quinta-feira, 17 de novembro de 2011

“O Brasil sabe fazer cinema muito Bem”

Segue abaixo matéria publicada nas paginas verdes da Revista da Unimed.


Grande parte dos 77 anos de vida, Herbert Holetz dedicou ao cinema de arte, como ainda tem feito.
Em meio aos inúmeros cartazes, panfletos, recortes de jornal, títulos distribuídos entre fitas VHS e DVDs, o cinéfilo blumenauense ocupa o tempo atual cuidando do espaço reservado ao cinema reflexivo e clássico, na Fundação Cultural de Blumenau. O senhor de cabelos ralos e caminhar calmo é quem escolhe a dedo os filmes que são exibidos no projeto ‘Cine Arte’, que ocorre semanalmente no Cine Teatro Edith Gaertner,
onde estão cinquenta das 1100 poltronas que acomodaram, por quase 90 anos, os frequentadores do Cine Busch, no centro de Blumenau. Entre tantas histórias que, por horas, são contadas por senhor Holetz, estão
registros fidedignos de uma época de glamour do cinema blumenauense, que animou muitas crianças, aproximou diversos casais e distraiu, por anos, a população da cidade, sendo uma das poucas fontes de entretenimento de boa parte do Século 20.


revista  unimed:  como iniciou a relação do senhor com o cinema? 
Herbert Holetz: Foi logo na infância, nos anos 1940. Minha mãe, Agnes Holetz, que me apresentou ao cinema, nas matinês da época. Ela me levava com assiduidade para assistir a alguns filmes. Foi a partir daí que passei a admirar cada vez mais as produções. As comédias de ‘O Gordo e o Magro’, Chaplin e as
aventuras de Tarzan eram muito divertidas.

ru: o que o senhor pensa dos filmes brasileiros?
Holetz: O Brasil sabe fazer cinema muito bem. Quem é que não lembra de ‘O Cangaceiro’, de 1953? É uma produção muita rica para a época e que demonstra toda a capacidade do brasileiro em produzir coisas boas.
Assim como o filme ‘Tico Tico no Fubá’, de 1952. Foram vários anos em cartaz no Exterior. Atualmente, estamos melhores ainda. ‘Tropa de Elite’ é uma amostra disso, assim como ‘Carandiru’,lançado em 2003.

ru: cite uma das lembranças do tempo de frequentador assíduo dos cinemas.
Holetz: Lembro que, quando jovem, participava sempre das promoções feitas na rádio. Para ganhar ingressos do cinema era preciso responder perguntas sobre as produções da época e eu já ficava aguardando para responder. Assim, ganhei alguns ingressos para o cinema.

ru:  como e quando começou a relação do senhor com o cine busch?
Holetz: Desde sempre. Eu comparecia à sessão de cinema quase sempre e o gerente começou a
perceber minha presença quase que permanente. Então, passei a ajudar nas tarefas. Encaminhava
as pessoas para os lugares. No início, não recebia nada, mas assistia aos filmes de graça. Isso era muito
bom. Depois de um tempo, comecei a trabalhar lá oficialmente.

ru: o cine busch foi o primeiro de Santa catarina e único por muitos anos.  como o senhor se sente de ter participado dele?
Holetz: O senhor Frederico Guilherme Busch trouxe para Blumenau uma das primeiras salas de cinema do Brasil e o meu sentimento para com o Cine Busch será para sempre. Trabalhei lá por mais de 40 anos, dos
89 anos que Busch funcionou. Iniciei em 1953, um ano antes de o estabelecimento completar 50 anos. Deste auge da plateia lotada, permaneci até o fechamento, em 1993. Depois disso, ainda me permiti zelar
por aquele patrimônio por algum tempo. Fui porteiro, bilheteiro e depois passei a gerente.
Foram quatro décadas maravilhosas da minha vida.

ru: A televisão surgiu em 1950 no brasil. como isso refletiu no cinema da cidade?
Holetz: Assim como o pioneirismo no cinema no Estado, Blumenau também foi a primeira a ter estação televisiva em Santa Catarina. A TV Coligadas, no canal 3, surgiu em 1969. Antes disso, alguns televisores na cidade sintonizavam, com muitas interferências, a TV Paranaense, de Curitiba. Houve, nesse período, uma abstenção no cinema, pois era novidade ter uma tela para assistir em casa. Mas, o charme e a classe das salas de cinema não cessaram. Tivemos, depois, várias salas de cinema na cidade e tive a oportunidade
de trabalhar, também, no Cine Blumenau, que ficava no alto da Rua XV de Novembro, inaugurado em 1951 e cerrado em 1983. A enchente daquele ano foi um dos principais fatoresdo fechamento.

ru:  o senhor chegou a ter mais de 2 mil cópias guardadas. todos esses filmes foram assistidos mais de uma vez?


Holetz: Assisti diversas vezes alguns desses títulos. Desse montante, hoje tenho em casa 400 títulos, que guardo com muito zelo. Os demais estão aos cuidados da Fundação Cultural de Blumenau, pois doei para
registros históricos. Uma grande parte já está em DVD, mas confesso que era melhor antes: colocar a fita VHS no aparelho e deixar rodar. Hoje, tem que selecionar muitas opções nosaparelhos de DVD

ru:  o senhor é casado e tem três filhos.  o cinema foi absorvido pela esposa e pelos herdeiros?
Holetz: Todos gostam de filmes. Minha senhora me acompanhou muito na época do Cine Busch, pois, enquanto eu cuidava do cinema, ela fazia a venda dos doces na bomboniére, na entrada. Tínhamos um cão
que nos acompanhava. Mais tarde, ele seguia minha esposa até em casa, já que terminava o trabalho antes de mim. Quando a sessão acabava e eu saía do cinema, ele estava me esperando para me acompanhar no
trajeto. Assim como meus pais, Agnes e Ewald, fizeram comigo, apresentei o cinema para meu filho quando tinha cinco anos. Levei Jorge Alfredo a uma sessão no Rio de Janeiro. Acho que o resultado foi positivo,
pois ele admira muito o cinema também. Ajuda-me com filmes que ainda procuro e fala sobre cinema em um blog na internet. Minhas filhas Regina e Letícia também são adoradoras da sétima arte.



