domingo, 11 de setembro de 2011

INVESTIGAÇÃO SOBRE UM CIDADÃO ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA (1970)

No final dos anos 60 e durante os anos 70, o cinema viu a necessidade de criar filmes-denúncias,também intitulado de “Cinema Político” e assim mostrar os absurdos de um sistema desigual que imperava em várias partes do mundo. Em 1969, Costa-Gravas com sua obra-prima “Z”, nos mostra um político sendo assassinado na frente de uma multidão de pessoas. O Estado quer fazer crer que foi um acidente e ignora todas as provas. Cabe a um promotor honesto ir contra tudo e todos e tentar desmascarar uma teia de corrupção que alcança elevados níveis de hierarquia.


A Itália nos anos 70 foi o berço de algumas das maiores obras do cinema político, onde talvez a mais importante seja “Investigação Sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita”, obra que relata como um inspetor de polícia fascista mata sua amante e deixa pistas de propósito para descobrir até onde vai sua fama de pessoa acima de qualquer suspeita. O filme foi o grande vencedor do Oscar na categoria de Melhor Filme Estrangeiro de 1970, e concorreu ao prêmio de roteiro original. Em Cannes, venceu o Grande Prêmio do Júri.

No Brasil muitas destes filmes ficaram proibidos durante anos em função da censura liderada pela então Ditadura Militar, mas muitas vistas hoje são tão atuais como a 30 anos atrás. Até hoje podem ser vistos como filmes que mexem em um vespeiro, incomodando muita gente, porque são obras que fazem pensar, levam à reflexão e abrem os olhos para uma direção muitas vezes não conhecida.

Investigação Sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita”, me remeteu a impunidade nos atuais casos de corrupção e desvio de dinheiro, e como nossos políticos se acham acima de qualquer suspeita.

Em “Investigação Sobre um Cidadão Acima de Qualquer Suspeita”, o diretor Elio Petri faz uma crítica ao autoritarismo disfarçado e ao mesmo tempo um alerta contra a censura. O personagem principal age de forma altamente questionável, manipuladora, exercendo seu poder sobre a grande massa submissa a ele.

A brasileira Florinda Bolkan tem neste filme grande momento de estrelato, mas é sem dúvida Gian Maria Volonté quem brilha, no papel do inspetor.Ao som da envolvente música de Ennio Morricone, Petri realizou uma obra contundente sobre os bastidores do poder na sociedade italiana dos anos 70.

O final é um grito de desespero, onde ecoa a agonia de um homem disposto a fazer justiça por um crime que ele mesmo cometeu. Assim nos perguntamos: a “Lei”, que procura ser tão severa com o cidadão, funciona quando é exercida sobre ela mesma?

Imperdível para os admiradores de um cinema crítico e inteligente.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Rango (2011)

Rango” agrada gregos e troianos, ou melhor  crianças vão gostar e os adultos vão gostar mais ainda. E se você é um adulto fã por filmes de faroeste vai se divertir um bocado com as referencias ao longo do filme.

Rango” não trás nenhuma novidade, na verdade é um tema bem batido, ou seja, a do personagem que vive numa zona de conforto, é arrancado dela e acaba virando “herói por acaso”, mas o rango de Johnny Depp é impagável.
Rango (dublado por Johnny Depp nas cópias originais) é um camaleão urbano que vive num aquário e sonha ser ator. Até que um acidente o atira repentinamente numa cidadezinha no meio do nada, assolada por uma terrível seca. Um verdadeiro vilarejo estilo Velho Oeste onde Rango encontrará todas as condições necessárias para demonstrar seu talento de ator frustrado.

A homenagem aos bons e velhos westerns já parte do titulo, “Rango” (mistura de Ringo + Django) e faz uma homenagem as filmes como, “Era uma Vez no Oeste” a “Matar ou Morrer”. Das cavalgadas em Monument Valley, tão típicas da obra de John Ford, à fotografia esbranquiçada de “Por um Punhado de Dólares”. O diretor Gore Verbinski, coseguiu a proeza de num desenho reunir no mesmo caldeirão não apenas incontáveis brincadeiras com os faroestes, como também juntar, numa única cena, “Star Wars” com “Apocalypse Now”.
Outro ponto forte do filme e a trilha sonora de Hans Zimmer – de importância fundamental na narrativa que apresenta várias citações a Ennio Morricone, e uma improvável Valquírias, de Richard Wagner, tocada no banjo!

Enfim “Rango” é uma das melhores e mais divertidas animações da temporada.
Veja!

