se como um grande enigma que vai se resolver apenas em seu último ato.Aos 13 anos, a aristocrática Briony, uma precoce aspirante a escritora, pensa ter visto sua irmã mais velha, Cecilia, ser assediada por Robbie, o filho da empregada. Numa uma série de confusões e movida por ciúmes, Briony o acusa falsamente de um crime que irá destruir não apenas a vida dele mas de toda a família, inclusive a dela.

O longa conta a história sem uma ordem cronológica, ou seja, primeiro lança o ponto de vista da narradora e depois como realmente sucederam os fatos, sendo seu enredo extremamente original.

Temos então um segundo ato, quando o rapaz serve na Guerra lutando na França,é neste momento que o filme tem sua seqüência mais bela e notável dentre vários momentos inesquecíveis criados por Wright e seu diretor de fotografia, destaca-se um plano seqüência de cinco minutos em que Robbie anda pela praia que serviria de retirada dos soldados britânicos. A cena retrata o desespero de milhares de soldados que, sem saber quando chegará sua vez de ir para casa, destroem tudo (veículos, animais, etc.) que poderia ser usado posteriormente pelos nazistas. Só por esta sequencia “Desejo e Reparação” já merece ser conferido, que conta com milhares de figurantes e revela todo o talento do diretor.


O filme é a confirmação do talento que o diretor Joe Wright que já havia demonstrado no ótimo "Orgulho e Preconceito". Mesmo assim, nada tinha me preparado para o impacto emocional do filme.


Neste seu segundo longa-metragem, o cineasta Joe Wright mostra que está amadurecendo o talento, além disso ele consegue extrair do elenco ótimas atuações, que é composto de Keira Knightley (Cecilia),  o escocês James McAvoy (Robbie). Mas o papel mais importante é o de Brioni, interpretado em três momentos distintos por Saorsi Ronan, Romola Garai e Vanessa Redgrave.

Outro ponto fortedo filme é a sua esplêndida trilha sonora assinada pelo italiano Marianelli.


Vencedor de vários prêmios, como o Globo de Ouro de melhor filme e trilha musical e o Bafta de melhor filme e direção de arte, foi indicado ao Oscar de melhor filme, direção de arte, fotografia, figurino, atriz coadjuvante para Saiorse, roteiro adaptado (Christopher Hampton) e venceu a estatueta de trilha musical.


Este é um filme que considero indispensável para se ter na sua coleção.



Frase do dia: "Carpe diem. Seize the day, boys. Make your lives extraordinary"

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sexta-feira, 21 de maio de 2010

O Grande Imperador

“Imperador” assim era conhecido o grande diretor japonês Akira Kurosawa que popularizou o cinema oriental pelo mundo. Kurosawa tinha este apelido devido a sua estatura (1,81) um diferencial frente a genética nipônica e por sua austeridade como diretor.


Foi o cineasta que influenciou a carreira de grandes diretores, pelo mundo afora, dos quais posso citar Coppola, Leone, Scorsese, De Palma , Spielberg entre outros e teve vários remakes de suas obras feitas por diretores ocidentais.

Kurosawa que foi reverenciado pelos cineastas, críticos e festivais pelo mundo afora, jamais teve o reconhecimento merecido e seu pais, magoa que levou consigo até a data de sua morte.

Kurosawa teve seu primeiro contato com o cinema na década de 30, como assistente de direção. A revelação ao público aconteceu nos anos 40 com o filme “Os Homens que pisaram na cauda do Tigre” um bem sucedido filme de samurai.