“O senhor Frederico Guilherme Busch trouxe para Blumenau uma das primeiras salas de cinema do Brasil e o 
meu sentimento para com o Cine Busch será para sempre"


ru:  qual a principal atriz de longas-metragens para o senhor?
Holetz: Todas as grandes mulheres do cinema já se foram. A principal delas e que marcou a história é Marilyn Monroe. Depois de uns dois primeiros filmes, ela deslanchou e encantou muita gente. Por isso, é considerada musa, não é mesmo?


ru: os filmes de arte, na maioria, são marcados por beijos que entram para a história. qual beijo o senhor acha que mais marcou o cinema?
Holetz: Clark Gable e Vivien  Leigh formaram um grande casal do cinema e protagonizaram um dos mais marcantes beijos, em 1939, entre Rhett Butler e Scarlett O’Hara em ‘E o Vento Levou’, que é um dos títulos mais belos da história. Tem também o beijo do clássico ‘Casablanca’, entre Rick e Ilsa, protagonizados
por Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, em 1942.

ru: qual sua opinião sobre os filmes atuais? 
Holetz: Os atuais eu quase nem conheço. Deixei de ir ao cinema comercial em 2004. As salas de cinemas já não são mais as mesmas. O som precisa ser muito alto pra dar conta de inibir o barulho de celulares, conversa e ruídos de pacotes de pipoca.
Isso não é nada agradável. Então, passo a conhecer alguns filmes pelo que leio e depois procuro assistir em DVD.

ru: Hoje, o senhor atua somente no projeto ‘cine Arte’? 
Holetz: Sim, somente por aqui. Gosto dos filmes de arte, que têm qualidade na fotografia, na musicalidade e, principalmente, contendo uma mensagem. Para o filme ser de arte é preciso uma série de elementos. Tenho
conhecimento de todos que são reproduzidos aqui e eles têm muita classe.

ru: quando começou o projeto ‘cine Arte’?
Holetz: Houve uma época em que fui morar em Joinville. Além de trabalhar em cinema comercial, gerenciei um projeto chamado ‘Ciclos de Cinema’, da Fundação Cultural daquela cidade. Mais tarde, em 2003, passei
a executar o trabalho cultural em Blumenau. A partir de então, todas as segundas-feiras são encerradas com a exibição de um clássico. Atualmente, os filmes são exibidos às 19h30min, na sala do Cine Teatro Edith Gaertner, que fica no prédio da Fundação Cultural de Blumenau.

ru:  como é a programação e qual é o público do projeto?
Holetz: Existem 50 lugares. No início, o público era mais assíduo. Hoje, temos pouco mais da metade dos locais ocupados em cada sessão. Mas, quem está lá, realmente está interessado em cinema de arte. Recebo pessoas de diversas idades que têm paixão pela sétima arte. O ‘Cine Arte’ é gratuito e qualquer pessoa pode assistir aos filmes de épocas e nacionalidades diferentes, que encantam a todos durante a exibição.

ru:  quais os filmes que o senhor recomenda a quem quer conhecer o cinema de arte?
Holetz:  São tantos, mas, além dos que eu já mencionei, como ‘E o vento levou’ (1939), ‘Casablanca’ (1942) e ‘O cangaceiro’ (1953), tem ‘O mágico de Oz’ e ‘Good bye Mr. Chips’ (1939),
‘A ponte de Waterloo’ (1940), ‘Cidadão Kane’ (1941), ‘Cinema Paradiso’ (1988), ‘Tomates verde fritos’ (1991) e um recente – ‘O fabuloso destino de Amélie Poulain’ (2001).

Cinema em Blumenau
O cinema foi apresentado pela primeira vez em Blumenau no dia 21 de abril de 1900, por G. Koehler, no Teatro Frohsinn. O Frohsinn situava-se na Rua das Palmeiras, onde hoje está a sede da Celesc. Era o “Kinematografen”, que mostrava “fotos em movimento”, como dizia a propaganda.

FONTE: Revista Unimed - Paginas Verdes

Larry Crowne - O Amor Está de Volta (2011)

Larry Crowne (Hanks), um homem que é forçado a se reinventar e encontrar uma nova carreira em tempos de depressão econômica. Apesar de Hanks apostar em uma formula baseada nos clássicos de Frank Capra com uma mensagem otimista o filme não decola.
Sua mensagem me remeteu ao livro que li atualmente intitulado “Como a Starbucks salvou a minha vida”, onde um executivo tem que se redescobrir para voltar ao mercado de trabalho,
Hanks é sempre carismático e é divertido acompanhar sua transformação ao longo do filme, mas o desempenho de Julia Roberts esta muito fraco, e isto comprova que superastros não são mais garantia de sucesso, tanto que o filme foi um fracasso nas bilheterias
Apesar de bem intencionado, este é um filme leve para se ver quando não existe outra opção.