sexta-feira, 30 de julho de 2010

Onde os Fracos não Têm Vez (2007)

Aqui temos um western diferente, ambientado nos anos 80 e que relata a historia de Llewelyn Moss (Josh Brolin), um texano comum, encontra uma picape cercada por homens mortos com uma carga de heroína e dois milhões de dólares na caçamba. Ao resolver pegar o dinheiro, dá início a uma catastrófica reação em cadeia de violência, que nem mesmo a lei, personificada no envelhecido e desiludido xerife Bell (Tommy Lee Jones), pode conter. Ao mesmo tempo em que desconstrói o herói do western, Onde os Fracos não Têm Vez constrói em Anton Chigurh (Javier Bardem) inesquecível, um mito, uma Lenda.

Ao xerife interpretado por Tommy Lee Jones cabe não apenas maximizar a lenda de Chigurh como manter no chão o mundano Llewelyn. Jones serve como o narrador, o que é fundamental na construção das lendas de faroeste, e Onde os Fracos não Têm Vez respeita essa lógica.Nas cenas na delegacia e no café, o xerife e seu subalterno trocam histórias tão sangrentas e bizarras quanto essa que estamos acompanhando na tela - o que é uma forma de mitificá-la ainda mais.

Pode não ser o melhor do que os Irmãos Coen, mas o melhor desde “Fargo”.
Onde os Fracos não Têm Vez nos remete ao primeiro filme da dupla, "O Gosto de Sangue", pois tem o mesmo tipo de humor negro e retoma o uso da violência e da narrativa enxuta mas sempre poderosa. Traz uma visão pessimista do ser humano. A figura do assassino psicótico feito por Javier Bardem é tão estranha, e, por vezes, parece improvável existir um ser tão incrivelmente frio, mas será difícil esquece-lo.

Este foi o grande premiado de 2007, tanto que levou as principais premiações do cinema, inclusive os Oscar de direção, filme, ator coadjuvante (Bardem) e roteiro adaptado (também dos Coen, baseado em livro de Cormac McCarthy), tendo sido indicado ainda para as categorias de som, montagem, edição de som e fotografia. O longa não concorreu por trilha musical por uma razão muito simples: no filme não há musica,  a não ser nos letreiros finais. O que para muitos pode causar um desconforto e parecer estranho, pois deixa o filme com uma sensação de aridez.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

IMITAÇÃO DA VIDA (1959)

O filme inicia com o encontro inesperado da aspirante a atriz Lora Meredith com Annie Johnson, uma mulher negra sem casa e com quem decide partilhar o seu pequeno apartamento em troca de Annie cuidar da sua filha de 6 anos. Annie também tem uma filha da mesma idade, Sarah Jane, que, por ser filha de mãe negra e pai branco, tem uma pele muito branca e faz de tudo para passar por uma menina branca.O filme passa então a relatar a seqüência de anos que se seguem. Lora é ambiciosa e tem uma busca desenfreada pela fama e acaba por dar pouca atenção à filha que busca atenção em Steve. Lora Meredith se torna uma atriz famosa, mas infeliz ao amor. E o relacionamente entre Annie e Sarah Jane se torna cada vez mais conflitante e a mesma decide fugir por vergonha de ter uma mãe negra.


Baseado num livro de Fannie Hurst, "Imitação da Vida" é um 'remake' da primeira adaptação dessa obra para o cinema, realizada em 1934 pelo cineasta John M. Stahl, que é mais fiel á obra de Hurst.. A presente versão, dirigida pelo veterano Douglas Sirk, é seu último trabalho nos Estados Unidos, antes de retornar ao seu País de origem, a Alemanha, onde realizaria três outros filmes antes de sua morte.

O último filme de Sirk nos Estados Unidos, produzido por Ross Hunter, é tudo o que um último filme pode ser: uma despedida afetuosa, uma declaração de princípios do que é o cinema e a vida Sirk realiza um trabalho consistentemente bom, do início ao fim, no que é ajudado pela fotografia de Russell Metty e pela bela trilha sonora

No elenco, embora realize um bom trabalho, Lana Turner não chega aos pés de Claudette Colbert, da versão de 1934. No elenco coadjuvante, o maior destaque vai para Susan Kohner, no papel da complicada Sarah Jane, seguida pela ótima atuação de Juanita Moore. Por trás de seus melodramas baratos, Sirk, mais que um retrato dessa América dos anos cinqüenta, em pleno apogeu da Guerra Fria, faz um filme afetuoso sobre “a miséria da condição humana”, sobre a falência do poder.

Imitação da Vida é um melodrama de estúdio, com figurinos luxuosos, com a trilha sonora lacrimejante, amores não correspondidos, decepções. Mas Sirk explora bem os seus personagens, nunca hesita em apontar os pontos fracos dos seus mocinhos, e isso é o que dá força aos seus filmes. Neste, as mães são extremamente corajosas para vencer a vida sem seus homens, mas fracassam como mães: sua luta foi incapaz de fazer com que suas filhas tivessem uma vida melhor do que a sua. Preocupadas com suas questões pessoais (uma negligenciando, outra superprotegendo), não conseguem trocar uma única palavra verdadeira para com elas.

Outro ponto apontado por Sirk é que tudo tem um preço na vida e ele precisa ser pago conforme nossas decisões. Sirk mostra que a vida é difícil, as pessoas têm problemas e não conseguem ver coisas a um palmo do seu nariz porque têm preconceitos e limites. “Imitação da Vida” é uma tragédia porque tudo dá errado exatamente porque todos têm razão e todos se esforçam para que as coisas dêem certo.

Hoje ao rever o filme , o mesmo não teve mais o mesmo impacto de quando o vi pela primeira vez, talvez pelo tema ter sido muito explorado, por melodramas baratos e novelas globais, mas a sequencia final ainda deixa um sabor amargo e faz refletir “ do que realmente são feitos os sonhos e qual o preço estamos dispostos a pagar por eles”, ainda sendo tudo embalado pela voz de Mahalia Jackson, uma das principais cantoras gospel dos Estados Unidos, que canta "Trouble of the World".

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Melodia Imortal (1958)

Dirigido pelo subestimado George Sidney, que nunca foi devidamente reconhecido pela critica, o filme cativa a quem o assiste, tendo sido um dos maiores sucessos de bilheteria quando de seu lançamento.


"Melodia Imortal" é um ótimo filme sobre a vida de um dos maiores pianistas americanos das décadas de 30 e 40, Eddy Duchin. Acompanhamos ao longo do filme a luta de Duchin que teve sua vida marcada pelo sucesso e também pela tragédia.

Sidney demonstra uma direção segura e Tyrone Power brilha no papel do grande músico, sendo que foi dublado ao piano por Carmem Cavallaro(um dos grandes pianistas da época), mas treinou arduamente para ser convincente nas cenas que esta ao piano.

Kim Novak uma das loiras fatais de Alfred Hitchcock esta mais linda do que jamais esteve, no papel de um socialite que primeiramente ajuda Duchin e depois se torna sua esposa.

A trilha sonora do filme é esplêndida, marcada por grandes temas musicais como Noturno Op. 9 de Chopin e outros mais simples como Bife/Chopsticks que Duchin executa para um grupo de crianças no front da Segunda Guerra Mundial, temos até "Aquarela do Brasil", de Ary Barroso.

Há, ainda, várias seqüências marcantes como, por exemplo, aquela em que Duchin fala para Chiquita sobre seu amor por Marjorie, ou as cenas finais quando ele toca em dueto com o filho.

O filme mostra uma Nova York lindamente fotografada, mas que se perde no DVD, pois a versão lançada no Brasil não é widescreen, uma bela mancada da Columbia, pois George Sidney tinha grande domínio sobre o uso do widescreen na época conhecido como cinemascope.

INDICAÇÕES

Oscar de Melhor Fotografia

Oscar de Melhor Trilha Sonora de um Musical

Oscar de Melhor Gravação de Som

Oscar de Melhor Roteiro

terça-feira, 27 de julho de 2010

Toy Story 3 (2010)

A 15 anos a Pixar encantou o mundo com o primeiro Toy Story, que alem de ser uma revolução na animação tinha uma historia fascinante. Perdi a conta de quantas vezes assisti o mesmo com meu filho em DVD, e esta semana revi-o novamente, mas agora com minha filha.


A genialidade deste terceiro episódio já começa na premissa da trama. A passagem de tempo em relação ao último filme é respeitada e agora Andy está prestes a ingressar na faculdade e deixar sua casa. Seus brinquedos agora estão guardados em um baú, inclusive o cowboy Woddy (Tom Hanks) e o Patrulheiro Espacial Buzz Lightyear (Tim Allen). Deste modo Andy precisa separar o que vai levar; o que fica no sótão e o que será doado ou ira para o lixo. Partindo desta premissa, esta nova aventura nos leva a refletir sobre diversos pontos como amizade, amadurecimento, fidelidade e união entre amigos.