Em 1948 com “O Anjo Embriagado” começa uma parceria de 16 filmes com o seu ator favorito Toshiro Mifume. Entre 48 e 50 foram feitos “O Cão Danado” (1949) e

“O Escândalo” (1950). Em 1950 veio a premiação internacional com “Rashomon” que recebeu o Leão de Ouro em Veneza e o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Com “Os Sete Samurais” de 1954, Kurosawa conseguiu a consagração internacional, sendo o filme reconhecido como um dos maiores filmes da historia e o primeiro dos seus filmes a ter um remake pelo cinema ocidental com o western “Sete Homens e um Destino” de John Struges em 1960. “Além destes mais três filmes seus tiveram remakes de sucesso, “Rashomon” virou o western “Quatro Confissões” de (1964). O clássico “Yojimbo, O Guarda Costas” (1961), serviu de inspiração para Sergio Leone no seu “Por Um Punhado de Dólares” (1964) e “O Ultimo Matador” (1996) de Walter Hill.

Até a animação “Vida de Inseto” tem sua influencia, pois a historia tem a mesma premissa de “Os Sete Samurais”.

Em 1957, Kurosawa que sempre teve uma forte ligação com a literatura dirige “Trono manchado de Sangue” baseado em MacBeth de Shakespeare. Varias outras obras suas foram inspiradas em obras primas da literatura, de Dostoievski temos “O Idiota” (1951), em 1952 “Viver” de Tolstoi , entre tantos outros.

Em 1970 deprimido, diante das criticas negativas de “Dodeskaden” Kurosawa faz uma tentativa de suicídio, após muitas dificuldades, ele da a volta por cima e em 1975, baseado na obra de Arseniev, filma “Dersu Uzala” Dersu é um camponês, exemplo de humildade e sabedoria, sendo que o filme mostra de maneira poética e sensível as diferenças culturais entre ele e um pesquisador russo. O diretor de fotografia aproveitou o máximo às belas paisagens naturais da Sibéria e as registrou em belíssimas imagens. O Filme foi o vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

Passam-se cinco anos e apoiado por George Lucas e Francis Ford Coppola, ele consegue completar “Kagemusha: A Sombra de um Samurai”, que lhe rendeu uma Palma de Ouro em Cannes.

Novamente buscando inspiração em Shakespeare em 1985 ele filma “Ran”, que foi a maior produção do cinema japonês até aquele momento.

Na década de 90, Kurosawa entrou numa fase mais intimista, poética, talvez até nostálgico, dirigindo “Sonhos” (1990), “Rapsódia de Agosto” (1991) e “Mandayo” (1993).

Kurosawa dirigiu 32 filmes durante a sua carreira e a maior definição de sua obra foi dada pelo cineasta Francis Ford Coppola “Os filmes de Kurosawa são como palácios de tesouros, com jóias espalhadas em todos os cantos”.

Akira Kurosawa ( 23/03/1910 - 06/09/1998)


"Have you ever danced with the Devil in the pale moonlight?"

quinta-feira, 20 de maio de 2010

O Baile (1983)

Dirigido por Ettore Scola,o filme é uma adaptação do espectáculo que o Théatre du Campagnol havia montado em Paris, com encenação de Jean-Claude Penchenat.
Scola fez um filme sem palavras, quase uma homenagem ao principios do cinema onde tinhamos apenas a música que acompanhava a ação que se desenrolava na tela.
O filme retrata a história da França, iniciando nos anos 30 e nos leva embalados por uma trilha musical formidavel até a  década de 80. Tendo como pano de fundo unicamente um salão de baile e através das recordações das personagens, da música e da dança,resume as mudanças da sociedade, as crises, a guerra, a ocupação nazista, a revolução, os protestos dos estudantes, o amor, o ódio, a esperança da sociedade francesa.
A grande sacada de Scola, é nos fazer entender os dramas, alegrias e frustrações através da ação dos atores/personagens, que por vezes beiram a caricaturas. O diretor usou os próprios atores do grupo de Théatre du Campagnol que tem atuações marcantes e tendo sua história transcorrida somente em um único cenário, Scola facilmente poderia ter caido na teatralidade filmada mas pelo contrario, nos legou um belo filme musical, premiado com o César nas categorias de Melhor Diretor, Filme e Música (Vladimir Cosma) e com o Urso de Prata no Festival de Berlim.


