“A vida não é como se
vê no cinema. A vida é mais difícil”.
A frase é do projecionista Alfredo, no
clássico Cinema Paradiso, mas bem que poderia ser de autoria de Herbert Holetz.
Hoje mais do que nunca. Apesar de as despedidas serem inevitáveis, é difícil
suportar a dor quando a partida é pra nunca mais voltar.
Não era apenas a paixão
ilimitada pelo cinema que fazia de Holetz aguém admirável. Apesar do vasto
conhecimento nesse mundo da ilusão, não gostava de holofotes e insistia em
dizer que sabia pouco. Preferia o anonimato e esforçava-se por passar
despercebido. Mas aquele homem esguio de cabelos brancos, sempre impecavelmente
vestido com calça de prega e camisa social, não conseguia esconder a
popularidade no vai-e-vem pela Rua XV de Novembro, em busca de novos filmes ou
cartazes para o acervo
. Respirava cinema por todos os poros e tinha na arte o
oxigênio da própria vida. Depois que o conheci pessoalmente, numa sessão do
Programa Cine Arte, em 2004, tive a certeza de estar diante de uma daquelas
raras pessoas extremamente humanas e sensíveis, cujo amor pelo o que fazem as
torna difíceis de serem compreendidas aos olhos da multidão.
Durante toda nossa
convivência, ouvi dele a ansiedade com a instalação do Museu de Cinema em
Blumenau. Holetz se despede sem ver concluído um sonho, mas deixa uma lição de
amor e entusiasmo de quem nunca desistiu da paixão que o fazia se sentir vivo.
Texto ; Magali Moser
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