segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Meia-Noite Em Paris (2011)

Já faz algum tempo que Woody Allen, trocou seu país natal pela Europa e lá rodou ótimos filmes como – “Vicky Cristina Barcelona” na Espanha ou “Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos” na Inglaterra, agora ele viaja para Paris.

Assim como fez com “Manhattan”, Allen aqui não busca um significado para sua historia, mas faz uma homenagem a Cidade Luz, como nenhum outro cineasta fez. Uma homenagem a cidade  que nos idos de 1920, foi o reduto dos grandes artistas do mundo, dos escritores americanos F. Scott Fitzgerald e Ernest Hemingway aos pintores Pablo Picasso e Salvador Dali, passando pelo cineasta Luis Buñuel entre outros.
Allen faz uma fabula onde somos levados pelo protagonista, Gil (Owen Wilson), que tem uma visão romântica da época e gostaria de ter vivido na mesma, a uma viagem fantástica no tempo-espaço, para vivenciar os modos e costumes da maravilhosa Paris de outrora.

Voce não tem como não sair tocado desta saborasa viagem, onde Paris é filmada em seus ângulos mais encantadores e a trilha traz o melhor do jazz, como nos velhos filmes de Woody Allen.
P.S: O filme fica muito mais divertido a medida que se conheça a historia dos artistas que desfilam pela tela, do rude Hemingway ao doido Dalí.

Não deixe de ver!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Precisamos falar Sobre Kevin (2011)

Na primeira cena de “Precisamos falar Sobre Kevin” somos mergulhados em uma tela que se enche de vermelho, vermelho este que será uma constante em todo o filme seja ostensivamente num pára-brisa coberto da cor ou num pequeno cinzeiro em outra cena. Esta cena inicial que representa a felicidade expressa na festa espanhola da “Tomatina”, onde a diversão e jogar tomates  ou mergulhar os participantes em molho do fruto logo nos fará ver que tudo não passa de uma analogia ao drama o qual seremos apresentados. “Precisamos falar Sobre Kevin” é algo que ao longo do filme nunca é posto em discussão. O que iremos acompanhar é o drama de uma mãe (Tilda Swinton, num desempenho surpreendente) e a perturbadora meditação da mesma sobre os fatos que levaram seu filho a cometer uma chacina.

O romance de Lionel Shriver foi adaptado de forma onde fatos são apresentados cronologicamente fragmentados, onde as imagens, as situações e os silêncios nos levam a sensações de intenso desconforto num filme claustrofóbico e deprimente.

O filme nos leva a refleti sobre vários questionamentos: Será que a mãe que tanto se culpa, em função da dificuldade que sentia de amar seu filho desde bebe, tem realmente culpa do ocorrido? Pode uma mãe amar incondicionalmente seu filho desde o seu nascimento? E seu você não o amar? E se ele não amar você? Kevin é um bebe difícil que desde pequeno parece preferir o pai, um verdadeiro banana, teria nascido com uma índole malévola? E se este bebê crescer e vier a se tornar algo ameaçador e aterrorizante?

Um filme com desempenhos majestosos de Tilda Swinton e Ezra Miller (Kevin adolescente) onde as questões abordadas demonstram a mais dura realidade, especialmente em um mundo onde o termo “inocência infantil” está perdendo todo o significado.

Não deixe de Ver!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Festival de Cinema (Bom Dia SC - 24/01/2012)

Blumenau se prepara para receber Festival de Cinema (Bom Dia SC - 24/01/2012)

Materia exibida na data de hoje onde é feita uma homenagem ao meu pai  - Herbert Holetz.

O Festival de Cinema de Blumenau receberá inscrições para a Mostra HERBERT HOLETZ, Mostra JORNALISTA FERNANDO ARTECHE HAMILTON, Mostra de VIDEOCLIPES CATARINENSES e para 2ª Mostra de Cinema Infantojuvenil de Blumenau* até o dia 24 de fevereiro. Poderão participar da Mostra Competitiva HERBERT HOLETZ (Júri Oficial) filmes de ficção, documentários e animação brasileiros de curta e longa-metragem, concluídos a partir de janeiro de 2007. Serão aceitas na Mostra JORNALISTA FERNANDO ARTECHE (Júri Universitário), produções universitárias e filmes independentes, concluídos a partir de janeiro de 2007. Na Mostra de VIDEOCLIPES CATARINENSES (Júri Jovem), poderão participar produções concluídas a partir de janeiro de 2007.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Amor À Toda Prova (2011)

Apesar de não ter gostado de “O Golpista do Ano”, não posso negar que a dupla de cineastas Glenn Ficarra e John  Requa sabem arrancar boas performances do seu elenco. O mesmo ocorre aqui principalmente com Ryan Gosling que mostra que tem talento também para a comedia ainda mais contracenando com Steve Carell.

