domingo, 24 de julho de 2011

O Concerto (2010)

Em 1998 assisti “O Trem da Vida” escrito e dirigido pelo cineasta romeno Radu Mihaileanu o qual considero um dos melhores filmes dos anos 90. Agora Radu apresenta seu genial “O Concerto”, que lembra bastante a maluquice da proposta básica de “O Trem da Vida”: criar uma grande farsa para iludir e tirar proveito dos aproveitadores do poder.
Andrey Filipov (Aleksey Guskov) é um ex-maestro da orquestra Bolshoi que há 30 anos durante o governo de Leonid Brezhnev caiu em desgraça por negar-se a demitir os músicos judeus, como exigiam seus superiores. Como punição, foi rebaixado ao posto de faxineiro, no mesmo prédio em que conduzia seus instrumentistas. Ele tem vivido 30 anos de privações e humilhações, mas nada liquidou o ânimo de Andrey, que vive à espera de uma oportunidade de redenção.

Ela chega sob a forma de um convite para uma apresentação em Paris da orquestra Bolshoi, que é roubado pelo ex-regente. Como um garoto travesso, ele entusiasma-se pela idéia de remontar, clandestinamente, seu grupo de músicos (eles também relegados a empregos como chofer de táxi ou sonoplastas de filmes pornôs) e ressuscitar, artisticamente, em grande estilo. Mas, para isso, terá de montar uma orquestra inteira... em 15 dias. Assim tem início uma louca, divertida e satírica empreitada bastante parecida por sinal com a doce maluquice da proposta básica de O Trem da Vida: criar uma grande farsa para iludir e tirar proveito dos aproveitadores do poder

O ponto forte de Mihaileanu é sua poderosa imaginação. Ele recheia de detalhes toda a composição da trama - por vezes rocambolesca, é verdade -, cujo roteiro ele assina, ao lado dos colaboradores Matthew Robbins e Alain-Michel Blanc, a partir do argumento original de Hector Cabello Reyes e Thierry Degrandi.

Mais do que formar uma orquestra globalizada, o grande maestro na verdade rege aqui a própria identidade européia, multifacetada, fragmentada, mas com talento e garra suficientes para criar uma união que - talvez - traga benefícios a todas estas pequenas e enraizadas culturas que se convencionou chamar de Europa. Uma fragmentação que encontra na perfeita sintonia obtida num concerto erudito sua mais fiel analogia.

Mihaileanu enpacota tudo isso com um humor encantador, um ótimo ritmo de comédia, e um belo roteiro que guarda boas surpresas para o final. Indicado a quatro prêmios César (ganhou os de Som e Trilha Sonora) e ao Globo de Ouro de Melhor Filme em língua não inglesa.

Não deixe de ver!

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