sexta-feira, 4 de junho de 2010

Feios, Sujos e Malvados (1976)

Scola nos deu uma comédia com uma acidez corrosiva, uma visão insólita de uma família favelada. O filme aponta para o genocídio cultural que ocorre neste ambiente de pobreza, luxúria e marginalização. Apesar de viverem em um ambiente sub-humano, este grupo de pessoas tem apenas a visão de adquirir o supérfluo, mesmo que para isto tenham que roubar, matar ou se prostituir.

Vencedor do Prêmio de Melhor Direção no Festival de Cannes, "Feios, Sujos e Malvados" é uma das obras-primas do cineasta Ettore Scola (Um Dia Muito Especial). O filme relata o dia-a-dia de Giacinto (Nino Manfredi) que mora com a esposa, os dez filhos e vários parentes, num barraco, em uma favela de Roma. Todos querem roubar o dinheiro que ele ganhou do seguro por ter perdido um olho quando trabalhava. A situação fica ainda pior quando ele decide levar uma amante para dentro de casa. Scola expõe a vida diária destas pessoas , isentando-as de qualquer julgamento, apenas retratando os personagens da maneira mais humana possível, expondo-as a situações que as vezes beiram ao absurdo, ao grotesco deixando o espectador decidir se ri ou se enoja com as ações e imagens mostradas na tela. O filme tem cenas memoráveis, como as crianças enjauladas, a velha que aprende inglês assistindo televisão, entre outras. Este filme, na sua retratação da tragicômica da miséria, nos cativa, nos faz rir, nos choca de uma maneira inexplicável.

Nenhum comentário:

Postar um comentário