Ryan Gosling em uma declaração disse – “ Eu andava meio estressado depois de fazer tantos filmes pesados, fui ao médico e  ele me deu uma receita que dizia: faça uma comedia. Eu fiz e me sinto muito melhor”.
O filme conta basicamente a historia de um homem recém-divorciado que se aventura na vida de solteiro, após ser devidamente treinado por um conquistador ultra tarimbado. O filme é uma colcha de retalhos de relações amorosas que como pode se concluir irão se resolver ao final do filme, mas o roteiro de Dan Fogelman , consegue dar o timing certo para cada relacionamento, com um humor refinado e com alguns bons momentos principalmente envolvendo coadjuvantes principalmente os de Marisa Tomei que vive o papel de uma professora.

O que estraga o filme é o moralismo que permeia o filme e as vezes escorrega em cenas um tanto açucaradas. Mas é uma comedia acima da media.

50% (2011)


O filme "50%" tem como mérito provar que temas muito batidos e já explorados podem ser novamente contados sem cair na pieguice e no vazio de todos os temas clichês. O roteirista Will Reiser tinha 24 anos quando teve um diagnóstico positivo de um tipo raro de câncer que lhe dava um percentual de 50% de chance de cura, daí o titulo do filme. Reiser e Rogen, que interpreta Kyle no filme, são grandes amigos e, superadas as dificuldades, Rogen convenceu Reiser a transferir sua batalha para o papel, como meio de exorcizar as dificuldades passadas.
Outro ponto positivo do filme é que o mesmo tem a capacidade de nos levar do riso ao choro; sem que isso signifique que é extremamente dramático, ao ponto de provocar enjoou-os, ou que explore até não poder mais as conseqüências de uma doença tão fatal como o câncer. A dupla conseguiu explorar o absurdo da situação e encontrar humos neste momento de tragédia, como meio de amenizar a dura jornada passada pelo personagem central vivido por Joseph Gordon-Levitt.

Joseph Gordon-Levitt nos da uma interpretação brilhante e emocionante, que faz um estilo contido, metódico que tenta encarar a situação com a maior serenidade possível. Já Seth Rogen vivendo Kyle, é aquele amigão do peito, que vê na doença do amigo uma oportunidade de “pegar garotas” que se comovem com a situação. No decorrer do filme nos são apresentados vários personagens e o que vemos é que ninguém esta preparado para lidar com esta situação limite.

O filme é conduzido com delicadeza pelo desconhecido Jonathan Levine, e a grande sacada do filme é a dica sutil e valiosa deixada por ele: Tire o melhor do pior.

Veja!

sábado, 21 de janeiro de 2012

As Aventuras de Tintim (2011)

Nos idos dos anos 80 fui apresentado aos quadrinhos criados por Hergé pelas mãos do meu grande amigo Georges Rul um dos seguidores do Blog. Assim como com Asterix e Obelix, foi paixão na primeira aventura e então passei a ler e colecionar todos os livros publicados.

A primeira coisa que chama a atenção é a primorosa direção de Arte, pois os cenários do filme são tão minuciosos que tudo parece que foi estudado milimetricamente e o resultado é um espetáculo de técnica e perspicácia.
Juntos Spielberg e Peter Jackson (produção) acertam a mão ao levar para a telona as aventuras do repórter Tintim. Movimentos de câmera incríveis e muita ação nesta fiel aventura adaptada dos quadrinhos. Tão fiel que já rendeu indicação ao Golden Satellites de melhor roteiro adaptado. Ditando o ritmo frenético, temos um grande parceiro de Spielberg, John Williams (trilha sonora). É notória a homenagem e referência a Indiana Jones, faltando apenas o carisma de Harrison Ford nas escapadas de Tintim. O que temos é uma aventura bem comum, mas que funciona muito bem. Spielberg demonstra, mais uma vez, uma maestria incrível para contar histórias simples.