" The greatest trick the devil ever pulled was convincing the world he didn´t exist"

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Os Vampiros e o Cinema.

Citando Dennison Ramalho Da Revista SET: Edward Cullen...Ele tem 108 anos e ainda precisa ir à escola. E não aprendeu nada!”


Vampiro que é Vampiro não tem essa de bonzinho, é ruindade mesmo. Gosta de um pescoço feminino não porque é bonitinho, mas por ser uma fonte de prazer e alimento.

Estes vampiros afetadinhos da série Crepúsculo são um bando de mocinhas...

O Cinema de Horror povoa as telas desde o cinema mudo. A primeira obra digna de ser mencionada é “ Nosferatu: Uma sinfonia de Horror”, de 1922, dirigido pelo alemão F.W. Murnau que em princípio seria baseado no clássico livro de Bram Stoker, mas houve um problema de direitos autorais. Graças a genialidade de Murnau o mundo veio a conhecer o primeiro vampiro de respeito do cinema, o Conde Graf Orlock, interpretado pelo estranhíssimo ator Max Schreck. Esta obra hoje é citada em várias listas de filmes consagrados de horror, tendo inclusive, a história do filme sido contada em 2000 no filme “A Sombra do Vampiro”, com John Malkovich e Willem Dafoe .



Em 1931, a Universal iniciando sua série de grandes monstros do horror, que durou quase 30 anos, produziu “Drácula”, dirigido por Tod Browning e estrelado por Bela Lugosi. Este papel deu estrelato a Lugosi, mas ao mesmo tempo o marcou como "um ator de um só papel".

O sucesso de Drácula fez com que a Universal continuasse a produzir filmes na linha de horror, no mesmo ano iniciou “ Frankenstein”. Depois foram lançados os igualmente clássicos “ A Múmia”, “O Homem Invisível”, “A Noiva de Frankenstein e “O Lobissomem”, refilmado em 2009.



No final dos anos 50 a produtora inglesa Hammer, agora já com o advento da cor, resolveu reativar a franquia dos filmes de Vampiros. Lançou em 1959 “O Vampiro da Noite” dirigido pelo mestre Terence Fisher e estrelando Christopher Lee como o Conde Drácula. Lee, na opinião de muitos criou a imagem definitiva do vampiro. O sucesso foi enorme que atrás dele se seguiram “Drácula - O Príncipe das Trevas” (1966) que inicia onde terminou O Vampiro da Noite, “Ritos Satânicos de Drácula” (1973) e “Conde Drácula” (1970).

A Hammer produziu uma série de filmes de vampiros dos quais podemos citar: “Luxúria de Vampiros” (1971), “O Circo de Vampiros” (1972), “A Condessa Drácula” (1971), “As Noivas do Vampiro” (1960), entre outros. Não quero discutir a qualidade desses filmes, pois muitos são de péssima qualidade, mas sim a imagem passada pelos vampiros destes filmes, que eram demoníacos, figuras medonhas e com sede incontrolável de sangue.



Em 1967, o diretor polonês Roman Polanski nos deu a impagável comédia, “A Dança dos Vampiros”,uma história tragicômica sobre vampiros das mais bem elaboradas no cinema.Polanski sabe habilmente utilizar certos pontos fortes dos filmes da Hammer para os transcenderem de certo modo, fazer uma paródia dos mesmos. Os cenários realizados por Wilfred Shingleton são simplesmente magníficos. A fotografia, a estrutura da narrativa e a excelente música de Christopher Komeda se encaixa perfeitamente no clima do filme e fazem de "A Dança dos Vampiros" um clássico.