O filme é repleto de referencias, para quem acompanhou a serie, e a passagem dos brinquedos pela creche Sunnyside e impagável. Outro momento fantástico é quando Buzz parte para ser um “Amante Latino”.

Além de ser um excelente filme infantil não deixa de haver momentos de diversão para os adultos principalmente nas piadas referentes ao personagem do Bob, sim o namoradinho da Barbie.

Lee Unkrich, que dirige este terceiro filme e foi montador dos dois anteriores, conseguiu tocar uma grande abrangência de temas, sem perder a agilidade, o ritmo e sem deixar arrestas, talvez por isso a diversão seja tão agradável para crianças e adultos. Unkrich finaliza o filme de forma brilhante, fazendo o espectador principalmente os adultos lembrarem o prazer de brincar e ser feliz. Portanto, assista e prepare seu lenço. É difícil não se emocionar ao término da sessão.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

A Embriaguez do Sucesso (1957)

Em clima de film noir, "A Embriaguez do Sucesso" é uma sátira maravilhosamente amarga sobre o mundo da midia, principalmente a jornalistica. Com uma descrição fria e impiedosa dos bastidores do jornalismo escrito, inspirada na figura de um colunista real, Walter Winchell.
Lancaster como o monstruoso colunista J.J.Hunsecker está num de seus melhores momentos, vivendo um jornalista cujo imenso poder não impede que sua irmã, por quem ele tem claramente um amor incestuoso, namore um jovem músico de jazz.

Tony Curtis também brilha no papel do assessor de imprensa puxa-saco, Sidney Falco que bajula Hunsecker de todas as maneiras, e que esta numa escalada para destruir a própria vida, na busca do sucesso pessoal. Dificilmente houve no cinema dois personagens tão antipáticos e pouco heróicos.

Uma frase deixa bem claro o poder e a monstruosidade de Hunsecker – “Quero ver você se igualar a mim,Sidney”

Para os amantes de Jazz o filme é um prato cheio, com uma trilha sonora de Chico Hamilton, que nos conduz através da noite Nova Iorquina, com seus bares agitados e esfumaçados onde todos se curvam as vontades de Hunsecher e se vendem desesperados por breves menções em sua coluna.

O roteirista Ernest Lehman (de "A Noviça Rebelde" e "Intriga Internacional") foi assessor de imprensa na Broadway, por isso conhecia bem o assunto quando escreveu o livro sobre os colunistas de jornal e seus assistentes, que originou esta produção do próprio astro Burt Lancaster (1913-1994). O roteiro teve ajuda do famoso dramaturgo de esquerda Clifford Odets.

O filme foi um fracasso nas bilheterias e só com o tempo virou cult, e hoje é constantemente citado nas listas dos melhores filmes.

Um dos raros trabalhos em Hollywood do diretor de comédias dos Estudios Ealing, o inglês Alexander Mackendrick,que nos conta uma historia de frenesi violento. "A Embriaguez do Sucesso" conta uma história sórdida, na qual quase todo mundo é podre, com diálogos cínicos e até cruéis. O filme foi rodado quase inteiramente em locações noturnas nas ruas e bares de Nova York, com a fotografia em preto e branco que chega a ser uma sinfonia do mestre James Wong Howe.

- "fascinante e irresistível história" (The Hollywood Reporter)

- "rigorosa direção e diálogos afiados" (Time Magazine).

"A Embriaguez do Sucesso" é dinâmico e intenso e expõe um lado obscuro da glamorosa vida noturna de Nova York, revelando aspectos como ambição, corrupção, traição, cinismo e violência psicológica.

Enfim, "A Embriaguez do Sucesso" é, sem dúvida, um clássico e um filme imperdível.

domingo, 25 de julho de 2010

Uma Cidade que Surge (1939)

Este foi um western de primeira produzido pela Warner, com um elenco de estrelas e o primeiro dos oito faroestes que Flynn estrelou, demonstrando que era tão competente com a pistola, quanto com uma espada. "Errol Flynn vai ao Oeste", esta era a chamada publicitária de UMA CIDADE QUE SURGE. O maior astro de ação da época estréia no gênero em grande estilo, numa produção classe A que o reúne com os parceiros de sempre Michael Curtiz e Olivia De Havilland.


Flynn faz Wade Hatton, um aventureiro que ajuda na fundação da cidade de Dodge City do título original, mas sua natureza errante o leva para outros caminhos até que um dia retorna à cidade, encontrando-a afundada na lama e na violência. Mesmo contra a sua vontade, assume o cargo de xerife e decide colocar ordem na casa. Ele enfrenta multidões doidas por um linchamento, põe hordas de foras-da-lei atrás das grades e escapa de um vagão incendiado (ao lado da co-estrela do filme, Olivia de Havilland) em uma perigosa cena de ação e ainda fazendo frente ao vilão vivido por Bruce Cabot .Temos ainda em cena a também estrela Ann Sheridan como dançarina de um Saloon amante de Cabot.

Uma das cenas mais famosas da época se passa em uma briga de saloon que deve ter usado cada dublê disponível em Hollywood, totalmente filmada no belo Technicolor coisa rara na época.

Apesar de não ser um clássico como NO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS (lançado no mesmo ano), este foi um dos filmes que elevaram o western a gênero de prestígio, após amargar a década de 30 confinado em produções B. Obviamente não tem o mesmo peso artístico do filme de John Ford, mas é uma senhora aventura, do tipo que só Curtiz-Flynn-Havilland faziam: ação, romance, comédia, heroísmo e leveza narrativa, embalados como sempre por uma trilha absolutamente maravilhosa de Max Steiner.

UMA CIDADE QUE SURGE pode ser considerado o um filme de clichês, mas lembre-se que ele é de 1939, então ele pode ser sim o pai dos clichês. Temos aqui a briga no saloon, estouros de boiadas, vagões em chamas e a divisão clara entre o bem e o mal, elementos batidos hoje, mas que graças à competência de Curtiz, mantém o frescor que tinham na época.

Uma curiosidade seria que UMA CIDADE QUE SURGE teria sido o filme que inspirou Mel Brooks a fazer a paródia "Banzé no Oeste" ("Blazing Saddles").

Para os apaixonados por western.

Arquivo X – Eu Quero Acreditar (2008)

Como fã de carteirinha da grandiosa serie Arquivo X, que acompanhei a mesma por nove anos, de 1993 a 2002. Ganhadora de três Globos de Ouro (filme, ator e atriz) e 16 Emmys (o Oscar da televisão), o seriado conquistou uma legião de seguidores comparável a de Star Trek e Star Wars e que têm com os personagens principais, Fox Mulder (David Duchovny) e Dana Scully (Gillian Anderson) algo em comum: a curiosidade por verdades que estão lá fora, em algum lugar, que só podem ser vislumbradas por aqueles que se dispõe a ir muito além dos padrões estabelecidos por nossa cultura convencional. Em Arquivo X o improvável, o inaceitável, é tudo o que se pode esperar. O ressurgimento do seriado, agora em nova segunda versão cinematográfica, há muito era aguardado pelos fãs e chega envolvido em um sentimento de nostalgia inevitável. Mas foi para mim uma decepção esta volta dos agentes Mulder e Scully para o cinema.


Seis anos se passaram desde o final da serie, e os agentes Fox Mulder e Dana Scully, são chamados de volta pelo FBI, quando um padre em fase terminal, acusado de pedofilia ajuda os agentes na busca de um grupo de mulheres desaparecidas.

Chris Carter manteve a história guardada a sete chaves, revelando apenas trata-se de uma história independente, nos moldes de alguns dos episódios mais aclamados da série, que conduz o complicado relacionamento entre Fox Mulder e Dana Scully por caminhos inesperados. O novo filme traz o senso crítico e o humor acido dos comentários de Mulder sobre o governo americano, mas também perde ao dar uma visão superficial sobre as discussões sobre as experiências genéticas, sobre a paranormalidade e ainda por apresentar soluções fáceis e não ousadas para questões antigas. Tudo isso deixa certa sensação de frustração ao se considerar todo o histórico de Arquivo X. Desculpe-me Carter, mas sua declaração é um equivoco, pois a trama é ruim, lembra mais os filmes de ficção B dos anos 60/70 do que a gloriosa serie.

