Dizer que o
cinema morreu com a morte de Herbert Holetz poderá parecer, à
primeira
vista, afirmação hiperbólica. Morreu sim, em parte, em Blumenau e em outras
cidades. Ele gerenciou cinemas aqui (Busch e Blumenau), em Gaspar e Joinville.
Herbert
tomava café, almoçava e jantava cinema, portanto, convivia com ele 24 horas por
dia. Já escrevi isto algumas vezes. Da mesma maneira, afirmei que virei cinéfilo
já no berçário. Mas ele me superou e quanto!
Doente, mais
grave na segunda metade de 2013, preocupava-se com o andar do seu Cinearte,
projeto comemorando 10 anos de vida, instalado na Fundação Cultural de
Blumenau. Fundou-o com o objetivo maior de levar ao público, gratuitamente,
clássicos, filmes raros.
Jorge, seu
filho, contou-me que, num domingo à tarde, teria dito: - “Preparem-se que vou
embora logo. Ontem, recebi visita de uns amigos que virão buscar-me”.
Brincando, imaginamos quem seriam esses amigos. Gary Cooper, John Wayne,
Gregory Peck, Errol Flynn, por certo.
Afinal, a
vida inteira respirou cinema. Preferia os filmes antigos, dessa turma citada aí
em cima. Para
os novos, torcia o nariz. Para ele, não se fazia mais cinema como antigamente.
Uma e outra exceção: A última sessão de cinema, Cinema Paradiso (cujo
protagonista, Alfredo, tinha muito a ver com nosso herói blumenauense)...
Com o
aparecimento da televisão, mesmo preocupado, dizia que não temia a
concorrência. Naquela época, os filmes eram lançados comercialmente e somente
muito tempo depois alcançavam o vídeo. Holetz, num cartaz de um faroeste,
acrescentou: “Este filme só será exibido na televisão daqui a 3 anos!”. Hoje,
tal expediente seria inútil. A produção estreia na tela grande, e, quase de
imediato, sai em DVD e pra telinha é um já.
Entendia que
a sétima arte oferece muito mais do que a tela pequena: “Oferece tudo. Imagem,
emoções, sentimentos. Dentro do cinema, você pode viver muitas coisas que na
própria vida não poderia nem ver nem viver”. Para ele, o cinema continuava
sendo a melhor, a mais instrutiva e a mais barata de todas as diversões.
A jornalista
Magali Moser, no livro A vida pelo cinema – Herbert Holetz entre a realidade e
a ficção, acha que após uma trajetória de lutas, conquistas e decepções, Holetz
só iria sossegar quando o Museu Histórico de Cinema se tornasse realidade.
Coluna Prosa
e Verso para o dia 16 de novembro
Gervásio Tessaleno Luz
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