sábado, 9 de julho de 2011

A Vida dos Outros (2006)

Há tempos eu havia adquirido uma copia deste filme, grande vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro na entrega de 2007 e de inúmeros outros prêmios e esta semana tive a oportunidade de assisti-lo. Dirigido pelo cineasta e roteirista alemão Florian Henckel Von Donnersmarck escolheu como pano de fundo Alemanha Oriental e sua famosa policia secreta a Stasi.

 “A Vida dos Outros é uma produção modesta, mas isso não faz com que o filme deixe de ser excepcional – muito pelo contrário, parece que dá mais veracidade às situações e apesar de longo, já que são 140 minutos o filme é envolvente, com roteiro, direção e atuações da melhor qualidade.

A história se passa em 1984, na Alemanha Oriental antes da queda do Muro de Berlim,e  narra uma história real do dramático (e às vezes hilário) sistema de espionagem existente na Alemanha Oriental durante o período da Guerra Fria. Nos anos 80, o Ministro da Cultura se interessa por Christa, atriz popular que namora com Georg, o mais conhecido dramaturgo do país e um dos poucos que consegue enviar textos para o outro lado da fronteira. Não há espaço para quem for contra o regime. Qualquer indício de simpatia pelos valores ocidentais pode significar o "desaparecimento" do traidor.Com a suspeita dos dois serem infiéis às idéias comunistas, eles passam a ser observados pelo frio e calculista Capitão Gerd, temido agente do serviço secreto,(interpretação arrasadora de Ulrich Mühe) vai se envolvendo (literalmente) naquela relação, mudando sua maneira de ver o regime e revendo seus conceitos como pessoa e cidadão.

Porém, contrariamente ao que possa parecer, “A Vida dos Outros não é mais um filme político sobre os desmandos de um regime ditatorial da RDA. Mais que isso, fala das contradições em que é exposto o ser humano, da patrulha ideológica e vigilância onipresente e do que isso causa no dia-a-dia das pessoas e, em especial, da solidão, que independe de regimes ou partidos e não cessa – talvez até se intensifique – por sabermos tudo sobre todos.
Num primeiro momento, a produção até parece ser fria, distante. "Alemã demais", porém, aos poucos, se percebe que esta suposta "frieza" narrativa é um dos grandes méritos da direção de Von Donnersmarck. Na realidade, o cineasta utiliza os primeiros minutos da ação para jogar o espectador no sombrio mundo da ausência total de liberdade. Tudo é escuro, mecânico, quase sem sentimentos e aos poucos vai abrindo as cortinas.

Um grande filme, não deixe de ver.

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