Um filme é eficiente em si mesmo, mas poderia ser melhor.

sábado, 24 de julho de 2010

Piaf - Um Hino ao Amor (2007)

"Piaf - Um Hino ao Amor" é um filme maravilhoso. Realizado pelo cineasta Olivier Dahan, que também participou da elaboração do roteiro, narra a extraordinária cinebiografia de Edith Piaf, a mais popular cantora francesa. De menina abandonada pela mãe, à infância pobre em Paris, o árduo início de carreira, a consagração na Europa e nos Estados Unidos até o seu reconhecimento internacional, tornando-se uma das maiores intérpretes de todos os tempos. Bem como os problemas com drogas e a morte prematura aos 47 anos.


Da infância à glória, do triunfo ao desespero, de Belleville a Nova York, a janela para a alma da artista e o coração de uma mulher e seu incrível destino. Ela foi intensa, frágil e indestrutível, pronta para fazer qualquer sacrifício pela sua arte.
"Piaf - Um Hino ao Amor" é um dos filmes mais emocionantes já produzidos pelo cinema frances. Conta com uma belíssima reconstituição de época e a arrepiante e muito elogiada interpretação de Marion Cotillard, que incorpora Edith Piaf de forma arrepiante. Ao retratar esta vida marcada por dramas e tragédias, Dahan nos oferece um trabalho bastante comovente, tanto que o filme cria uma hipnose sobre o espectador pois ao final do filme senti uma certa dificuldade de me desligar do clima em que permanecera por quase duas horas e meia.Aos espectadores menos atentos o filme pode se tornar confuso pois Dahan faz muito uso dos flashbacks, misturando as diversas fases da vida de Piaf.

O grande destaque de "Piaf - Um Hino ao Amor", chama-se Marion Cotillard. Essa atriz francesa relativamente pouco conhecida, dá um verdadeiro show de interpretação ao personificar esse grande mitoEmmanuelle Seigner e Pauline Burlet, esta última no papel de Piaf adolescente, também merecem ser mencionadas.

O filme conta ainda com um grande número de sucessos de Piaf como, por exemplo, "L'Hymne à L'Amour", "La Vie en Rose" e a apaixonante e maravilhosa "Non, Je ne Regrette Rien"

Enfim, "Piaf - Um Hino ao Amor" é um dos filmes mais emocionantes já produzidos pelo cinema, realmente um filme imperdível.

O Seqüestro do Metrô 1 2 3 (2009)

Uma viagem muito tensa está prestes a acontecer na cidade de Nova York.
Era mais um dia normal de trabalho para Walter Garber (Denzel Washington), um executivo da companhia de metrô que está sob investigação de ter recebido propina em uma licitação e apenas por isso estava no comando das linhas de trem naquele horário. Isso até uma gangue de criminosos liderada pelo misterioso Ryder (John Travolta) seqüestrar o tal metrô que sai à 01h23 da estação de Pelham, no Brooklyn, em direção a Manhatan. Seu plano é complexo e muito bem executado. Depois de conseguir render o maquinista e parar em um ponto estratégico que lhes dá boa visão periférica, Ryder faz contato com a central do metrô nova-iorquino e pede 10 milhões de dólares. O prazo para entrega é de uma hora. Cada minuto de atraso equivale a um refém morto. Ao atender ao telefone Garber, ouve a solicitação de Ryder, e a partir deste, Garber acaba virando a única pessoa com quem Ryder aceita negociar. As conversas entre os dois vão dando pistas de seus passados, e o seqüestrador não cansa de dizer que eles são muito parecidos: serviram a cidade por muito tempo, foram traídos e agora é a hora da desforra. Walter se vê então arremessado numa corrida contra o tempo para salvar as vidas dos reféns inocentes do vagão... e para impedir que Ryder escape.

John Travolta tem um personagem bem construído é esperto, rápido, sabe o que quer e adora fazer joguinhos psicológicos com as pessoas, mas esta longe do Travolta de Pulp Fiction.

O filme é recheado de citações ao filme de 1974 o cultuado “Seqüestro do Metrô”, estrelado por Walter Matthau e Robert Shaw nos papeis que agora ficaram nas mãos de Denzel Washington e John Travolta, mas fica muito aquém do original. Tanto que o "Walter" do personagem de Denzel Washington é uma homenagem ao Walter Matthau. Tudo na medida certa, incluindo até mesmo a nova contextualização do sequestro para o cenário pós 11 de Setembro, celulares, notebooks e terrorismo.

Tony Scott, é um diretor com técnica e muito estilo, mas ele não consegue surpreender e seus filmes são extremamente previsíveis.O desfecho tudo cai por terra quando personagens tomam atitudes que não condizem com a sua personalidade e o desnecessário dramalhão faz sombra onde antes havia um certo brilho. Se o filme 1974 serviu de influência até para Quentin Tarantino - que utilizou no seu Cães de Aluguel a ideia de chamar os comparsas do crime por cores (no original, Robert Shaw era Mr. Blue, Martin Balsam, o Mr. Green, Héctor Helizondo, o impulsivo Mr. Grey e Earl Hindman, o quietão Mr. Brown.).

Este metro vai passar rapidamente para o esquecimento.


Veja se não tiver nada melhor para fazer.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Casablanca (1942)

Este final de semana assisti com minha esposa ao grande clássico do cinema romântico. Eu já havia visto e revisto o filme, mas para ela era novidade, e como todos que o assistem, adorou. Impossível não amar este clássico, cada vez que o revejo fico mais apaixonado e espantado, a excelente cenografia,agilidade e acidez dos diálogos, a fotografia expressionista, a direção segura de Curtiz, grandes atores e coadjuvantes e a musica do mestre Steiner.


Para os amantes do cinema não tenho o que falar que possa ser novidade pois o filme já foi debatido e avaliado a exaustão. Então vou tentar despertar a curiosidade dos futuros espectadores.

Esta bela historia de amor se ambienta durante a Segunda Guerra Mundial , na cidade marroquina de Casablanca, como no momento da história é um lugar de passagem entre a Europa ocupada pelo nazismo e o continente americano. Num ambiente em que, para muitos, a esperança da liberdade se desvanece com o prolongar da espera, e as apreensões feitas pela policia. Em meio a este turbilhão destaca-se o "Rick's Cafe", o bar de Rick Blaine (Humphrey Bogart), como ponto de todos os encontros. Tudo vai bem na vida de Rick , até que a certa altura, Ilsa Lund Laszlo (Ingrid Bergman), acompanhada do seu marido, o ativista Victor Laszlo (Paul Henreid) aparece em Casablanca. O encontro de Ilsa com Rick provoca recordações de um romance passado, que se desfez no próprio dia em que Paris caiu, sob o jugo dos nazistas. Na tela, a música imortal deste relacionamento (As time goes by) é interpretada por Sam.

Casablanca hoje é considerado um dos melhores filmes oriundo da fabrica de ilusões chamada Hollywood, e dificilmente não será encontrado na lista de melhores filmes. Isto mostra como as coisas na indústria cinematográfica são imprevisíveis, pois Casablanca era uma produção de pouca importância, com um roteiro feito as pressas, e Curtiz escalado sem mesmo saber sobre o que se tratava o filme.

O filme também tinha uma função patriótica, pois estávamos em plena guerra, e o arquivilão eram os nazistas e o governo colaboracionista francês, que no filme é representado magnificamente por Claude Rains, com seu humor cínico e sarcástico, representado bem em uma frase proferida por ele “Mande prender os suspeitos de sempre”.

Provavelmente é o filme com os melhores e mais memoráveis diálogos da história do cinema, muitos deles com um leve toque de cinismo. Perguntam a Bogart porque ele veio para Casablanca, ele responde “ Por causa das aguas”. “Mas estamos no meio do deserto!” “ Fui mal informado” ele conclui.

Fora outras frases que ficaram no classicas:

"Nos sempre teremos Paris"

“Estou de olho em voce, garota”

“Voce usava azul e os alemães cinza”

Sem esquecer a classica cena final, que deixa uma conclusão ambigua “Meu caro Louie, este é o início de uma bela amizade" .

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Sherlock Holmes (2009)

Como filme de ação “Sherlock Holmes” é muito bom. Mas visto saudades do ótimo Guy Ritchie de “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes” e “ Snatch – Porcos e Diamantes”. Ritchie e um diretor criativo, que combina diálogos inteligentes, com recursos visuais bem sacados além de outros artifícios. Em “Sherlock Holmes”, tirando algumas seqüências mais elaboradas existe uma total inexistência do toque de Ritchie que eu conheço. Fora isso, tal qual os personagens de Batman, Superman e Wolverine foram adaptados para os gostos modernos estava na cara que o mesmo aconteceria com a imortal criação de sir Arthur Conan Doyle (1859-1930) .