“As Aventuras de Tintim” tem como base os quadrinhos “O Segredo do Licorne” e relata as aventuras de Tintim (Jamie Bell) o jovem repórter que está sempre atrás de uma boa reportagem. Após comprar uma réplica de um antigo galeão, acaba se deparando com fatos mistérios que o levam a uma nova aventura. O galeão desperta o interesse de outras pessoas e Tintim terá que descobrir o que está por trás de toda essa confusão. Assassinato, roubo, traição, um tesouro escondido e muita perseguição. Daniel Craig incorpora o vilão vingativo Red Rackham, enquanto Andy Serkis faz o esquecido e alcoólatra Capitão Haddock. TinTim terá que ajudar o Capitão e desvendar todo mistério por trás dessa louca busca por um tesouro escondido.
É prazeroso ver Spielberg de volta as grandes aventuras dos anos 80 apoiado por um time muito bom. É um filme pop e muito divertido, com seqüências de ação impecáveis. Que venha a continuação.

Um Conto Chinês (2011)

Após nos ser anunciado que o filme é baseado em uma historia real, o diretor portenho Sebastián Borensztein, nos apresenta uma insólita cena de prólogo que foi inspirada em uma noticia lida por ele em 2007.E baseado nesta tragédia absurda ( que prefiro não revelar, para não tirar o impacto), Borensztein criou o resto da trama para justificar o começo.

Passamos então a conhecer Roberto (Ricardo Darin, um dos grandes atores da atualidade) um personagem solitário, muito mal humorado e veterano da Guerra das Malvinas. Por conta de um duro revés, vive há quase vinte anos recluso em sua casa, sem contato com o mundo. Roberto é pra lá de sistemático, dorme sempre na hora certa, tem poucos amigos e coleciona manias, entre elas recortar notícias absurdas de variadas publicações. Este seu mundo é profundamente abalado quando o destino lhe reserva uma surpresa. Num momento de bondade ele oferece ajuda para Jun (Ignacio Huang) jogado - literalmente - em seu caminho, dando início a uma verdadeira via crucis e uma atípica amizade entre um argentino que não fala chinês e um chinês que não fala castelhano, a qual ira mudar profundamente a vida de ambos.
As tentativas de Roberto de se livrar do “estorvo chinês” rendem cenas muito engraçadas, mas é na convivência forcada entre eles que esta o lirismo do filme. O roteiro explora de maneira excepcional o fato de um não saber falar a língua do outro e reforça essa conexão diferente, que vai ficando cada vez mais forte entre eles e também com o espectador na medida em que a trama vai se descortinando, carregada de dor e floreada de humor, te envolvendo-nos de forma natural.
Maravilhosamente roteirizado e dirigido por Sebastián Borensztein, em seu terceiro longa,o filme encontra na sutileza o segredo de fazer humor com emoção.
Com um roteiro construído com sutilezas amassadas pela rudez do protagonista, a poesia presente em seu final é a prova cabal de que se está diante de uma história bem contada e imperdível.
Não deixe de Ver!  











sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O novo e o eterno

HERBERT HOLETZ É O HOMENAGEADO DO FESTIVAL DE CURTAS LUZ, CÂMERA, BARÃO.


Há várias maneiras de se aprender linguística, dentro ou fora da sala de aula. Os estudantes do 2º ano do Ensino Médio da Escola Barão do Rio Branco, de Blumenau, exercitaram a linguagem fora dos cadernos neste ano letivo. Escreveram roteiros de cinema e dirigiram curtas-metragens. O resultado será exibido hoje no Teatro Carlos Gomes para pais e alunos, na quarta edição do festival de cinema Luz, Câmera, Barão.

O homenageado da noite será Herbert Holetz, 73 anos, uma autoridade em Blumenau quando o assunto é cinema. O senhor que assistiu Charles Chaplin quando menino na grande tela dividiu experiências com a geração dos cinemas multiplex em um bate-papo ontem, na escola. A homenagem a Holetz é uma forma de reconhecimento ao trabalho dedicado há anos ao cinema na cidade e também uma maneira de apresentar aos alunos a magia do tempo que a adolescência contemporânea ignora.

Este é o quarto ano consecutivo em que a escola promove o festival com as produções dos alunos. Além da exibição dos nove curtas produzidos por 72 estudantes do Ensino Médio, o festival premia 24 categorias com o chamado Troféu Pipoca – de melhor filme a figurino, bem no estilo Oscar.

– Alguns talentos se revelam de uma forma que nem a gente imagina – comenta a coordenadora do Ensino Médio da Escola, Simonette Eing Tarnowski.