Dirigida com maestria pelo grande cineasta alemão Werner Herzog temos a obra-prima do horror “Nosferatu - O Vampiro da Noite” (1979),  um excelente remake do clássico expressionista do mestre W. F. Murnau. Traz também um desempenho magistral do ator alemão Klaus Kinski.Werner Herzog se coloca justamente nos limites entre o sonho e a realidade, onde o desespero e a morte são elementos vitais para tratar, por um lado, da impotência e da insatisfação sexual de Lucy (Isabelle Adjani) e, por outro, da falta de amor que origina o tormento, a solidão e o desespero do Vampiro (Klaus Kinski).





Em 1994, sob a direção de Neil Jordan, tivemos “Entrevista com o Vampiro” estrelado pelo elenco all star Brad Pitt, Christian Slater, Tom Cruise e Kirsten Dunst. Anne Rice adaptou o roteiro de seu livro publicado em 1973. O filme é sombrio, sensual e provocante, Tom Cruise e Brad Pitt tem excelentes desempenhos, principalmente Cruise como o Vampiro Lestat. Mas o mérito não fica apenas nisto. Kirsten Dunst, com seu charme que transita entre um rosto de boneca e o olhar de uma mulher determinada, provou mais uma vez que talento independe da idade. A produção é glamourosa, a maquiagem impressionante e as seqüências não deixam nada a dever ao livro.



Com elenco de peso, composto por Gary Oldman, Winona Ryder, Anthony Hopkins e Keanu Reeves, e sob direção de Francis Ford Copolla, o longa “Drácula de Bram Stoker” (1992), apresentou aos fãs de vampiros um filme que resgata a origem do Conde Drácula, com uma grande beleza plástica. O filme venceu o Oscar nas categorias de melhor figurino, melhores efeitos sonoros e melhor maquiagem.





Citando, mais uma vez, Dennison Ramalho, da Revista SET: “ Hoje, os bichos voam, correm e trepam em árvores. Eles recebem namoradas para jantar e andam durante o dia, diluídos em efeitos especiais descartáveis. Hoje eles são bonitinhos, fofinhos, desejáveis. Quase carentes."

Edward Cullen, seu afetadinho Vampiro tem que ser monstruoso, com a maldade no olhar, de presas afiadas, ter crueldade e ser diabólico.

Quero sangue...


"FRANKLY, MY DEAR, I DON'T GIVE A DAMN".


terça-feira, 18 de maio de 2010

Sangue Negro ( 2007)

Paul Thomas Anderson, criou um épico americano como a muito não se via, após Magnólia ele nos dá a prova de ser um grande cineasta.
O filme discorre sobre a história do grande Daniel Plainview, protagonista de Sangue Negro, que personifica o sonho americano. Empreendedores natos, vencem em ambiente hostil, mas algo lhes corrói a alma. Esse algo que lhes falta, o dinheiro não pode comprar.

A busca pela ambição, religião e petróleo ocorrida no começo do século faz com que o aventureiro, Daniel Plainview (Daniel-Day Lewis), busque seu sonho a qualquer preço mesmo que para isso tenha que haver sangue, como diz o título original ( There will be blood).. Mas nada é convencional, nem contado de forma banal.

Anderson usa a força da narrativa tradicional, os primeiros 15 minutos, quase sem diálogos, coisa que a tempos não víamos no cinema americano. Estas cenas iniciais valem por todo o filme, pois nelas percebemos que tipo especial de homem o  filme vai nos apresentar: trata-se de um legítimo “a self-made man”, que moldou a alma da Nação americana: você é responsável pelo que é!

Temos então um salto para 1911, com algum dinheiro ele vai procurar poços em áreas rurais. Consegue os direitos de uma família muito religiosa para explorar sua propriedade, garantindo assim a base de sua fortuna.

A partir do momento em que Plainview descobre petróleo percebe que será necessário também explorar outras pessoas, de maneira nem sempre amigável, para crescer em sua empreitada e enriquecer cada vez mais. Rude e inescrupuloso, Daniel não hesita sequer em adotar uma criança, desde que ela seja útil aos seus objetivos gananciosos. Ambientada na virada do século 19, a trama é inspirada no livro Oil , de Upton Sinclair (1878-1968).