Quem viu o personagem ser interpretado por clássicos atores britânicos como Basil Rathbone e Christopher Lee, com sua figura sisuda. O filme de Guy Ritchie seleciona as mais aventurescas - como o apreço pela prática do boxe - e dá ao herói vitoriano um novo perfil, dando lugar a um Sherlock Holmes mais adequado a geração de 2010. Até o violino ganha novas funções no longa-metragem moderno.

Na trama, Lorde Blackwood (o onipresente Mark Strong) foi apanhado pelo detetive e a Scotland Yard prestes a cometer um crime - o sacrifício de uma garota em um ritual de magia negra. Com sua condenação à morte, finalmente a assustada Londres pode respirar aliviada... até que Blackwood ressuscita, com um plano ainda mais maligno. Enquanto isso, Holmes tem que lidar com uma antiga rival, Irene Adler (Rachel McAdams), que também surge sem aviso.

Uma sacada legal de Ritchie e não perder tempo com a origem de Holmes. O filme começa apenas apresentando a relação entre Holmes e Watson, vividos de maneira divertida por Robert Downey Jr. e Jude Law, e o novo tom do personagem. Nada do famigerado primeiro encontro da dupla, ou de buscar os "por quês" de suas manias e habilidades. Holmes é Holmes e pronto. O que importa é o suspense e como ele emprega essas habilidades.

Ritchie explora muito bem as habilidades físicas e de raciocínio lógico de Holmes que se tornam combustível para invencionices de estilo cinematográfico, nas bem boladas cenas de luta, em que o detetive usa sua mente analítica para coreografar o combate inteiro em sua mente antes de desferir o primeiro. O diálogo é veloz, afiado e bem-humorado, especialmente os de Holmes e Watson que tem a química perfeita, e suas interações garantem os melhores momentos do filme.

“Sherlock Holmes”, foi produzido para ser um blockbuster e gerar uma lucrativa franquia e talvez este seja seu maior pecado. Sobram assim momentos grandiosos, como a exagerada cena do navio, completamente desnecessária dentro da trama e quase um clímax antecipado. O gigante francês que Holmes enfrenta, afinal, já estava vencido e a sequência não se presta a nada além de mostrar destruição em larga escala.

Mas o que mais me decepcionou foi o desfecho, pois tudo foi devidamente explicadinho, o que expõe igualmente a necessidade de abrangência de público (ninguém quer se sentir burro, saindo do cinema sem entender o que aconteceu) ou talvez não queiram mais pensar.

Pelo visto Guy Ritchie foi engolido pelo cinemão.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Madre Joana dos Anjos (1961)

Ganhadora do Prêmio Especial do Júri de Cannes em 1961, essa é a obra-prima de Jerzy Kawalerowicz, obscuro hoje no Brasil, mas dos maiores nomes do cinema polonês nos anos 50 e 60 e conterrâneo dos não menos geniais Kieslowski (cuja Trilogia das Cores reverei ainda nestas férias) e Polanski. Fortemente influenciado por Dreyer,tem também algo de Bergman com suas temáticas metafísicas e duvidas a cerca do divino.Com uma narrativa austera e econômica e atuações expressionistas, reforçadas por lentes que distorcem e modificam a imagem.A ambientação seca,suja e despojada de cenários pomposos. São marcantes as cenas de oração solitária do torturado padre; a discussão metafísica entre um rabino e o tal padre, de alta carga filosófica; a cena final, do sino mudo…

A história, baseada em fatos reais ocorridos em Loudon no século XVII, o filme conta a história de freiras possuídas pelo demônio e um dos primeiros filmes a tocar no tema de exorcismo. o filme nunca se assume como terror nem procura os efeitos fáceis do gênero. Na verdade, é o espectador que decide o quanto do que está vendo se deve ao sobrenatural e o quanto surge da sugestão, da repressão sexual, da curiosidade popular pelo perverso e sinistro, em uma narrativa cheia de subentendidos e sutilezas que aos poucos envolve e impressiona com sua atmosfera claustrofóbica..

O filme é perfeito esteticamente e um clássico do cinema europeu que vale a pena ser redescoberto. A protagonista, Lucynna Winnicka, era mulher e atriz constante do diretor.O filme foi proibido em certos países, na época, tal a ousadia de botar demônios em pleno convento.

Dois pontos negativos: a edição das legendas deveria ser mais caprichada. Há momentos em que não há a tradução de certos diálogos e a cópia do DVD, é um pouco escura demais, mas ainda assim não tiram o impacto do filme.

Jardim do Pecado (1954)

"Se a terra fosse feita de ouro, o homem mataria por um punhado de poeira".

Era impressionante o prestígio do gênero western no começo dos anos 50, onde era possível reunir grandes astros do momento num filme como este.Baseado numa história escrita por Fred Freiberger e William Tunberg, "Jardim do Pecado" é um bom faroeste, onde o astro Gary Cooper lidera o trio de americanos que deve entrar na região montanhosa do México, infestada de índios selvagens, para salvar um homem preso dentro de uma rica mina de ouro. Enquanto rumam para o loca, sonhando com a recompensa de dois mil dólares pelo salvamento, questionam se a vida deles vale o risco de salvar alguém que pode até já estar morto. Realizado pelo famoso cineasta Henry Hathaway, o filme procura se concentrar nos relacionamentos entre os diversos personagens, alguns movidos pela influência do ouro.

Com uma narrativa um pouco lenta para os dias atuais pois estamos acostumados com uma narrativa mais ágil e ritmo mais intenso, é impossível não se impressionar com o carisma do elenco (mesmo que não tenha closes porque na época não sabiam usar direito o Cinemascope (widescreen), então no máximo temos planos médios).
O diretor, Hathaway é consistentemente bom, e este foi o único filme do gênero que teve trilha musical do mestre Bernard Hermann ("Cidadão Kane") que soube usar a musica como um dos pontos altos do filme. É exato o suspense que ela provoca quando as emoções tornam-se tensas entre alguns dos principais personagens. Rodado em locações no México, tem bela fotografia.

No elenco, os três maiores destaques são as ótimas atuações de Gary Cooper, Susan Hayward com seu temperamento incendiário,que faz a esposa (o interesse romântico é secundário para se enfatizar o valor da amizade entre homens, tema caro ao Western)e Richard Widmark(um dos melhores bad guys do cinema). Este é o segundo filme de Hayward ao lado de Cooper e o terceiro em que ela é dirigida por Hathaway. Em uma ponta , aparece a porto-riquenha Rita Moreno aparece cantando parte de duas canções.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

(500) Dias com Ela (2009)

A grande maioria dos filmes românticos é direcionada para o público feminino, este é uma exceção, " (500) Dias com Ela" não é um filme romântico como os outros. Não se trata de uma história de amor, mas uma história sobre amor.

O alicerce de todas as comédias românticas tem como premissa "menino conhece menina". Esse é sempre o ponto de partida dessas histórias no cinema que, inevitavelmente, passam pelo estágio do desentendimento do casal e terminam com os protagonistas ficando juntos ou seguindo caminhos distintos. No entanto este se junta ao seletíssimo grupo de filmes que conseguem subverter as regras do gênero, dando ao público uma experiência nova.
No filme de estréia do diretor Marc Webb, após vasta experiência com videoclipes, ele brinca com os clichês do gênero, invertendo situações e personagens, aproximando o espectador dos dramas vividos por Tom Hansen (Joseph Gordon-Levitt), que abrange os quinhentos dias do título. Tom é arquiteto mas passa seus dias num mundo sem muitas cores, trabalhando numa empresa que cria cartões festivos, aqueles que distribuímos no natal e nos aniversários. Ele também busca o amor de sua vida. Certo dia, no escritório, ele conhece a bela Summer (daí o nome original intraduzível do filme, ((500) Days of Summer) interpretada pela adorável Zooey Deschanel. Tom é o tipo de pessoa que cresceu ouvindo músicas e vendo filmes de amor, supervalorizando o sentimento. Quando descobre que Zooey é fã de Smiths, projeta nela todas as suas expectativas afetivas. Quando normalmente é a mulher quem idealiza o amor – pelo menos nos filmes do gênero -, em "(500) Dias com Ela" é o personagem masculino que carrega esse estigma. Summer, por sua vez, nunca esconde a falta de crença em relação ao amor, fruto de um lar desfeito ainda na infância. Claro que uma relação entre dois personagens com expectativas tão opostas nunca dará certo, fato já revelado nos primeiros minutos.