Segundo Simonette, o resultado positivo deixado pelo trabalho vai além do contato com o cinema, mas mexe principalmente com a autoestima dos alunos.

– O que fica é esse ensinamento de “se eu quero, eu faço”, a sensação de construir um trabalho – avalia.

VIDA DE CINEMA

A relação de Herbert Holetz com o cinema começou nos anos 1940, no Cine Busch, em Blumenau. De menino apaixonado pelas imagens, Holetz passou a trabalhar no cinema como lanterninha em 1953. Passou por várias funções até chegar à gerência. Escreveu artigos para jornais da região e foi um dos criadores do Cineclube. Hoje mantém um arquivo com mais de 2 mil fotos e cartazes e 400 livros e se dedica ao Cinearte, que exibe longas às segundas-feiras na Fundação Cultural.

Materia publicada no JSC em 05/11/2009  - Foto: Gilmar de Souza

Filmes Contagiantes

Depois de assistir Contágio, resolvi relembrar outros bons filmes sobre o tema. Segue abaixo:


Pânico nas Ruas (1950)
Em 48 horas, Nova Orleans poderá está mergulhada numa epidemia sem precedentes na história da cidade, caso o Dr. Clint Reed, do Serviço Federal de Saúde, não consiga localizar os portadores do vírus da peste bubônica, responsáveis por assassinar um imigrante ilegal no porto da cidade. Marcados para morrer pela lendária peste negra, Blackie e seus capangas não imaginam que estão sendo perseguidos para sua própria proteção, planejando fugir da cidade o mais breve possível. Nenhum deles aparenta os sintomas da doença, mas para o Dr. Reed correr contra o tempo é evitar que a cidade enlouqueça antes de sucumbir a uma praga da idade média.


O Enigma de Andrômeda (1971)
Um satélite espacial sai de órbita e cai em uma cidadezinha. Gerada pela colisão, uma bactéria fatal e misteriosa começa a dizimar a população. Uma equipe de cientistas trabalha em um laboratório subterrâneo para encontrar a cura e descobre que apenas uma criança e um bêbado sobreviveram. A ansiedade aumenta ao mesmo tempo em que os pesquisadores correm para encontrar uma solução, antes que a humanidade seja exterminada. Dirigido pelo mestre Robert Wise.


Os Doze Macacos (1995) 


No ano de 2035, a humanidade tenta sobreviver a um vírus desconhecido que já dizimou 99% da população mundial. Nesse contexto, um grupo desesperado de cientistas envia o voluntário Cole (Willis) para o ano de 1996 para que ele descubra as origens da epidemia, que teria sido espalhada pelo misterioso exército dos 12 macacos.


Exterminio (2002)
No filme, a população inteira da Inglaterra é dizimada por uma epidemia de um vírus fatal, que acaba por transformar as pessoas em agressivos zumbis. Quando iniciaram o projeto, Garland e o diretor Danny Boyle consideraram a raiva um tema significante, principalmente nos dias de hoje.


Filhos da Esperança (2006)
Terra, 2027. Uma epidemia faz com que os humanos se tornem inférteis. Faz quase 19 anos que o último bebê nasceu, e a cada ano que passa sem a presença inexplicável de crianças no mundo a humanidade vai acumulando o sentimento de desistir da vida.


 Eu Sou a Lenda (2007)
O último homem na face da Terra não está sozinho. Will Smith interpreta este solitário sobrevivente em Eu Sou a Lenda, um épico de ação que mistura doses generosas de tensão com uma incrível visão de uma desolada Manhattan.
De alguma maneira imune a um terrível e incurável vírus, o virologista militar Robert Neville (Smith) é agora o último humano sobrevivente em New York - e talvez do mundo. Mas ele não está exatamente sozinho. Vítimas de uma praga mutante espreitam nas sombras... Observando cada movimento de Neville... Esperando para que ele cometa um erro fatal. Talvez a última - e a melhor! - esperança da humanidade, Neville tem agora um único objetivo pela frente: encontrar um antídoto usando o seu próprio sangue imune. Mas ele sabe que está em desvantagem numérica. Este filme teve duas versões anteriores – Mortos que Matam (1964) com Vincent Price e A Última Esperança da Terra (1971) com
Charlton Heston



