domingo, 3 de abril de 2011

Uma Aventura na África (1951)

Considerado um clássico do cinema e incluído entre os filmes com recomendação especial de preservação na biblioteca do Congresso dos Estados Unidos e conste dos 250 títulos mais bem votados do site IMDB e tenha dado o Oscar de melhor ator a Humphrey Bogart este é um filme famoso também por suas historias de bastidores que foram muitas.


Tanto que o DVD lançado pela Paramount trás um excelente documentário de cerca de uma hora sobre o filme. O título, ''Abraçando o Caos'', refere-se à aventura real que foi rodar mais da metade das cenas em locações na selva africana, no antigo Congo, hoje Zaire, e no lago Alberta em Uganda, quando isso ainda era absolutamente incomum.

Katharine Hepburn chegou a escrever um livro inteiro em 1987 , intitulado “The Making of African Queen” a respeito dos perigos, inconvenientes,doenças da equipe, calor e outros problemas que afetavam a todos menos Bogart e Huston, porque segundo contam bebiam demais.

O roteirista e critico James Agee (que teve um enfarto enquanto escrevia o roteiro) desejava que a viagem pelo rio simbolizasse o ato de amor entre o casal e criticou muito o roteiro final de Peter Viertel, e anos mais tarde, ele também escreveu um livro sobre as filmagens, que deu origem ao filme de Clint Eastwood (no papel de Huston), chamado “Coração de Caçador”.

Bogart interpreta Charlie Allnut, um canadense beberrão que conduz um cargueiro a vapor por um rio no leste da África. Hepburn é Rose Sawyer, uma missionária inglesa, que vive com o irmão (Robert Morley), pastor protestante, numa aldeia no meio da selva. O ano é 1914. A Primeira Guerra Mundial acaba de começar e soldados da Alemanha, que controlam politicamente a região, punem os adversários ingleses incendiando a missão religiosa. O irmão de Rose enlouquece e morre, e resta a ela voltar para casa. O barqueiro fará esse trabalho.

Imbuída de fervor patriótico, Rose propõe a Charlie transformar o barco, que transporta explosivos, num torpedo que atacará um navio alemão estacionado no lago onde o rio desemboca. Por maluca que seja a ideia, ela o convence. Como também o convence (um pouco a força) a deixar seus hábitos alcoólicos e encarar a vida de maneira menos cínica. Já ele ensina a ela algumas coisas sobre a vida mundana. Apesar do conhecido pessimismo do diretor John Huston, a retidão moral de Rose não é abordada com ironia, apenas com ceticismo. Na seqüência inicial, o esforço de catequização dos nativos é mostrado comicamente em todo o seu equívoco.

É notável a química e o bom humor com que os dois atores, já bem maduros, compõem seus personagens. Hoje em dia, em que os espectadores são mais atentos, incomoda a percepção que se tem que grande parte das cenas no rio e mesmo o ataque final ao navio alemão, que foram rodadas em estúdio, são situações não muito convincentes (com tela de projeção ao fundo). .A rigor, o filme não precisaria ter sido rodado em locações (não há, por exemplo, planos muito abertos da selva ou do rio), a não ser, como é explicado no extra do DVD, o gosto pela adversidade cultivado por John Huston e os apuros políticos que ele e os protagonistas estavam sofrendo em casa nas mãos do senador Joseph McCarthy. No entanto, dificilmente a relação entre a missionária e o barqueiro pareceria tão viva se os próprios atores e a equipe não tivessem experimentado o prazer do contato com a natureza selvagem e as marcas do sol, dos insetos e das chuvas diárias durante as filmagens. Saltam da tela a tensão sexual e a necessidade de abrigo dos dois personagens.

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