O segredo de Marc Webb é usar sua experiência em contar histórias curtas em videoclipes, ele já dirigiu uma centena deles, para imprimir um ritmo todo particular à produção. Ele pega os dezesseis meses da história de Tom e Summer e os recorta, apresentando-os de maneira não linear. Momentos bons, ruins e comuns alternam-se agrupados por eventos, mostrados pela perspectiva de Tom. Outra grande sacada é dividir a tela para separar "Realidade" e "Expectativa".

Mais do que uma maneira divertida, criativa e inteligente de contar uma história que de outra forma pareceria convencional, "(500) Dias Com Ela" tem uma visão absolutamente honesta, ainda que um tanto tragicômica, do amor. Algo que a frase inicial do filme já escancara: "O filme a seguir é uma história de ficção. Qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é mera coincidência. Especialmente com você Jenny Beckman. Vaca!". Sensibilidade romântica mais contemporânea, impossível.

domingo, 18 de julho de 2010

Código de Conduta (2009)

O filme de F. Gary Gray (Uma Saída de Mestre, Be Cool) é uma mistura de “Desejo de Matar” com as nuances de Jogos Mortais


Clyde Shelton (Gerard Butler) é um cidadão de bem, cuja esposa e a filha são assassinadas durante um assalto. Clyde estava presente e reconhece os criminosos. Quando os assassinos são presos, Nick Rice (Jamie Foxx), famoso promotor da Filadélfia, é designado para o caso. Nick oferece uma sentença leve a um dos suspeitos (Darby), em troca do seu testemunho contra o cúmplice. Mas um detalhe jurídico contribui para que Darby saia da prisão.

Quando vai pedir ajuda ao promotor público Nick Rice (Jamie Foxx, de "Ray"), alegando que o assaltante estuprou sua esposa, o viúvo percebe que houve um acordo, baseado em delação premiada. Assim sendo, não há nada mais a ser feito. Clyde começa planejar sua própria vingança.

Dez anos se passam até ele começar o acerto de contas. O plano é fazer com que o sistema jurídico funcione a seu favor. Sistematicamente, Clyde passa a eliminar todas as pessoas responsáveis pelo inquérito que livrou Darby das acusações. Mas, por falta de provas conclusivas, ele não pode ser preso.

Conhecido por dirigir filmes de ação F. Gary Gray é um dos diretores afro-americanos mais bem-sucedidos dos últimos tempos. Em seu mais recente filme de ação, "Código de Conduta," ele se volta para uma história de um homem em busca de vingança por sentir-se vítima do sistema judiciário. O problema é que o homem torna-se um vingador tipo Charles Bronson, mas com métodos dignos da era Jogos Mortais. Na sua busca de vingança ele mata com requintes de crueldade. Esquartejamentos, explosões e até uma violentíssima mutilação com um osso de filé estão no cardápio do assassino injustiçado.

Com roteiro escrito por Kurt Wimmer, responsável pelas histórias de "Reis da Rua" e "Equilibrium" (este último lançado diretamente em DVD), o filme de F. Gary Gray começa bem, mostra a violência a que estamos sujeitos nos dias atuais e uma avaliação sobre o sistema de justiça dos Estados Unidos. Os primeiros ataques da vítima (Butler) são interessantes pela maneira como são construídos, na inteligência e habilidades do executor.

O problema é a velha mania de hollywood terminar as histórias de maneira espetacular e mirabolante.O personagem de Butler vira então um super gênio do crime com direito a toda tecnologia atualmente disponível, com shows pirotécnicos da melhor qualidade. Uma pena pois a idéia inicial poderia ter rendido um ótimo filme, mas não há suspensão de descrença que aguente a sucessão de informações implausíveis e furos de roteiro que o filme oferece.

Fiquei com a certeza que Wimmer teve uma boa idéia de início, mas não soube resolvê-la.

Apenas como diversão!

A História Oficial (1985)

Este é o filme de estréia do diretor argentino Luis Adalberto Puenzo, sendo o roteiro também de sua autoria. Premiado com o Oscar de Melhor Filme de Língua Estrangeira, este notável filme argentino também deu o prêmio de Melhor Atriz em Cannes para Norma Aleandro.

Ganhou ainda Globo de Ouro de Filme em Língua Estrangeira, Prêmio do Júri em Cannes e outros em diversos lugares.

Na Buenos Aires dos anos 80, Alicia, uma professora de historia e seu marido Roberto vivem tranqüilamente com Gaby, sua filha adotiva. Porém, após o reencontro com uma velha amiga recém-chegada do exílio, Alicia começa a tomar conhecimento da cruel realidade do regime militar argentino, passando a desconfiar que a menina que adotou seja filha de desaparecida política vítima de repressão militar. Alicia sente-se obrigada questionar todas as suas certezas e o que considerava como verdade. Uma realidade para a qual Alicia não estava preparada, mas que agora terá de enfrentar com todas as suas conseqüências.

Puenzo, que era publicitario, começou a escrever o roteiro de A História Oficial,no final da sangrenta ditadura militar na argentina e planejava filmar utilizando câmeras escondidas de 16 mm. Entretanto, o regime caiu um pouco antes dele terminar de escrever o roteiro. Mas foi muito corajoso de sua parte abordar um tema ainda tabu na época. Uma das falhas de Puenzo foi pintar com cores tão fortes a total alienação de Alicia - não é plausível uma professora de História tão absolutamente alienada de tudo – que só começa a acabar a partir dessa conversa com sua amiga Ana.

O filme se foca numa história muito humana, sem cair em melodramas. É um belo filme, com interpretações absolutamente extraordinárias, fantásticas e emocionantes. Realizado num estilo forte e intenso, abrindo caminho para a inegável qualidade do cinema argentino dos anos 2000.

sábado, 17 de julho de 2010

Julie & Julia (2009)

Baseado em duas histórias reais, Julie & Julia intercala a vida de duas mulheres, uma mestra da culinária francesa dos anos 60 e outra uma jovem que se aventura a preparar suas receitas quatro décadas depois.


Julia Child foi uma personalidade única na televisão norte-americana por trazer para as mesas dos lares norte americanos os segredos da culinária francesa ao lançar o livro Mastering the Art of French Cooking e, posteriormente, com mais de uma dezena de programas de TV.

Julie Power é a jovem frustrada que buscando uma nova receita de vida, resolve arriscar fazer pratos como Boeuf Bourgnon e relatar suas experiências por meio de um blog, The Julie/Julia Project.

A histórias de como a vida e o livro de receitas de Julia Child (Meryl Streep) inspiraram a escritora principiante Julie Powell (Amy Adams) a reproduzir 524 receitas em 365 dias e apresentar a magia da culinária francesa para as novas gerações.

Esta é a receita de Julie e Julia: o encontro cinematográfico dessas duas personagens. O que elas têm em comum? A vontade de sair do estado de deriva e encontrar algo que realmente dê prazer – além dos maridos que dão apoio incondicional, principalmente o ótimo Stanley Tucci

A diretora Norah Ephron do ótimo “Sintonia do Amor” exagera no tom adocicado do filme buscado conquistar o publico feminino.

A interpretação de Meryl Streep para a grandalhona Julia Child esta boa, mas passa longe de uma recriação da sua personagem.

Esta é uma comédia que nos faz descobrir que com a combinação de prazeres, obsessões, paixão, coragem e muita manteiga, tudo é possível. Bon Appétit!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Bom Dia, Babilônia (1987)

Antes dos irmãos Coen e dos Wachowski nos apresentarem respectivamente "Fargo" e "Matrix" houve dois irmãos italianos que fizeram algumas obras primas como " Pai Patrão" (1977), vencedor da Palma de Ouro em Cannes e " Noites de São Lourenço" (1981). Uma caracteristica marcante de suas obras são as  narrativas, sempre impregnadas de um realismo mágico.
Em "Bom Dia, Babilônia", realizaram uma fantasia liírica e uma homenagem ao cinema.
O filme relata a história de Nicola e Andrea dois artesãos, que em busca de uma vida melhor migram para os Estados Unidos. Lá acabam se envolvendo na produção do épico filme de D.W.Griffith "Intolerância". Acompanhamos as aventuras e desventuras dos dois irmãos, no novo mundo até seu derradeiro destino na primeira guerra mundial.
O filme tem momentos belissímos, como a sequencia de construção do elefante e o jantar de casamento. Mas o conjunto da obra decepciona, principalmente no seu desfecho. Uma obra menor na carreira dos geniais cineastas.

2012 (2009)

As antigas civilizações já previam que o mundo deveria estar preparado para a data de 21/12/2012,a alta cúpula do governo americano já estava preparada para o fim do mundo, mas descobrem que as contas estão equivocadas pois o cataclisma acontecerá meses antes do que era previsto. O diretor Roland Emmerich destrói o planeta em 2012 para que todos nós perdoemos o erro de calculo dos EUA.