CAMINHO DA LIBERDADE (2010)

Peter Weir não é o tipo de diretor que produz filmes em escala industrial, na verdade ele é muito seletivo, tanto que estava 7 anos sem filmar, desde que concorreu ao Oscar em 2003 com “Mestre dos Mares”.Mas tenho cada vez mais certeza que quando se põe atrás das câmeras é para entregar um produto de qualidade para seus espectadores, onde podemos citar obras do tipo “Sociedade dos Poetas Mortos”, “O Ano que Vivemos em Perigo” ou” O Show de Truman”.Outro dom de Weir é tirar interpretações marcantes de seus atores e em “Caminho da Liberdade, obtém interpretações magistrais e uma magnífica unidade dramática de Ed Harris), Colin Farrell e Saiorse Ronan, entre outros.
Caminho da Liberdade é uma historia verídica baseada no livro The Long Walk: The True Story of a Trek to Freedom, publicado em 1956, virou roteiro cinematográfico pelas mãos do documentarista Keith R. Clarke, onde o tenente polonês Slamovir Rawicz escreve sua própria história. Capturado pelos russos e condenado por espionagem durante a 2ª Guerra, Slamovir foi enviado para um campo de concentração na Sibéria, de onde, surpreendentemente, conseguiu escapar. Mas sua fuga, ao lado de um pequeno grupo de companheiros, está longe de ser o ato mais inacreditável do livro. Ela é apenas o primeiro passo de uma gigantesca caminhada rumo à tão sonhada liberdade.

Não espere um filme de ação, com uma escapada mirabolante, este é um filme contemplativo, por vezes poética, com grandes momentos de silencio onde a vastidão da paisagem domina a cena,o que pode incomodar espectadores acostumados com ritmos mais intensos.

“Caminho da Liberdade” é tecnicamente irretocável. A maquiagem nas cenas de intenso calor é das mais convincentes, a fotografia nos lança diretamente na ação, e as belíssimas

Infelizmente o filme foi um retumbante fracasso de bilheteria nos EUA, onde não chegou a faturar US$ 3 milhões. O que é uma pena, pois este belo filme acaba passando despercebido para muitos.
Veja!

domingo, 4 de setembro de 2011

Três Homens em Conflito (1966)

Constando em varias listas e conhecido por muitos como o clássico definitivo dos westerns, o filme permanece intocável mesmo depois de mais de quatro décadas do seu lançamento.

Apesar de fazer parte de um gênero a muito abandonado por Hollywood, e de algumas tentativas de ressucita-lo com os ótimos “Os Indomáveis” e “Bravura Indômita”, parece ser difícil este gênero voltar ao gosto popular. Mas nos cinqüentões temos um carinho especial por este gênero, que gravitou em nossa infância, quem não teve o seu revolver com balas de espoleta? Em minha infância vi muitos westerns, sentado nas poltronas do cine Busch e vibrando pela vitoria do mocinho.

O mais estranho de “Três Homens em Conflito” e não ser estrelado por um dos grandes nomes do gênero como, John Wayne, Gary Cooper ou James Stweart e sim por um desconhecido, Clint Eastwood, que vinha de uma parceria firmada com o cineasta italiano Sergio Leone, e que redefiniu o gênero western e alavancou a carreira de ambos. Este foi o terceiro filme da dupla, na parceria iniciada em 1963. Leone havia se transformado de promessa em mestre de um estilo operístico e grandiloqüente de cinema, que atingiria seu auge com a obra prima “Era uma Vez no Oeste” e que influenciaria grandes ícones dos anos 1990, como Quentin Tarantino. Do mesmo modo Eastwood estava a um passo de se tornar astro em Hollywood, e mais tarde sob a influencia de Siegel e do próprio Leone um renomado diretor. No terceiro filme da parceria, contudo, ambos se superaram, e a obra acabou por se transformar, com o tempo, em um dos maiores filmes de todos os tempos, um clássico absoluto do faroeste.

Para os leitores mais novos que talvez precisem de referências pop, este é um dos filmes favoritos de Tarantino. Mas “Três Homens em Conflito” não se resume apenas a isso, ele nos proporciona uma verdadeira aula de cinema estilizado, em que Sergio Leone refina e consagra um estilo operístico de direção. Sua sede pelo perfeccionismo em seus enquadramentos é assustadora. A habilidade excepcional de Leone para construir longas tomadas sem cortes, criando tensão e atmosfera a partir da contraposição de tomadas panorâmicas espetaculares (em geral, paisagens com personagens minúsculos, do tamanho de formigas, em algum ponto da tela) e closes de rostos duros e queimados de sol, transforma o longa-metragem em uma verdadeira sinfonia de imagens e sons inesquecíveis, que evoluem em um crescendo e culminam em um duelo final, então, envolvendo o Bom, o Mau e o Feio, serve como uma perfeita síntese de toda a emoção e maravilhas que um bom bangue-bangue pode proporcionar.