Mais tarde em  Little Boston ele encontra no pastor Eli Sunday (Paul Dano - magnifico) um rival à sua altura na oratória . Um rival que também tem ambições de prosperar.

As tramas começam a se mover de fato quando Daniel não deixa para Eli Sunday o bendito poço em Little Boston. A partir daí, como a aterrorizante trilha sonora de Jonny Greenwood já antevia, e como diz o imbatível título original do filme, "haverá sangue" no encontro final de Plainview e Eli.
Enfim este é um filme que deve estar na prateleira de qualquer colecionaor para poder ser visto muitas vezes.

 A partir desta postagem irei sempre deixar uma frase ligada a um filme tentem adivinhar:
 
"I'm going to make him an offer he can't refuse."

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Ainda é possível sonhar.

A algum tempo venho acompanhando a chegada ao mercado de DVDs obras primas da sétima arte. Tais como "Contos da Lua Vaga", "O Discreto Charme da Burguesia", "Paisagem na Neblina", " O Espírito da Colméia" entre outras dezenas.
Filmes que fazem babar qualquer cinéfilo, principalmente por serem obras de difícil acesso e que na maioria das vezes estiveram suas exibições no Brasil restritas a festivais ou cinemas de arte.
Através da edição de nro. 7 da revista MOVIE, descobri que o herói, sim herói, pois com a internet e a concorrência da pirataria, somente uma pessoa extremamente corajosa se voltaria para um mercado tão restrito. Pois o herói que estou falando é o maranhense Frederico Machado dono da LUME Filmes - que vem surpreendendo os cinéfilos de plantão com um catálogo ousado e de excelente qualidade.
Como as grandes distribuidoras estão mais preocupadas com seus blockbusters e filmes de apelo comercial, os filmes lançados pela Lume são uma festa para os olhos e a alma de loucos por cinema como eu.
É uma alegria poder rever filmes que foram exibidos na sessão de Arte do extinto Cine Busch, e que levava a um seleto grupo de Blumenauenses obras primas do cinema mundial. Este evento acontecia todos os sabados as 22 horas, e lá se encontarvam Noemi e Roi Kellermann, Cao Hering, Willy e Vitória Sievert, Edson Schroeder, Roberto Disse, Georges Rul e tantos outros amigos. Não foram poucas as vezes que as que após as sessões, discussões adentraram as madrugadas, com o grupo sentado nas mesas do Restaurante Chinês.
Frederico, obrigado! Graças a você ainda é possível sonhar.

Boa Noite e Boa Sorte.

domingo, 9 de maio de 2010

Carta de Uma Desconhecida (1948)


Ápos mais uma noite de badalação, Stefan Brand ( Louis Jourdan) chega em casa e recebe uma carta, as primeiras palavras lidas são " Quando você estiver lendo isso, eu estarei morta..."  assim inicia este clássico do cinema romântico, dirigido pelo mestre Max Ophüls ( Lola Montés).
Com estas palavras Ophüls leva o espectador a vida de Lisa (Joan Fontaine) e atráves de uma estrutura narrativa extremamente bem amarrada. Com Lisa como narradora, viajamos décadas de forma engenhosa e com uma fluidez mágica.
Ophüls faz de cada detalhe, cada enquadramento e dos movimentos de camêra uma obra de riqueza inesgotável. Seja pelo rangido de uma porta ou as rosas compradas na esquina, ele monta um relato pungente que aos poucos vai desvelando as ilusões de nossa protagonista.
Como cita Steven Jay Schneider no livro 1001 Filmes para ver antes de Morrer   " ...uma obra que levou uma miríade de cinéfilos a tentar desvendar seus temas, padrões, sugestões e ironias. No entanto, nenhuma quantidade de análise cuidadosa será capaz de extinguir a emoção sublime e dilacerante evocada por esta obra-prima".
Embalados ao som de Liszt, Wagner e Mozart vamos acompanhando este melodrama inesquecível, com um desempenho memorável de Joan Fontaine.
Esta obra deixa claro porque Max Ophüls foi considerado um dos grandes cineastas do século passado.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Seo Holetz