O filme-catástrofe é um subgênero fetichista por excelência, e este novo filme de Emmerich não foge a regra, forçando a barra de modo que em momentos chegamos a ter a sensação de estarmos diante de uma comédia de tão ridículas que são as situações. É o seu filme mais panfletário e exagerado.

A trama se faz de premissas consagradas. Acompanhamos o clássico pai divorciado que está tentando reconquistar o afeto dos filhos, ( já não vimos isto em Guerra de Mundos com Tom Cruise) interpretado por John Cusack, a metonímia que individualiza para o espectador um drama tão continental que, visto só de cima, perderia um pouco a humanidade. Para que o espectador possa se identificar com cada um dos desastres (vulcões, fissuras tectônicas, maremotos), o pobre John Cusack será forçado a estar presente em cada um deles, o cara é uma mistura de Mel Gibson, Stalone e Schwarzenegger, bom demais da conta.

Não é difícil imaginar qual será o final de uma história dessas. O que muda, é que Emmerich tenta levar todos a um sentimento de culpa generalizado. O presidente se sente culpado por não ter avisado a população do fim. O geólogo se sente culpado porque não vai salvar quem gostaria. O pai do geólogo, que descobrimos ter um histórico de alcoolismo, indica se sentir culpado pela relação que manteve com o filho.

Enfim 2012 é um amontoado de bobagens embrulhado, em muita ação, explosões e cenas absurdas.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Se Beber, Não Case (2009)

O politicamente incorreto dá o tom na comédia do ano de Todd Phillips (Dias Incríveis).


Dois dias antes dàs vésperas do casamento de Doug (Justin Bartha), e três amigos Phil (Bradley Cooper), Stu (Ed Helms) e Alan (Zach Galifianakis) - vão de carro para Las Vegas, para passar uma noite inesquecível. Mas quando os três padrinhos de casamento acordam no dia seguinte com a mãe de todas as ressacas, não conseguem se lembrar de nada. O luxuoso quarto de hotel está detonado e o noivo simplesmente desapareceu. Sem a menor ideia do que pode ter acontecido e sem entender o que são aquela cadeira fumegante, a galinha andando na sala, o bebê no armário e o pior,o que faz um tigre de begala no banheiro?

Agora é correr contra o tempo para localizar o noivo que simplesmente sumiu. O trio precisa refazer os passos da noite anterior até descobrir quando as coisas começaram a desandar e, de preferência, levar Doug de volta a Los Angeles a tempo para o casamento. O problema é que, quanto mais eles descobrem , mais surgem novos personagens bizarros e situações surrealistas. A estrutura de sketches é divertidíssima, mas é o humor politamente incorreto o grande diferencial da comédia. Melhor ainda é quando essas piadas são disparadas por Zach Galifianakis, ele tem um tempo de comédia brilhante e uma expressão que mistura intensidade e inocência, perfeitamente talhada para o humor. Acredite, outra pessoa não conseguiria fazer rir usando como tema o holocausto ou o 11 de setembro.

Se por um lado, a história parte do mais batido assunto das comédias americanas dos últimos 30 anos,uma despedida de solteiro em Las Vegas, por outro temos personagens incríveis e o grande mistério: que diabos aconteceu durante a noite?

O segundo grande trunfo de ''Se Beber, Não Case'' é que nenhuma oportunidade de piada é perdida. Phillips garante uma encenação sem erros, o tempo certo, o corte exato, e um humos inteligente diferente do que temos visto na grande maioria das comedias americanas sobre o tema.

“Se Beber Não Case” é um filme direcionado para homens, mas o público feminino, se conseguir superar o fato de que todas as mulheres da história são desagradáveis e manipuladoras (com a exceção honrosa da alegre prostituta vivida por Heather Graham), deve encontrar motivos para rir também. Afinal, ressaca não tem sexo.

Premiado com o Globo de Ouro de melhor filme (categoria comédia ou musical), por mais que seja um prêmio secundário, dá aval para um certo tipo de comédia com fama de chula que ainda não havia penetrado nos salões do ''cinema de qualidade''.

Dica: Não deixe de ver os créditos finais.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Foi Apenas Um Sonho (2008)


Dirigido por Sam Mendes que dirigiu o excelente “Beleza Americana”, Foi Apenas Um Sonho é um filme trágico, frio e distante. Conta a historia do relacionamento de um jovem casal (Leonardo DiCaprio e Kate Winslet) que vive no subúrbio de Connecticut, durante os anos 50. Narrando a luta diária de um casal para lidar com seus problemas pessoais, traições, frustrações, sendo que o amago da questão é fato deles serem profundamente infelizes sem saberem bem o porque.

Kate engole DiCaprio num show de interpretação e ele aparenta ser muito novo para ela, o que me incomodou.Acho que o papel devia ter sido dado a um ator mais maduro.

Outra coisa estranha são os filhos que mal aparecem na história, assim como parentes e vizinhos, e nas poucas cenas em que são incluídos servem unicamente de trampolim para os diálogos e discussões do casal.

O astral parece melhorar quando Kate surgere a possibilidade de largar tudo e se mudar para Paris, lugar onde o marido esteve durante a guerra, mas é muito estranho, pois pessoas normais com filhos não vão se aventurar em um pais estranho sem trabalho. Sendo que a idéia é deixada de lado quando ele recebe uma oferta de promoção, o que no final se mostrara um beco sem saída.

Em função desta frieza da historia fica difícil para o espectador se identificar com os personagens, criar empatia.

A melhor personagem do filme é vivida por Michael Shannon, que interpreta um vizinho que é considerado louco e inconveniente por falar as verdades sem se preocupar com as conseqüências.

Kate ganhou por sua interpretação o Globo de Ouro de Atriz coadjuvante.

Veja!

domingo, 11 de julho de 2010

Lanternas Vermelhas (1991)

Este é o terceiro filme e o que consagrou internacionalmente o ex-fotógrafo e brilhante diretor Zhang Yimou, hoje famoso por “Herói” e "Clã das Adagas Voadoras".

Adaptado do romance de Su Tong e roteirizado por Ni Zhen , o filme se desenrola na China, nos anos 20. Após a morte de seu pai e o conseqüente empobrecimento da família, Songlian (Gong Li), uma jovem universitária é pressionada pela madrasta a se casar com Chen Zuagian, um senhor feudal de uma poderosa família e se torna a sua quarta esposa sem nem sequer conhece-lo.

De repente, ela se vê sozinha em uma casa onde as tradições seculares são seguidas como uma lei por seu marido e todos que a habitam.

Uma das mais importantes regras é a das Lanternas Vermelhas que refere-se a ocasião onde o Senhor escolhia a esposa com qual ira passar a noite. A escolhida terá o pátio em frente ao seu quarto iluminado por Lanternas Vermelhas e também terá direito a mordomias e receberá um tratamento privilegiado por toda a criadagem. Esta antiga tradição gera disputas, intrigas e dramas entre as esposas, que lutam pelo poder.

Obra-prima do diretor Zhang Yimou, Lanternas Vermelhas possui uma fotografia espetacular e uma direção de arte ainda mais bela decorrentes da experiência de Yimou como fotografo. Este é um grande clássico do cinema mundial.

O Governo chines baniu o filme percebendo que as aparencias simbolizam um governo autoritario, na figura do senhor feudal que não dá liberdade de expressão ao indivíduo na pele de Songlian.

Não deixe de ver!

sábado, 10 de julho de 2010

Ilha do Medo (2010)


Ilha do Medo é baseado no livro Paciente 67, de Dennis Lehane, ( Sobre Meninos e Lobos) e que já dizia que a sua idéia era homenagear 2 gêneros, os filmes B e os terrores góticos. Martin Scorsese, sempre hábil em apontar a crueldade do ser humano, vide “ Os Infiltrados” sem deixar de manter as esperanças, aposta, em "Ilha do Medo", na loucura e em como o sonho é o único jeito de se proteger do mundo real.

O Filme é um suspense que se passa 1954, no auge da Guerra Fria,e a história gira em torno da procura do policial Teddy Daniels (Leonardo DiCaprio) por uma paciente perdida na Shutter Island, local que abriga o impenetrável Hospital Psiquiátrico Ashecliffe, a fim de investigar o misterioso desaparecimento de uma assassina e os meios utilizados para tratamento dos pacientes. Se olharmos para trás em busca dos suspenses de alto nível, o que os une é a habilidade de Scorsese em acrescentar os elementos gradualmente na trama, criar as pontas de dúvida que nos mantenham interessados no filme, descobrir novas características dos personagens para, com tudo isso, chegar a um final que responda às questões desenvolvidas.