Outra coisa que marcou o cinema em “Três Homens em Conflito” foi a magnífica trilha sonora composta pelo mestre Ennio Morricone, hoje a mais conhecida entre as mais de 400 compostas pelo maestro italiano. Talvez você não tenha assistindo a “Três Homens em Conflito”, mas vai reconhecer a faixa-título, repetida, em infinitas variações, ao longo de toda a película: uma mistura de assovios, gritos de coiote, coral masculino e violões. Com isto Leone criou várias seqüências sem diálogos, inteiramente musicais, que funcionam quase como videoclipes de ópera inseridos habilmente na trama. É importante acrescentar que o filme foi concebido dessa maneira. Leone e Morricone escreviam as músicas antes de filmar, algo raríssimo na indústria cinematográfica.

Os 10 minutos iniciais, já dão uma idéia do estilo de Leone, sendo que não possuem uma fala sequer. Leone gasta-os para montar o clima, apresentar seu universo. Leone vai desvendando este universo aos poucos e passam-se uma hora de projeção até a historia estar formada. Após sermos apresentados aos três personagens o Bom, o Mau e o Feio (seus nomes são irrelevantes para a trama), interpretados respectivamente por Clint Eastwood, Lee Van Cleef e Eli Wallach. Este é um filme sem mocinhos. Os três roubam, trapaceiam e querem realmente achar um tesouro escondido a qualquer custo. Eastwood, obviamente pelos seus traços mais requintados (seu apelido é "Blondie" no filme, ou "Loirinho", segundo a dublagem brasileira), acabou ganhando a conotação de "bom".Os três personagens são absolutamente perfeitos para a história. Suas interpretações são também incríveis.

O filme não mede palavras e ações, há um nível de violência razoavelmente acentuado até para os dias de hoje, o que o torna, de certa forma, mais realista, pelo menos ao tentarmos imaginar como realmente era o Velho-Oeste.

Como trabalhava com orçamentos apertados, Leone desenvolveu um estilo que prescindia de palavras. Seus filmes não eram realistas, mas estilizados ao máximo; se passavam em um mundo de fantasia onde, de acordo com a renomada crítica Pauline Kael, “um pistoleiro caminhava um quilômetro ao atravessar uma rua”.

Assisti o filme novamente em sua versão restaurada com 178 minutos e em Bluray o que valoriza ainda mais esta obra do mestre Leone.

Não deixe de ver.

sábado, 3 de setembro de 2011

Thor (2011)




"Thor" não é o melhor nem o pior filme de super-herói já realizado, mas impressiona, principalmente pelo trabalho de construção de Asgard, a morada dos asgardianos, ela toma conta da tela e enche os olhos. Seja pelos figurinos, o design da cidade, a iluminação e as cores, é tudo impressionante - especialmente para quem, como eu, cresceu lendo as aventuras do Deus do Trovão nas histórias em quadrinhos. Asgard nunca foi tão bem retratada no papel ou fora dele. Este foi o primeiro acerto do diretor Kenneth Branagh.

O segundo foi a seleção de Hopkins como o poderoso Odin.O ator dá peso e nobreza necessária ao personagem. Hemsworth, por sua vez, não compromete, a não ser o coração das adolescentes. Mas quem marca presença é Tom Hiddleston, o Loki, quem tem qualidade para manter-se a altura da perfomance de Hopkins;

A grande duvida que reinava no universo dos fãs de HQ era saber se os produtores conseguiriam transpor para as telas de cinema, sem cair no ridículo, a fascinante história do deus nórdico de cabelos loiros esvoaçantes e seu poderoso martelo, que tanto sucesso faz desde 1962, ano em que ele surgiu, nos quadrinhos, pelas mãos de seus criadores Stan Lee (que para variar da a sua aparição no filme), Larry Lieber e Jack Kirby.

Em" Thor", somos apresentados aos asgardianos, seres imortais de outra dimensão, que, ao revelarem-se aos vikings, foram confundidos com deuses, iniciando a mitologia nórdica. Thor (Chris Hemsworth) é um príncipe desse povo, um jovem impetuoso e tolo, cujas ações desencadeiam uma nova guerra contra os Gigantes do Gelo, liderados pelo Rei Laufey (Colm Feore). Após ser banido para a Terra por seu pai, Odin (Anthony Hopkins), ele precisa aprender lições de humildade se quiser tornar-se digno de brandir novamente sua arma, o martelo Mjolnir, e com ele seu poder imortal.

Branagh também aproveita a natureza épica do roteiro para criar batalhas emocionantes, à altura das maiores aventuras do personagem nas páginas dos quadrinhos. O embate de Thor com o Destruidor, por exemplo, é um dos mais empolgantes já mostrados em filmes do gênero. As cenas em Asgard caem como uma luva na preferência dos fãs de grandes batalhas, momentos épicos, ação e aventura mítica. Enquanto a Terra serve de cenário para pitadas de romance e bom humor, fechando assim uma estratégia que claramente visa agradar a todos os públicos.



Não é o filme inesquecível de HQ do ano, mas também não faz feio.




Dica: Veja os letreiros até o final.