" Seo Holetz" como é conhecido o Blumenauense que por mais de 40 anos trabalhou no primeiro cinema fixo de Blumenau e do Estado de Santa Catarina, o Cine Busch. Herbert Holetz nasceu em 14 de novembro de 1934, e teve seu contato com o cinema no início dos anos 40. A partir deste momento Holetz e o cinema nunca mais se separaram, a ligação estava criada. Magali Moser descreve este momento em seu Livro " A Vida Pelo Cinema": " Bastou o menino se deparar com a sétima arte, no primeiro cinema fixo de Blumenau, para que os olhos amendoados se maravilhassem com a descoberta."

 Holetz passou sua infância se admirando diante da tela que exibia as comédias de Chaplin e do Gordo e do Magro, as aventuras de Tarzan e os seriados tão famosos do período.

Nos anos 50, Holetz já um jovem esguio se tornará frequentador assíduo do Cine Busch, o que não passou despercebido pelo gerente do cinema, que o convidou para ajudar a encaminhar as pessoas aos seus lugares, uma vez que os mesmos eram numerados. Além de encaminhar o público Holetz também controlava a bagunça durante a sessão. Esta foi sua primeira função dentro do templo da sétima arte, e mesmo não sendo remunerado o simples prazer de respirar cinema e assistir gratuitamente aos filmes já era uma realização. Holetz exerceu diversas funções dentro do Cine Busch, foi porteiro, bilheteiro até galgar para o cargo de gerente do Busch e do Cine Blumenau, quando ocorreu a aquisição do mesmo pelo Grupo ao qual pertencia o Cine Busch.

 Em 1983, Holetz vê, com grande tristeza, o fechamento do Cine Blumenau destruído pelas águas da grande enchente do Rio Itajaí-Açu. Sem desanimo ele convence a empresa a reformar o Cine Busch e transformá-lo em duas salas de cinema. Na sala menor Holetz consegue realizar um sonho, sábados à noite a cidade de Blumenau tem a oportunidade de ver grandes obras do cinema mundial na “Sessão de Arte”. Nela, eu e diversos amigos tivemos contato com Bergman, Scorsese, Allen, Kubrick, Welles, Hitchcock, Lynch, Bertolucci, dentre outros.

O grande baque foi em 1993, quando recebe a notícia que o Cine Busch será fechado por não haver acordo na renovação contratual do prédio onde o mesmo estava instalado. Temendo a demolição do prédio ele inicia uma campanha para o tombamento da edificação como patrimônio da cidade, o que acaba conseguindo com a ajuda de muitos amigos.

Em 1994 é convidado para gerenciar o Cine Gaspar, na cidade com o mesmo nome. Apesar de todo o esforço o empreendimento tem vida curta e em 1996 fecha suas  portas. Em agosto do mesmo ano, para sua alegria, é convidado para trabalhar em Joinville, onde fica a frente dos cinemas localizados no Shopping Cidades das Flores. Holetz permanece em Joinville por oito anos onde realiza diversas exposições e mostras, além de dirigir o Cine Arte, na Fundação Cultural de Joinville.

 Durante esta "vida de cinema" Holetz reuniu um expressivo arquivo composto por jornais, revistas, livros, cartazes, fotos autografadas e muito mais. Este material hoje se encontra sob responsabilidade do Arquivo Histórico de Blumenau.

No ano de 2006, a jornalista Magali Moser publicou o livro “A Vida pelo Cinema" que relata a vida de Herbert Holetz  e relembra os tempos de glória dos cinemas de Blumenau. Este livro serviu para o documentário “Vida de Cinema" produzido pela TVI e exibido pela RBS TV.