Ensaio Sobre a Cegueira (2008)
Adaptação do livro de José Saramago, o filme mostra uma misteriosa epidemia de cegueira. A trama começa com um homem que perde a visão de um instante para o outro enquanto dirige e que mergulha em uma espécie de névoa leitosa assustadora. Uma a uma, cada pessoa com quem ele encontra fica cega também. À medida que a doença se espalha, o pânico e a paranóia contagiam a cidade.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Contágio (2011)

O novo filme de Steven Soderbergh mostra de uma maneira diferente a idéia de um apocalipse. Contágio não retrata apenas como o apocalipse se aproxima e se estabelece, mas o efeito devastador que o perigo que não pode ser visto a olho nu causa no cidadão comum, bem como a reação do governo e afins diante do fim iminente.

A pandemia de Contágio, inicia misteriosamente na Ásia, mata infectados em alguns dias e, semanas depois, está plenamente instalada em quatro continentes. Soderbergh cerca-se de atores consagrados como Matt Damon, John Hawkes,Laurence Fishburne, Kate Winslet, Elliot Gould, Marion Cotillard, e Jude Law para mostrar como a sociedade reagiria a um vírus mortal que pode ser transmitido pelo simples toque.

A principal força de Contágio não está, no roteiro pois a trama é até simples,mas sim na força de seus personagens. Soderbergh filma com enquadramentos "duros", de movimentos econômicos, e com a câmera à meia distância dos atores - um jeito aparentemente desapaixonado de encarar um tema tão dramático, mas esse estilo ajuda a dar ao filme um tom mais clínico. O distanciamento é uma boa forma, também, de valorizar os close-ups quando eles acontecem.

Cinema da melhor qualidade.

Não deixe de ver!

domingo, 15 de janeiro de 2012

O Garoto da Bicicleta (2011)


Os cineastas belgas Jean-Pierre Dardene e Luc Dardene que realizaram filmes como “A Criança (2005)”, “O Filho (2002)” e “O Silencio de Norma (2008)” voltam três anos depois ao tema que já lhes rendeu diversos prêmios: o olhar naturalista sobre os relacionamentos humanos.

Vencedor do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 2011 é uma maravilhosa encenação sobre a prisão e a liberdade, o isolamento e a socialização, o pertencer e o marginalizar-se.

Num filme enxuto, de poucas palavras onde as imagens falam por si “Garoto da Bicicleta” expõe os dilemas de seus personagens de forma sensível e humanista. Sem nos incentivar ao julgamento ou à condenação – o abandono e o medo que dele surgem são o principal. Até mesmo o pai que renega o filho tem suas razões. Todos nós temos nossos motivos, justificativa que, todavia, não torna nossos atos menos mesquinhos. É aí que está a grande sacada, o que esta em jogo em “O Garoto da Bicicleta” é a causa-efeito dos nossos atos, estejamos conscientes dos efeitos ou não. Outro ponto é o peso da ausência e como ele pode afetar a vida.

O filme retrata a dura infância de Cyril (Thomas Doret que faz aqui uma estréia com grande performace) que inicia nossa historia ligando desesperadamente para seu pai, que não atende. Com o tempo, sabemos que Cyril foi deixado provisoriamente em um orfanato por seu pai (Jérémie Renier) que desapareceu do mapa. A única esperança do garoto com o mundo real está na sua bicicleta, que a cabeleireira da pequena cidade (Cécile de France, de Além da Vida) recupera. Cyrril é um garoto que não aprendeu a expressar os seus sentimentos e é instintivo como um animal irracional, ele vê em sua bicicleta a liberdade que tanto almeja.

Um filme que inspira sentimentos e mexe com o coração.



Veja!

sábado, 7 de janeiro de 2012

Historias Cruzadas (2011)

Em 1865 os EUA tomou a frente das nações americanas e aboliu a escravidão, mas o racismo imperou informalmente no pais, principalmente no sul do pais até o final dos anos 60, ou melhor até 1968 quando foi assinado o “ Civil Rights Act”,
Mesmo assim, ainda hoje, os EUA é um país segregado, onde minorias étnicas são empurradas para guetos e crimes raciais são constantes. Há uma tensão racial imanente nos Estados Unidos e que não desaparecerá com filmes ingênuos como "Histórias Cruzadas" ou sérios como “Mississipi em Chamas” de Alan Parker.


