domingo, 12 de setembro de 2010

Cinema francês perde hoje Claude Chabrol

Claude Henri Jean Chabrol nasceu em Paris em 24 de Junho de 1930, este que foi uma referência do cinema francês como crítico, ator, roteirista e diretor, Claude Chabrol morreu neste domingo (12) na França, aos 80 anos.


Enquanto estudava direito conheceu Jean-Marie Le Pen, e participou do lançamento da Nouvelle Vague, ao lado de François Truffaut ,Jacques Rivette e Jean-Luc Godard na revista "Cahiers du Cinema". Na época o diretor da revista era Andre Bazin, que montou um grupo que ficou conhecido como “os jovens turcos" de Andre Bazin, do qual Chabrol também fez parte. Tendo Bazin como mentor esse grupo deu origem a Nouvelle Vague, que abalaou os alicerces não só do cinema francês mas do cinema mundial na década de 50 propondo uma quebra das amarras aos padrões vigentes e lançando uma proposta de liberdade e experimentação de novas formas de fazer filmes.

Curiosamente, Chabrol se destacou do grupo justamente por ajudar na elaboração da Nouvelle Vague e, depois, quando realmente investe no cinema como diretor, apostar no jeito artesanal e nas formas mais canônicas do que exatamente no rompimento total com as regras. Chabrol viajou por quase todos os gêneros, dos suspenses às comédias, passando pelos filmes de guerra, de espionagem e muitas adaptações literárias que se tornaram referências históricas, como por exemplo, o seu "Madame Bovary" (1991), também momento fundamental de sua parceria com Isabelle Huppert. Mas ficou conhecido principalmente pelos filmes de suspense abertamente inspirados em Alfred Hitchcock e Fritz Lang.

Junto com Eric Rohmer escreveu "Hitchcock", uma análise aguçada da obra do mestre do suspense. Foi também o início de sua carreira como diretor,quando dirigiu "Le Beau Serge" (1958), um filme considerado uma das sementes da Nouvelle Vague.

Nos anos 60, fez uma séria de obras memoráveis, como Os Primos, Entre Amigas, As Corças e O Açougueiro.O sucesso comercial de Os Primos permitiu-lhe criar a AJYM, produtora que financiou filmes de Eric Rohmer, Jacques Rivette e Philippe de Broca.

Nos anos 80, tornou-se um especialista da análise da burguesia francesa, criticando com veemência um conformismo servindo para dissimular a efervescência de vícios e de ódios e criou uma preferência por histórias de fortes questionamentos morais provocadas ou pela falta de encaixe dos personagens no mundo ou por uma forte sensação de perseguição ou ainda de culpa. No ótimo "Ciúme - O Inferno do Amor Possessivo" (1994), ele conseguiu juntar tudo isso ao mostrar a ação do ciúme e o processo de loucura provocado em um marido tomado pela dúvida sobre se sua mulher o trai ou não.

Engraçado e divertido, Chabrol também cultivou a ironia tanto nos dramas quanto nas comédias,principalmente em "A Comédia do Poder" e "Uma Garota Dividida em Duas". Este cineasta Frances sabia como ninguém observar e absorver o mundo ao seu redor para transformá-lo na tela e, quem sabe, na realidade.

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