Hoje, com 77 anos,  Seo Holetz dirige a Sessão de Arte da Fundação de Cultura de Blumenau e tem nos seus olhos um brilho especial quando fala de sua paixão. Paixão que plantou também em minha alma.

Pai, muito obrigado por esta herança.

Finalizo com uma frase de Carlos Drummond de Andrade " Quem não sentiu a perda de um cinema frequentado durante anos tem memória nublada ou coração de pedra"


Boa Noite e Boa Sorte.


segunda-feira, 3 de maio de 2010

Sombras do Mal


A pouco tempo atrás numa visita a uma livraria da cidade, adquiri um clássico do cinema, Noir, talvez desconhecido para muitos. Estou falando de Sombras do Mal ( Night and the City)de 1950, dirigido por Jules Dassin, que neste mesmo período estava sendo perseguido pela Lista Negra do McCarthismo, levando-o ao exílio em 1959.

O filme produzido pela Fox, dá uma visão expressionista do submundo londrino, onde Harry Fabian, interpretado magistralmente por Richard Widmark, vive um personagem patético com sua gravata borboleta. Fabian vive de pequenos golpes sonhando com o dia em que dará o golpe definitivo de sua vida.

Dassin que adorava filmar em locações, o que reflete um aspecto sujo e realista, criou um universo sórdido de golpistas baratos, falsificadores e contrabandistas, entre outras figuras que povoam os clubes noturnos de Londres.

O filme se passa totalmente em um ambiente pesssimista e opressivo, com seu diálogos cínicos e duplo sentido. Um grande filme que merece ser descoberto.

domingo, 2 de maio de 2010

Como surgiu esta Paixão?


O cinema começou a fazer parte da minha vida durante a infância. Isso ocorreu graças a um apaixonado pela sétima arte, meu pai. Ele foi gerente do cinema mais antigo da cidade de Blumenau, o saudoso Cine Busch. Cresci respirando cinema. Dentro do Cine Bush vivi muitas das aventuras de minha infância, através da tela do cinema e no interior do mesmo.

Meu pai acumulou durante a sua vida uma fabulosa biblioteca cinematográfica, nela passei muito tempo buscando informações sobre a vida de atores e diretores, informações sobre filmes e até mesmo técnicas e termos usados no dia a dia da produção de um filme.

Minha mãe foi companheira inseparável nas sessões de cinema. Naquela época eram poucos os filmes que permaneciam muito tempo em exibição, desse modo, chegavamos a ver de três ou quatro filmes por semana. Mais tarde quando a empresa para qual meu pai trabalhava adquiriu um segundo cinema (Cine Blumenau) assistíamos até 6 filmes por semana.

Uma das lembranças mais gostosas era assistir a um filme sentado no balcão. Balcão???? Sim. Para quem frequentou os antigos cinemas de rua, denominação dada com o surgimento das salas de cinema em shopping centers, o balcão era uma área fechada que somente era aberta nos dias de lotação. Imaginem um garoto de dez anos sentado, sozinho nesta área, eu me sentia, como disse DiCaprio em Titanic, "o dono do mundo". Naquele universo maravilhoso mergulhado na escuridão e no silêncio tendo a minha frente apenas aquela tela onde se desenrolavam fantasias e emoções. Talvez por isto, hoje, quando vou ao cinema busco as sessões menos lotadas. O que tenho visto atualmente é uma total falta de respeito por parte do público, que durante a exibição manipula celulares e máquinas digitais ou bate papo.

Um filme, como uma pintura ou um bom prato, precisa de um ambiente propício para ser devidamente apreciado.

Pretendo em minhas postagens, falar desta paixão, das lembranças, assim como expressar minha opinião sobre diversos filmes.

Boa Noite e Boa sorte.