Enquanto uma tempestade se aproxima, as suspeitas ficam cada vez mais assustadoras. Dentro de um hospital assombrado pelas terríveis atitudes passadas de seus pacientes e pelos planos desconhecidos de seus médicos, Teddy começa a perceber que, quanto mais se aprofunda na investigação, mais é forçado a encarar alguns de seus piores temores. E entende que pode nunca sair vivo da ilha.

O problema de "Ilha do Medo" é pegar o atalho mais fácil, o que é de se estranhar vindo de um diretor como Scorsese, tão dedicado a contar uma história. Em vez de sugerir e desmentir, nos fazer acreditar e logo depois questionar, o roteiro nos leva a acreditar em uma história, para no final, desmenti-la por inteiro.

Claro que, no meio do caminho, Scorsese mostra como, mesmo em situações triviais, ele ainda capricha nos movimentos de câmera, na direção de atores e de arte. Existem boas seqüências de tensão dentro do manicômio e outras passagens bregas e bonitas que revelam os sonhos assustadores de Teddy.

Leonardo DiCaprio, o atual queridinho do diretor , assim como foi De Niro nos anos passados esta bem como o protagonista.Mas Ben Kingsley e Max von Sydow estão soberanos como os vilões.

Guerra ao Terror (2008)

Guerra ao Terror (The Hurt Locker, 2008), vencedor do Oscar de melhor filme foi lançado inicialmente no Brasil direto em DVD, pois teve uma péssima bilheteria nos USA, talvez pela falta de nomes de peso no elenco, ou pelo filme abordar um tema indigesto para a nação americana.


Talvez Kathryn Bigelow (Caçadores de Emoção, K-19) tenha feito a opção de escolher atores desconhecidos e jovens para os papéis principais, com o objetivo fundamental de fazer o espectador não se identificar com as personagens, que se sujeitam a uma espécie de purgatório, um serviço da mais baixa escala do trabalho que eventualmente é executado - por caipiras, negros, latinos, suicidas - com alguma dignidade.

No caso de Guerra ao Terror, o herói, ou anti-herói, é o sargento James (Jeremy Renner). Ele chega à companhia Bravo dos fuzileiros em Bagdá faltando 38 dias para ser dispensado, e certamente vai viver cada um como se fosse o último.

Dentro de seu uniforme, o verdadeiro "armário da dor" do título original (uma roupa de proteção para os marines ) passa seus dias desarmando bombas largadas em áreas civis. Como diz a epígrafe que abre o filme (tirada do livro War is a Force That Gives Us Meaning, do jornalista e correspondente de guerra Chris Hedges), "a guerra é um vício" e James é um viciado.

É uma rotina de operariado, mas do ponto de vista da dramaturgia tem um apelo bastante forte: um filme inteiro sustentado naquele clímax clássico, cortar o fio vermelho ou o azul do detonador.

Inerente à ação há também a reflexão sobre a natureza catártica da guerra. Essa leitura psicologizante - martelada na figura constante do médico coronel da base militar - nunca é perdida de vista. Guerra ao Terror discorre sobre o vazio existencial dos pelotões - é o reforço no conceito psicanalítico do desejo de morte.

Porque não há dignidade maior da perspectiva do soldado-operário, já que a questão é dar algum sentido a guerras administrativas como essa do Iraque, do que tê-la como cicatriz.

O filme deixa claro que a guerra é vivencia na carne e pela dor e isto fica claro em duas cenas. A primeira quando James entra debaixo do chuveiro sem tirar a roupa, ainda assim escorre sangue pelo ralo. E em outra na cena do sniper no deserto, o pente de balas já vem sujo de sangue mesmo antes de disparar.

O filme deixa claro que de qualquer forma guerrear é uma escolha mecânica, alienada, que deixa um vazio no ser, tanto que James quando retorna para casa faz suas tarefas como um robô, pois já não consegue fugir de seu vicio. Pode não agradar a grande maioria dos espectadores, acostumados a ver guerras onde a ação prevalece ante a reflexão, mas não deixa de ser um retrato digno do vazio existencial da guerra

Talvez nem fosse a melhor escolha do Oscar, mas nada disso tira o seu mérito. Gostei Muito.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Distrito 9 (2009)

Produzido por Peter Jackson (Trilogia O Senhor dos Anéis) e escrito e dirigido pelo Sul Africano Neil Blomkamp, Distrito 9 nos apresenta um suspense de ficção científica totalmente diferente de tudo o que estamos acostumados a assistir.

A diferença já começa pela maneira como o diretor expõe os fatos, de forma a parecer um documentário.

O filme nos leva a um mundo no qual os alienígenas aterrisaram, mas acabaram exilados em uma favela nos limites de Johannesburg, na África do Sul. Depois de tomar conhecimento do misterioso segredo da tecnologia bélica extraterrestre, um solitário humano passa a ser caçado pelas estranhas vielas da favela alienígena e descobre o que significa ser um completo estranho em seu próprio planeta. Mas inteligentemente Blomkamp valesse da historia para fazer uma profunda critica ao Apartheid, com sua intolerância.

Outro ponto abordado e a busca de um cidadão que repentinamente tem que lutar para ter sua vida de volta.

Distrito 9 consegue a rara façanha de entreter e fazer pensar em como a intolerância, o racismo afetam o dia dos que vivem a margem da sociedade.

Mas prepare-se para cenas de podridão, explosões, desmembramentos entre outras, que chegam a chocar.

Distrito 9 é um dos grandes filmes de 2009 e merece ser visto se você tiver estomago. E como disse o critico Flávio Croffi da revista Movie – “Se você acha que Distrito 9 é um simples filme de ETs, você merece ser abduzido”.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Os Assassinos (1946)

Considero este um dos grandes clássicos do Cinema Noir , entre os meus favoritos ao lado de “Laura” de Otto Preminger e “Pacto de Sangue” de Billy Wilder.Este é um típico filme Noir, sombrio, cheio de flashbacks e cujo a trama se torna cada vez mais densa e abstrata.


O filme inicia com o Sueco (Burt Lancaster), um ex-campeão de boxe que espera em um velho quarto de hotel, resignado, pelos dois assassinos profissionais que acabaram de adentrar a pequena cidade onde ele se esconde, e que deverão matá-lo.

O investigador Reardon (Edmond O'Brien), contra as ordens de seu chefe, irá pesquisar o caso do Sueco, e descobrir uma intrincada rede de traições e crimes ligados à máfia, e a bela e dissimulada Kitty Collins (Ava Gardner), uma mulher que consegue ser tão fatal quanto sensual.

Baseado num pequeno conto homônimo de Ernest Hemingway, o diretor Robert Siodmak conta a história desses personagens em uma surpreendente série de flashbacks, que se tornarão cada vez mais reveladores até o final. Este foi o filme de estréia de Burt Lancaster que era trapezista, mas virou astro em função do seu pequeno, mas excelente papel como o Sueco.

Mas a grandiosidade do produto final se deve a direção estilosa e precisa do alemão Robert Siodmak, com seu estilo expressionista acertou a mão ao adaptar a linguagem enxuta de Hemingway para o cinema.

Indicada a 4 Oscars ( Direção, Roteiro, Música e Montagem), esta obra conta com atuações estupendas de seus protagonistas, e uma trilha sonora original de Miklos Rozsa digna de premiação.

"Hellinger (produtor) garantiu a trilha sonora que realmente afetaria ânimos ao contratar Miklos Rozsa, e a música é um elemento de extrema importância para criar suspense." VARIETY STAFF.

Não deixe de ver!

Antes que o Diabo Saiba que Você esta Morto (2007)

Sidney Lumet, com “Antes que o Diabo Saiba que Você esta Morto” comprova que idade não é obstáculo para fazer grandes filmes. Ele esta com 84 anos e em plena forma, e fez um dos melhores thrillers de sua carreira.


O filme mistura suspense, ação, mistério e certas dose de Tarantino na medida certa, fazia tempo que não me envolvia tanto em uma trama tão inteligente. O mais estranho é que o filme passou despercebido nos circuitos de cinema.

O filme narra a historia de dois irmãos malandros e mal sucedidos, que necessitando rapidamente de dinheiro conspiram para realizar um crime perfeito e sem nenhuma vítima. Eles não vão usar armas, violência e não querem arrumar problema algum. Mas quando um cúmplice ignora as regras e tudo perde o controle, os irmãos se vêem diante de uma série de acontecimentos nos quais ninguém sairá ileso.

Não dá para falar muito sobre a história com chance de estragar a surpresa do filme aonde as situações vão se complicando, é se tronam quase tragicômicas.