“Historias Cruzadas” se passa no Mississipi na década de 1960. Skeeter (Emma Stone)ao contrário da grande maioria das mulheres da época, acabou de terminar a faculdade e sonha em ser escritora. Ela põe a cidade de cabeça para baixo quando decide pesquisar e entrevistar mulheres negras que sempre cuidaram das "famílias do sul". Apesar da confusão causada, Skeeter consegue o apoio de Aibileen (Viola Davis), governanta na casa de uma amiga, que conquista a confiança de outras mulheres que têm muito o que contar. No entanto, relações são forjadas e irmandades surgem em meio à necessidade que muitos têm a dizer antes da mudança dos tempos atingir a todos.

A seu favor o filme tem um ritmo fluido, e uma interpretação memorável de Viola Davis e apresenta alguns momentos tocantes, o filme tende a agradar os espectadores em boa parte do tempo. Apesar de retratar bem algumas situações grotescas, como uma dona de casa que exige que sua empregada vá fazer as necessidades em um outro banheiro ou um homem pedindo de maneira mal educada um sanduíche, o roteiro tem dificuldades em nos transmitir a dor que as pessoas retradas no filme realmente sofreram.Esse material poderia render um filme mais denso, mais sério, menos colorido, um filme que fosse um retrato honesto daquele triste período e um alerta da segregação que ainda hoje é a realidade da maioria das cidades americanas onde os subempregos ainda dependem do trabalho dos negros e dos imigrantes latinos.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Inscrições para o 1º Festival de Cinema de Blumenau estão abertas

Evento será de 22 a 27 de abril, no Auditório Willy Sievert, do Teatro Carlos Gomes


Daniela Pereira
daniela.pereira@santa.com.br

Este ano, Blumenau se transformará na cidade do cinema. Entre os dias 22 e 27 de abril, o Auditório Willy Sievert, do Teatro Carlos Gomes, receberá na grande tela o 1º Festival de Cinema de Blumenau. Em paralelo, ocorre a 2ª Mostra de Cinema Infantojuvenil de Blumenau. Durante os seis dias do evento, haverá uma programação abrangente e gratuita, com trabalhos catarinenses e nacionais. Um dos objetivos é incentivar a comunidade a frequentar os espaços e prestigiar as produções culturais, além de valorizar a memória e a história viva do cinema blumenauense.

As inscrições gratuitas começaram em 21 de dezembro e seguem até 24 de fevereiro. Nos últimos dias do ano passado, a organização recebeu oito inscrições de produções de Santa Catarina, Paraná e Rio de Janeiro. Há quatro mostras para os interessados se inscreverem, de acordo com o estilo de produção (longas, curtas, ficção e documentário, entre outros).

Para as competições, serão selecionados cinco longas-metragens nacionais, 10 curtas-metragens nacionais, cinco videocliples catarinenses, além de filmes universitários e produções independentes.

Na Mostra Competitiva Herbert Holetz (júri oficial) poderão participar filmes de ficção, documentários e animação brasileiros de curta e longa-metragens, concluídos a partir de janeiro de 2007. A Mostra Jornalista Fernando Arteche (júri universitário) é reservada para produções universitárias e filmes independentes concluídos a partir de janeiro de 2010.

Na Mostra de Videoclipes Catarinenses (júri jovem), as produções precisam ser concluídas a partir de janeiro de 2007. Quem quiser, ainda pode se inscrever para a 2ª Mostra de Cinema Infantojuvenil de Blumenau.

Júri será composto por sete profissionais

As fichas de inscrição podem ser encontradas no site oficial do festival. A ficha deve ser preenchida, impressa e assinada para ser enviada à organização junto com duas fotos do filme e uma do diretor em arquivo .jpg e uma cópia do filme em DVD, devidamente identificada. Todo o material deve ser enviado para o remetente 1º Festival de Cinema de Blumenau (Rua Professor Fernando Ostermann, 131, Bairro Itoupava Norte, Blumenau, Santa Catarina. CEP 89052-110).

A comissão de seleção será formada por cineastas, videomakers, críticos e profissionais de audiovisual. Para a premiação, o júri oficial será composto por sete profissionais atuantes em Santa Catarina. Na competição de longas e curtas, serão premiados melhor filme, direção, ator, atriz, roteiro, fotografia e trilho sonoro. Filme e direção, além de troféus, receberão prêmios em dinheiro.

Também haverá a escolha do melhor filme universitário, melhor filme independente e melhor videoclipe catarinense. Para o cinema infantojuvenil, haverá premiação do júri popular. A cerimônia de premiação será dia 27 de abril.

