terça-feira, 8 de março de 2011

Além da Vida (2010)

Numa primeira analise, o titulo pode dar a impressão de estarmos a frente de um filme de fantasmas ou de fenômenos paranormais, ledo engano. Aos 82 anos de vida, Clint Eastwood dono de um currículo de dar inveja a muito iniciante (são mais de 60 filmes como ator, mais de 30 como diretor, premiações que já ultrapassam uma centena), acerta novamente. Eastwood apenas focaliza o impacto de pessoas que tem que conviver com um fato que aborda a vida após a morte, no belíssimo drama “Além da Vida”.


O filme gira em torno de três pessoas que são afetadas pela morte de maneiras diferentes. George (Matt Damon) é um operário norte-americano que tem um o dom (maldição) da mediunidade. Em outro ponto do planeta, a jornalista francesa Marie (Cécile De France) acaba de passar por uma experiência de quase-morte que muda sua visão diante da vida. E, quando Marcus (Frankie/ George McLaren), um garoto londrino, perde seu irmão gêmeo, começa uma procura desesperada por respostas. Enquanto cada um segue o caminho em busca da verdade, suas vidas se cruzam e são transformadas para sempre pelo que eles acreditam que possa existir, ou realmente exista - a vida após a morte.

Eastwood é diretor de sutilezas, dos tons de cinza, da bela musica (a trilha sonora é assinada por ele), mas o mais prazeroso é ver como ele usa sua total, ampla, absoluta e deliciosa falta de pressa em dirigir suas cenas. Sua calma pode ser apreciada, em contraste aos tempos atuais onde a gigantesca ansiedade e enorme superficialidade,levam as pessoas fazerem tudo ao mesmo tempo, não se dando conta de nada que estão fazendo. Ele conduz seu filme sem pressa, deixando que cada personagem amadureça diante de nossos olhos, com a certeza de atingir seu ponto. Eastwood foge dos tão em voga cortes rápidos, da geração MTV da linguagem clipada, nos servindo um banquete com uma invejável elegância de movimentos e uma utilização minimalista de trilha sonora digna dos grandes mestres que conhecem a importância do silêncio.

È certo que o roteiro de Peter Morgan (A Rainha) ruma para o previsível, mas ainda assim , vale apreciar como ainda existem diretores que ainda sabem, como poucos, como contar uma boa história.

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