quarta-feira, 5 de maio de 2010

Seo Holetz


" Seo Holetz" como é conhecido o Blumenauense que por mais de 40 anos trabalhou no primeiro cinema fixo de Blumenau e do Estado de Santa Catarina, o Cine Busch. Herbert Holetz nasceu em 14 de novembro de 1934, e teve seu contato com o cinema no início dos anos 40. A partir deste momento Holetz e o cinema nunca mais se separaram, a ligação estava criada. Magali Moser descreve este momento em seu Livro " A Vida Pelo Cinema": " Bastou o menino se deparar com a sétima arte, no primeiro cinema fixo de Blumenau, para que os olhos amendoados se maravilhassem com a descoberta."

 Holetz passou sua infância se admirando diante da tela que exibia as comédias de Chaplin e do Gordo e do Magro, as aventuras de Tarzan e os seriados tão famosos do período.

Nos anos 50, Holetz já um jovem esguio se tornará frequentador assíduo do Cine Busch, o que não passou despercebido pelo gerente do cinema, que o convidou para ajudar a encaminhar as pessoas aos seus lugares, uma vez que os mesmos eram numerados. Além de encaminhar o público Holetz também controlava a bagunça durante a sessão. Esta foi sua primeira função dentro do templo da sétima arte, e mesmo não sendo remunerado o simples prazer de respirar cinema e assistir gratuitamente aos filmes já era uma realização. Holetz exerceu diversas funções dentro do Cine Busch, foi porteiro, bilheteiro até galgar para o cargo de gerente do Busch e do Cine Blumenau, quando ocorreu a aquisição do mesmo pelo Grupo ao qual pertencia o Cine Busch.

 Em 1983, Holetz vê, com grande tristeza, o fechamento do Cine Blumenau destruído pelas águas da grande enchente do Rio Itajaí-Açu. Sem desanimo ele convence a empresa a reformar o Cine Busch e transformá-lo em duas salas de cinema. Na sala menor Holetz consegue realizar um sonho, sábados à noite a cidade de Blumenau tem a oportunidade de ver grandes obras do cinema mundial na “Sessão de Arte”. Nela, eu e diversos amigos tivemos contato com Bergman, Scorsese, Allen, Kubrick, Welles, Hitchcock, Lynch, Bertolucci, dentre outros.

O grande baque foi em 1993, quando recebe a notícia que o Cine Busch será fechado por não haver acordo na renovação contratual do prédio onde o mesmo estava instalado. Temendo a demolição do prédio ele inicia uma campanha para o tombamento da edificação como patrimônio da cidade, o que acaba conseguindo com a ajuda de muitos amigos.

Em 1994 é convidado para gerenciar o Cine Gaspar, na cidade com o mesmo nome. Apesar de todo o esforço o empreendimento tem vida curta e em 1996 fecha suas  portas. Em agosto do mesmo ano, para sua alegria, é convidado para trabalhar em Joinville, onde fica a frente dos cinemas localizados no Shopping Cidades das Flores. Holetz permanece em Joinville por oito anos onde realiza diversas exposições e mostras, além de dirigir o Cine Arte, na Fundação Cultural de Joinville.

 Durante esta "vida de cinema" Holetz reuniu um expressivo arquivo composto por jornais, revistas, livros, cartazes, fotos autografadas e muito mais. Este material hoje se encontra sob responsabilidade do Arquivo Histórico de Blumenau.

No ano de 2006, a jornalista Magali Moser publicou o livro “A Vida pelo Cinema" que relata a vida de Herbert Holetz  e relembra os tempos de glória dos cinemas de Blumenau. Este livro serviu para o documentário “Vida de Cinema" produzido pela TVI e exibido pela RBS TV.

Hoje, com 77 anos,  Seo Holetz dirige a Sessão de Arte da Fundação de Cultura de Blumenau e tem nos seus olhos um brilho especial quando fala de sua paixão. Paixão que plantou também em minha alma.

Pai, muito obrigado por esta herança.

Finalizo com uma frase de Carlos Drummond de Andrade " Quem não sentiu a perda de um cinema frequentado durante anos tem memória nublada ou coração de pedra"


Boa Noite e Boa Sorte.


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