Conheça quem inspirou o nome das mostras:

— Fernando Arteche Hamilton (1966-2010) trabalhou como apresentador da RBS TV em Blumenau e foi coordenador e professor de Jornalismo na Faculdade Ibes. Pesquisador do Jornalismo e suas funções sociais e culturais, sempre revelou entusiasmo em relação às produções audiovisuais, especialmente o gênero documentário. Arteche foi vítima de um câncer e faleceu aos 44 anos.

— Herbert Holetz desde muito jovem integrou as equipes dos cinemas da região. Foi lanterninha, bilheteiro, subgerente e gerente. Hoje, com 77 anos, continua colecionador, cinéfilo e é agente de cultura da Fundação Cultural de Blumenau. À frente do CineArte, acompanha as sessões no Cine Teatro Edith Gaertner, todas as segundas-feiras.

Regras do festival

— Mostra Herbert Holetz

- Longa-metragem: serão selecionados cinco filmes. Somente poderão participar filmes concluídos a partir de janeiro de 2007.

- Curta-metragem: serão selecionados 10 filmes de até 25 minutos de duração. Somente poderão participar filmes concluídos a partir de janeiro de 2007.

— Mostra Jornalista Fernando Arteche Hamilton

- Mostra Universitária: serão selecionados filmes universitários de curta e média-metragem. Somente poderão participar filmes feitos por universitários com duração máxima de 50 minutos e concluídos a partir de janeiro de 2010.

— Mostra Local: serão selecionadas produções audiovisuais em qualquer formato, com duração máxima de 20 minutos e concluídos a partir de janeiro de 2010. Somente poderão participar produtores independentes residentes em Blumenau.

— Videoclipes catarinenses: Serão selecionados cinco videoclipes musicais catarinenses, em qualquer formato e concluídos a partir de janeiro de 2007.

— 2ª Mostra de Cinema Infantojuvenil: Serão selecionados aproximadamente 30 filmes concluídos a partir de janeiro de 2007.


FONTE: JORNAL DE SANTA CATARINA

domingo, 1 de janeiro de 2012

Pronto Para Recomeçar (2011)

Há certos momentos em nossa vida que a mesma mensagem vem por diversas maneiras, e este foi o meu caso com o “Pronto Para Recomeçar”. Estive a pouco fazendo um treinamento de liderança, onde nos foi recomendado ler o livro “Como a Starbucks Salvou a Minha Vida” que conta a história de um profissional que a certa altura da vida vê seu mundo desaparecer, e assim precisa ter um novo entendimento da vida. Posso dizer que “Pronto Para Recomeçar” nos remete ao mesmo tema, ou seja, para atingir o novo precisamos nos libertar do antigo, a eliminação do presente é o que torna possível a transformação da realidade, a criação de um novo começo. Este é o pilar desta adaptação do diretor estreante Dan Rush para um conto do escritor Raymond Carver.

Nick, vivido por Will Farrell (aqui em um papel longe da imagem do palhaço que o consagrou no programa Saturday Night Live ) então vice-presidente de vendas de uma grande empresa, é demitido. Um funcionário bem mais jovem expõe uma lista de falhas cometidas por conta do alcoolismo e entrega a ele uma caixinha; um presente por todos os anos de bons serviços prestados. A recompensa acaba no pneu do chefe e Halsey parte para o mercadinho em busca de algumas latas de cerveja. Quando chega em casa, descobre todos os objetos da sua bem-sucedida vida espalhados no jardim. Sua mulher trocou as fechaduras, o código do alarme, bloqueou sua conta e seus cartões. Ele está em meio a destruição de tudo o que construiu, mas senta-se em uma poltrona e abre uma das cervejas e passa a avaliar a sua vida.

Will Ferrell, que foge neste filme do seu lugar-comum - assim como o fez em Mais Estranho que a Ficção - se ajusta bem ao personagem, tornando simpático o que antes seria apenas um alcoólatra de atitudes moralmente reprováveis, e com o qual acabamos nos identificando e assim acabamos torcendo pelo recomeço de Nick. Como a ex-colega de escola diz, ele tem "um bom coração". Seus gostos e suas vontades (como ter filhos, por exemplo) foram se perdendo com a vida, aprisionados pelo "sucesso" e por todas as coisas espalhadas no quintal. “Pronto Para Recomeçar” acaba sendo então um filme de desapego, de "deixar tudo ir" pela possibilidade de um recomeço e lança um olhar muito humano sobre pessoas comuns, com problemas triviais.

