sábado, 21 de setembro de 2013

Morreu Herbert Holetz

“A vida não é como se vê no cinema. A vida é mais difícil”. 
A frase é do projecionista Alfredo, no clássico Cinema Paradiso, mas bem que poderia ser de autoria de Herbert Holetz. Hoje mais do que nunca. Apesar de as despedidas serem inevitáveis, é difícil suportar a dor quando a partida é pra nunca mais voltar.
 Não era apenas a paixão ilimitada pelo cinema que fazia de Holetz aguém admirável. Apesar do vasto conhecimento nesse mundo da ilusão, não gostava de holofotes e insistia em dizer que sabia pouco. Preferia o anonimato e esforçava-se por passar despercebido. Mas aquele homem esguio de cabelos brancos, sempre impecavelmente vestido com calça de prega e camisa social, não conseguia esconder a popularidade no vai-e-vem pela Rua XV de Novembro, em busca de novos filmes ou cartazes para o acervo
. Respirava cinema por todos os poros e tinha na arte o oxigênio da própria vida. Depois que o conheci pessoalmente, numa sessão do Programa Cine Arte, em 2004, tive a certeza de estar diante de uma daquelas raras pessoas extremamente humanas e sensíveis, cujo amor pelo o que fazem as torna difíceis de serem compreendidas aos olhos da multidão.
 Durante toda nossa convivência, ouvi dele a ansiedade com a instalação do Museu de Cinema em Blumenau. Holetz se despede sem ver concluído um sonho, mas deixa uma lição de amor e entusiasmo de quem nunca desistiu da paixão que o fazia se sentir vivo.

Texto ; Magali Moser

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