O filme é um trabalho preciso, inteligente e com excelentes interpretações de Phillip Seymour Hoffman e Marisa Tomei.

Mas o grande trunfo do filme é o roteiro extremamente inteligente e habilidoso de um certo Kelly Masterson, do qual nunca havido ouvido falar.

Com “Antes que o Diabo Saiba que Você esta Morto” temos a certeza que o velho Lumet de “Doze Homens e Um Destino”, “Rede de Intrigas” e “ Um Dia de Cão” ainda tem muito para nos dar.

Não deixe de ver!!!

terça-feira, 6 de julho de 2010

O Livro de Eli (2010)


Em 2010 o fim dos tempos parece dominar os cinemas. “ O Livro de Eli” é mais um deles.A historia se passa em um mundo pós-apocaliptico. Neste cenário encontramos Eli (Denzel Washington),um guerreiro solitário,que caminha por uma terra devastada no que um dia foi o território dos EUA.Ele segue em direção ao Oeste numa missão que ele não entende plenamente,mas sabe que tem de cumprir.Em seu poder,está a última cópia de um livro que ele protege ferozmente com a própria vida,pois ali está a única esperança para o futuro.Só Carnegie (Gary Oldman),um senhor da guerra que se auto proclamou chefe de uma cidade de ladrões e pistoleiros,entende o poder do livro, que segundo ele é a maior arma da humanidade, capaz de conduzir ao poder quem proferir suas palavras.E por isso mesmo,está decidido a apossar-se dele.Mas nada deterá Eli em sua missão para cumprir seu destino e trazer ajuda a uma humanidade desolada.


Afastados da Direção desde “Do Inferno” os irmãos Albert e Allen Hughes, nos transportam para um mundo de paisagens rebuscadas e extremamente sóbrias de um mundo pós apocalíptico. Mas com uma direção pesada o filme se torna uma experiência sufocante e deixa o espectador cansado ficando entre um filme de western de Sergio Leone ou de Samurai de Kurosawa.. A beleza esta na fotografia toda em tons de azul e cinza. Mas o enfoque espiritual, na verdade o único toque de originalidade do enredo, fica na superficialidade.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Amor Sem Escalas (2009)

Amor Sem Escalas (Up In The Air, 2009) inicia mostrando o dia a dia de Ryan Bingham (George Clooney), um Conselheiro de Transições de Carreira. Resumindo, ele é um executivo especialista em demissões,contratado por empresas em crise financeira que precisam mandar pessoas embora. Ele é o cara que vai chegar sem ser anunciado, se sentar numa sala reservada e começar a chamar as pessoas que serão dispensadas. As reações, claro, vão do desdém ao desespero, passando por choro e ameaças de morte.

Jason Reiman usa a crise financeira americana apenas como pano de fundo para algo completamente atemporal, o comportamento humano. Depois de anos fazendo este trabalho Bingham desenvolveu técnicas eficientes. Em sua mente já há um roteiro do que fazer em cada situação com respostas prontas e bem ensaiadas. Tudo para tornar o processo o mais humano possível, mostrando ao recém-desempregado que ele pode aproveitar aquele momento triste e tirar proveito para mudar sua vida e recomeçar.

Viajando de um lado para outro dos Estados Unidos, revezando check-ins de aeroportos e hotéis, Bingham tornou-se um ser metódico e impessoal (se você viaja muito a negócios, suas dicas de como sobreviver em aeroportos valem ouro!). Seu único hobby é acumular milhas. Aliás, mais do que um hobby, é uma obsessão. Não há uma azeitona que não vire milhagem. Suas experiências na estrada serviram também de inspiração para uma palestra motivacional para outros executivos. Nela, Bingham prega que você deve viver apenas com o que cabe em sua mochila, deixando de lado tudo mais, até mesmo família, amigos e casa. Bingham é um solteiro por natureza, sem laços ou ligações que possam amarrar a sua vida.

Tudo muda quando duas mulheres entram em sua vida. Quem vem primeiro é Alex (Vera Farmiga), uma versão de saias do próprio Bingham, que passa mais tempo viajando do que em sua casa. Igualmente sem comprometimentos, os dois abrem seus notebooks e começam a agendar encontros entre vôos e trocar mensagens pelos seus blackberries. A outra é Natalie (Anna Kendrick), uma jovem arrogante recém-saída da faculdade que desenvolveu um sistema de videoconferência onde as pessoas poderão ser demitidas sem que seja necessário deixar o escritório, o que deixa o processo ainda mais impessoal, mas muito mais lucrativo já que eliminaria todas as despesas com viagens. Este sistema põe em risco o emprego de Ryan. Ele passa então a tentar convencê-la do erro que é sua implementação, viajando com Anna para mostrar a realidade de seu trabalho.

São estes ingredientes que o diretor Jason Reiman, de “Juno” e do ótimo “Obrigado Por Fumar”, e o roteirista Sheldon Turner se valem para começar a mostrar os sentimentos escondidos do seu protagonista. Na companhia de Alex, Bingham revisita sua infância e acaba em um casamento. Com Natalie, mostra todo o seu profissionalismo que no início se confundia com uma falta de humanidade. Clooney mergulha de cabeça neste filme e mostra que está à vontade no papel.  A cada cena convence o espectador sobre sua opção, além de passar confiança ao funcionário que está demitindo.

Muito mais do que discutir sobre o desapego o filme coloca em xeque os relacionamentos.

O título nacional pode dar a impressão errônea de ser uma comédia romântica. Mas Amor Sem Escalas é mais do que isso. Pode até não ser o filme da sua vida mas é um filme que certamente vai te fazer parar e pensar no que você está fazendo com ela.

O Enigma de Outro Mundo (1982)


Outro dia revi com meu filho, Joshua, a refilmagem de “O Monstro do Ártico”, de 1951, intitulado “O Enigma do Outro Mundo” e dirigido pelo competente mestre do Terror, John Carpenter.


O filme que é uma mistura de ficção científica com terror foi um fracasso na época de seu lançamento, talvez por ser excessivamente violento para os anos 80, mas como os filmes de Carpenter têm o mérito de conquistar fãs com o passar do tempo. Este não foge a regra e se tornou Cult.

O filme se desenrola na remota Estação 4 do Instituto Nacional de Ciências dos Estados Unidos, na Antártida, onde vivem e trabalham 12 homens entre cientistas e operários.Numa manhã eles têm contato com um norueguês que tenta de todas as maneiras matar um cão, tanto que invade a estação e atira até nos americanos,e por esta razão acaba sendo morto. Na busca de respostas um grupo se dirige para a estação norueguesa a fim de esclarecer o porque desta atitude. Chegando lá encontram um cenário de caos e violência absoluta, descobrem que o grupo havia descoberto um ser alienígena submerso na neve há mais de 100 mil anos. Gradativamente concluem que estão diante de um alienígena que pode se transformar em uma cópia exata das suas vítimas. Isto significa que, membros da equipe podem ser mortos e a cópia assumir o lugar deles.

O filme é estrelado por Kurt Russell, especialista em filmes de ação dos anos 70, que estrelou, também de John Carpenter, a “Fuga de Nova York”. Sua frase a certa altura do filme resume o que espera a todos: "Eu sei que sou um ser humano. E se vocês todos forem essas coisas, me atacariam agora, portanto alguns de vocês ainda são humanos. Esta coisa não quer aparecer, quer esconder-se numa imitação. Lutará se for preciso, mas aqui fora é vulnerável. Se nos assimilar não terá mais inimigo, não haverá ninguém para matá-la. Então terá vencido. Vem aí uma tempestade, dentro de seis horas. Veremos quem é quem".

Outro nome forte no elenco, na parte técnica, é do mestre Ennio Morricone, este compôs a trilha sonora do filme dando mais tensão ainda nos momentos chaves. O que mais chama atenção são os efeitos especiais, especificamente, os efeitos de maquiagem, revolucionários para época até, que foram inclusive, acusados por alguns de serem “escatologicamente exagerados”. Os responsáveis pela maquiagem, Bob Bottin e Stan Winston, criaram as formas do vírus visualmente muito fortes: bizarras, deformadas, sangrentas, gosmentas. Para os fãs do cinema fantástico, um espetáculo. Para os de estômago mais fraco, bastante repugnantes. E ele não faz questão de esconder isso, muito pelo contrário, faz vários closes e takes demorados nos monstros.

O filme perdeu um pouco do seu impacto por ter sido muito copiado. A edição em DVD é de colecionador e traz vários extras, sendo, o melhor de todos, um documentário de 80 minutos intitulado “John Carpenter’s The Thing: Terror takes Shape”.

Recomendo para fãs de Terror e sci-fi.