A Hora do Espanto (2011)

Nesta recente onda de refilmagens, “A Hora do Espanto” não decepciona mas também não surpreende, o filme foi atualizado com eficiência, mas o problema  é que o filme é tão superficial quanto o clássico oitentista homônimo em que foi baseado. O roteiro vazio, em que situações com potencial de desdobramento interessante em metáforas para a adolescência e responsabilidade, perdem-se nas cenas de ação do arrastado terceiro ato.

Quem mais aparece a vontade e se divertindo no papel do vampiro Jerry é Colin Farrell. Com um Jerry menos sexualizado que o original (é um filme da Disney, afinal), o longa tem um tom interessante, de comédia de horror, que era tão comum há 20 anos e parece esquecido hoje. É simplesmente divertido assisti-lo e esses dois aspectos, os sustos e as piadas, são bem equilibrados.

A história segue o original e inicia com a desconfiança do vizinho misterioso que se muda para a casa ao lado de Charley Brewster (Anton Yelchin, de Star Trek), um "ex-nerd" que, alertado por um amigo antigo (Christopher Mintz-Plasse), começa a desconfiar do sujeito bonitão que está eternamente reformando a casa.

Meu grande alivio ao assistir “A Hora do Espanto” é ver vampiros serem tratados como se deve: queimando no sol, morrendo com estacas no peito, não aparecendo em reflexos, temendo cruzes e sendo sedutores, como vampiros devem ser. Sem as bobagens de “Crepúsculo”, que, aliás, numa grande sacada é satirizado com uma ótima piada. Nestes tempos do politicamente correto em que os vampiros da mitologia viraram românticos emos,surge “A Hora do Espanto” para resgatar valores dos sanguessugas e mostrar a nova geração como eles merecem ser lembrados. Se A Hora do Espanto apresenta alguma modificação relevante ao mito dos vampiros, é o apreço de Jerry por uma boa cerveja, mas isto é perfeitamente aceitável, não é marmanjos dos anos 80.

Drive (2011)

Quando foi exibido no ultimo Festival de Cannes, onde o premio de Melhor diretor, “Drive”, dirigido pelo dinamarquês Nicolas Winding Refn, provocou muitas reações. Refen (Bronson, O Guerreiro Silencioso) conseguiu mexer com a platéia que urrava e aplaudia  em cena aberta pelo herói vivido por Ryan Gosling.

Como disse o critico Marcelo Hessel “Ryan Gosling interpreta em Drive menos um "ser humano de verdade" do que um ideal de herói, um action figure no sentido mais literal do termo. Em inglês, drive não significa apenas dirigir, quer dizer também impulso, motivação. O personagem de Gosling é uma figura movida pela ação - e o seu lugar de pertencimento, portanto, não seria outro senão aquele cinema que desde sempre gestou heróis que "fazem o que precisa ser feito", o americano”.

Refn presta uma homenagem ao cinema americano, uma vez que Gosling protagoniza o papel de um duble e entre trabalhos em Hollywood e em uma oficina mecânica, ele ocasionalmente serve de motorista de fuga, para quem contratar seus serviços. O problema começa quando o bom moço decide ajudar o marido (Oscar Isaac) da sua vizinha (Carey Mulligan) em um assalto suspeito, o dublê se envolve num esquema que foge à sua moral e ao seu controle.

Gosling faz o papel de um personagem misterioso, silencioso e sem nome, do tipo estranho sem nome imortalizado nos westerns de Clint Eastwood, a diferença que seu cavalo é um Ford Mustang. O personagem não faz nada por bondade, apenas por dinheiro até conhecer sua vizinha Irene. Tudo em Drive funciona em função da imagem do herói, mostrar como ela se transforma em decorrência da ação.A violência quando acontece, surpreende, não apenas por ser extrema, mas porque vem esporadicamente.

É evidente o talento do dinamarquês para filmar Gosling sempre pensando numa iconografia (o ator aparece com freqüência, por exemplo, nos cantos do Scope, o que reforça o seu caráter de justiceiro solitário), e o galã reage bem a essa proposta por ser, antes de mais nada, uma figura altamente fotogênica, que se presta à idealização.

Drive é fetiche puro, e tem uma das cenas mais memoráveis do ano, num elevador. Independente do julgamento, Drive merece ser visto.